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domingo, 14 de dezembro de 2014

A Umbanda precisa despertar, se impor e se reajustar nessa era tão sombria

A Umbanda precisa despertar, se impor e se reajustar nessa era tão sombria
A Umbanda precisa despertar, se impor e se reajustar nessa era tão sombria

Ou a Umbanda desperta ou acabará no esquecimento e incompreensão



A mediunidade é algo incompreendido, sempre foi e sempre será, mesmo com todas as pregações, estudos e definições. Em primeiro lugar, pelas limitações humanas em perceber as coisas. Segundo, pelas incontáveis teorias, crenças que se chocam e confusões. Por fim, a relutância do próprio indivíduo em aceitar o que sente, em acreditar em algo que não consegue enxergar ou compreender.


Cada crença tem uma forma de avaliar fenômenos e se tratando de mediunidade não é diferente. A Umbanda hoje em dia quer de toda forma se agarrar nos ensinamentos de Kardec, há até cursos em templos e terreiros utilizando-se de textos do kardecismo, mas, mesmo sabendo que a mediunidade humana é igual, a forma de senti-la é diferente, dependendo do inconsciente a que a pessoa está conectada. Assim a mediunidade "mauricinha", estilo europeu e "alfabetizada" do kardecismo, com sua alta dose de cristianismo, pode até servir de respostas pra muitos, em especial que se identificar com o estilo e estudo de Alan Kardec, mas, a verdade, é que a concepção espiritual da Umbanda não só é diferente, quanto mais enigmático.

E quando eu uso esses temos aqui, não estou utilizando de uma linguagem pejorativa, ofensiva ou vulgar, estou apenas tentando deixar mais claro o que as penso sobre o tema, mas, volto a afirmar que tenho profundo respeito a doutrina espírita e acho ela de grande valia pra quem se identifica com ela. Assim como o protestantismo, o catolicismo e qualquer outro seguimento, terá sempre seus adeptos que se encaixam bem a suas pregações. Apenas o que afirmo, nesse tom, talvez simplista ou limitado, é que os moldes kardecistas jamais vão servir pra Umbanda, da mesma forma que os moldes da Umbanda nunca irão servir para quem se identifica com o Espiritismo. Por muitos motivos, mas, em especial por dois que destaco aqui: primeiro que a Umbanda é mais plural, mais livre, mais solta e menos limitada; segundo que a Umbanda tá muito mais ligada a natureza, magia e sentidos que tocam a alma das pessoas que o kardecismo.

Quando falo em liberdade, me refiro as limitações bíblicas que o Espiritismo está embasado e a Umbanda não. Apesar de ter alguns movimentos, que querem "se limpar" do africanismo, como que renegando ritos, liturgia e princípios ancestrais, passassem a ser vistos com mais respeito e aceitação. Assim inventou-se as tais "mesas brancas", Umbanda "Branca" e muitos outros sincretismos, misturas que tentam se sentir melhor, como que se encaixasse mais com o cristianismo. Mas, a Umbanda Original, é mais livre, não precisa propriamente das pregações bíblicas pra pregar amor, união e verdade. Tem ela própria em conhecimentos ancestrais o foco no amor a natureza, respeito aos irmãos, honra aos ancestrais e um brilho próprio que é o de buscar desenvolvimento espiritual, cumprindo sua missão na Terra.

Porém com a sobreposição de crenças europeias dominadoras, patriarcais, a Umbanda perdeu boa parte de sua essência. Hoje é um movimento reformado, muito mais deformada do que reajustada. Perdeu sua essência, seu prisma, seu brilho e seus conhecimentos sagrados. A Umbanda não precisa dos santos católicos pra existir, apesar de respeitá-los, poder cultuar em conjunto, conviver no amor as criaturas e a criação, mas, não se sufocar com pregações, preconceitos e distorções. A Umbanda não precisa de pirotecnias ou de coisas que gerem pavor. A Umbanda não pode continuar pra sempre como um "balaio de gatos" onde todo tipo de crendice seja visto como "diversidade necessária", na verdade ela tem que ser decodificada. Não é possível, além de ser ridículo, que um sacerdote esteja num templo com um seguimento hoje e amanhã esteja pregando em outro, alegando que cada linha tá separada! Isso é falácia, demagogia e bagunça. O que cada mestre tem que fazer é buscar sintetizar, filtrar e criar sua doutrina unificada, uma proto-síntese, sem patacoada. Não se iludam com esse papo de agradar a todo mundo, pois na verdade, o que se busca é poder, não perder clientes e visando o lucro, pra vender cursos variados, produtos e livros.

O Ifá é o livro sagrado da Umbanda, jamais será a Bíblia. A ancestralidade bíblica, se funde ao Ifá, ao Alcorão, no que se refere a evangelização do homem e a revelação sagrada dos desejos do Criador, mas, jamais deve se sobrepor, se impor e dominar. A África tem sua ancestralidade, assim como o Brasil, as Américas, a Europa e a Ásia. Nenhum povo pode sufocar outro, se dizendo mais culto, mais soberano ou melhor.

A Umbanda é mais forte do que se propaga por ai. Hoje foi sufocada por falsos líderes, como também por líderes covardes ou egoístas que apenas viram seu lado. Mas, a Umbanda tem um pé em todos os continentes, absorve desde a ancestralidade africana, indígena, europeia, asiática e árabe, a conhecimentos que vão além da primitividade iorubá ou nagô. A Umbanda, assim como o Candomblé (seu irmão gêmeo), o Palo, o Vodú, a Santeria e todos os seguimentos afros, tem mais poder, mais conhecimento e mais a ensinar do que muitos enxergaram até hoje.

Carlinhos Lima

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