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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

O amor e a tradição humana de sofrer por alguém

“Tô sofrendo de uma doença chamada: Saudade.” — Clarice Lispector.

"A beleza é esse mistério bonito que nem a psicologia nem a retórica não decifram". - (Jorge Luis Borges)


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A maioria das pessoas, se questionada sobre o que é o amor, ou o que é estar enamorado, descreveria um sentimento de paixão sexual e desejo, com um matiz de obsessão. De fato, essas são forças fortes (sem qualquer redundância) no ser humano, mas, a meu ver, dizer que o amor
é isso é, no mínimo, uma visão simplista e ingênua da coisa. Caso assim fosse, não poderíamos falar de sentir amor por um irmão, por um amigo, pelos pais, ou pela natureza.

Na tradição judaica o amor não é um ideal, uma convicção, um princípio ou um belo conceito, mas sim uma obrigação, um dever, uma responsabilidade e uma ordem, como deixa entrever o versículo “Ama ao teu próximo como a ti mesmo” (Levítico 19:18).

A vontade do ser humano em querer cuidar, proteger e evitar o sofrimento da pessoa amada é amor, pura e simplesmente. Nesse elemento central componente do amor está pressuposto um sub-elemento: o do respeito. Por questões inerentemente humanas, não conseguimos sentir o desejo de cuidar e proteger alguém se não respeitamos essa pessoa minimamente.

“Cada história tem um final. Mas, na vida, cada final é um recomeço.” — Grande Menina, Pequena Mulher.

“Desculpa meu jeito, meu mal jeito, falta de jeito.” — Clarice Falcão.

O problema da mulher com M (de mania) é muito, sente muito, ama muito, o ciúme é muito, fala muito, e briga muito. Enfim, só suporta, quem gosta muito!!!

Tristeza para o Candomblé, por causa de rusgas desnecessárias na Bahia: 'Para lá não volto mais', diz Mãe Stella, sobre saída do Afonjá em meio a conflito

A ialorixá Maria Stella de Azevedo Santos -
Foto: Divulgação

Brigas no terreiro


A ialorixá Maria Stella de Azevedo Santos, 92 anos, a Mãe Stella de Oxóssi, se manifestou sobre a polêmica envolvendo sua saída do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, que coordena desde 1976. Ela está morando em Nazaré, a 216 km de Salvador, acompanhada da esposa, a psicóloga Graziela Domini, 55 anos. “Para lá, não volto mais”, declarou, em entrevista ao jornal A Tarde. A situação está conturbada entre Graziela e a comunidade do terreiro. O obá odofin (ministro de Xangô), Ribamar Daniel, presidente da Sociedade Cruz Santa do Afonjá, entidade civil que mantém o terreiro, relata que a psicóloga pagou seguranças armados para fazer a mudança da ialorixá. “Estou transtornado com essa situação. Meu sentimento é de pesar, dor e angústia”, afirma. Mãe Stella afirma, porém, que não quer retornar. “Lá é muito tumultuado. Não estou com vontade de voltar mais. Eu saí porque estava muita pressão [estavam] querendo botar filho de santo para fora. Aqui dou uma descansada, fico longe disso”. Ao ser questionada sobre o conflito entre os outros filhos do Opô Afonjá e Graziela, ela afirmou: “Para você ver o que é loucura de gente, meu filho!”. Iniciada para Iemanjá, Graziela é filha do terreiro há 20 anos e ocupa o cargo de iyá egbé (mãe da comunidade), que tem a função de aconselhar a comunidade. Ela não é bem aceita desde que foi morar com a sacerdotisa, com quem está desde 2005. Graziela foi acusada de retirar móveis e vender obras de arte da casa, de fechar o Museu Ilê Ohun Lailai, que foi criado em 1982, e de substituir a sacerdotisa em rituais reservados. As denúncias são relatadas em uma carta assinada por 71 membros do terreiro. De acordo com Ribamar Daniel, houve revolta pela mudança de Mãe Stella, o que resultou em denúncias contra a esposa de Mãe Stella na Justiça. Na ação, a comunidade pede que um cuidador seja nomeado para acompanhar a líder espiritual e administrar sua vida. Ele conta que já presenciou agressões verbais de Graziela contra a sacerdotisa e que a psicóloga comprou uma sepultura para ela. “Ela acaba a autoestima de Mãe Stella, diz que é velha, que ia ficar cega e morrer”, afirma. Procurada, Graziela Domini negou que tenha vendido obras de Carybé que compõem o patrimônio do terreiro, mas informou que as esculturas serão leiloadas. “Preciso manter ela”, disse. Ela disse que enviaria documentos ao A Tarde comprovando a união estável, mas mandou somente uma declaração, assinada por uma tabeliã do 12ª ofício de notas, onde a ialorixá estabelece que as decisões sobre sua saúde serão tomadas em conjunto com Graziela. “Eles não podem tirar minha esposa”, afirmou, garantindo que Mãe Stella “está lúcida”. Sobre sua participação nos jogos de búzio, ela cita a baixa visão da ialorixá, que sofre com aterite temporal (inflamação nas artérias). “Sou os olhos dela. Eu digo a posição queda dos búzios e ela interpreta”, relatou. “Sou uma pessoa que não preciso de nada, sou uma monja, tenho casas, fazenda. Não preciso de Mãe Stella”. A psicóloga afirma que cinco homens, filhos do terreiro, expulsaram da casa e o que teria causado uma das recentes internações da ialorixá. “Depois disso eu proibi visitas”, disse. Ela informou que comunicou à Delegacia do Idoso e à promotora Lívia Vaz, do Ministério Público da Bahia (MP-BA), que iria viajar com Mãe Stella para Nazaré. “Ela não é uma instituição pública, é um ser humano com vontades. O papa se desligou, Mãe Aninha se desligou, foi para o Rio de Janeiro, e ninguém morreu por isso”, disse Graziela.
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