Diga não a intolerância religiosa
Quando se fala em intolerância religiosa ou perseguições as crenças, sempre culpamos facilmente os perseguidores, também com intolerância sem avaliar se algo nas crenças e religiões não causaram a perseguição. Por exemplo no filme e história (The Crucible (As Bruxas de Salém (título no Brasil e em Portugal)) é um filme norte-americano de 1996, do gênero drama, dirigido por Nicholas Hytner. É baseado na peça de mesmo nome de Arthur Miller sobre os fatos históricos envolvendo o julgamento das Bruxas de Salém.) Percebemos na história religiosos fanáticos que perseguem pessoas acusados de bruxaria.
No entanto, o que passa despercebido é que as próprias mocinhas do inicio do filme são mais responsáveis e culpadas por esta perseguição que os próprios religiosos. Primeiro elas se reúnem de forma insana, onde a mais cruel e devassa delas, até mata uma galinha faz pedidos ruins contra sua rival, que é mulher do homem que ela deseja.
Numa manhã de 1692 em Salém, Massachusetts as jovens da vila se reúnem na floresta com uma escrava africana chamada Tituba. A escrava inicia um ritual de magia branca com as garotas, orientando-as a evocarem os nomes dos homens com quem desejam se casar. Uma jovem chamada Abigail, entretanto, inicia um ritual de magia negra, matando uma galinha e bebendo seu sangue enquanto pede pela morte da mulher de John Proctor, o homem que ama. As jovens dançam e correm pela floresta quando são surpreendidas pelo Reverendo Parris, o tio de Abigail. As garotas fogem assustadas e, no meio da correria, Betty, a filha de Parris, acaba caindo inconsciente no chão.
Ou seja, captaram o que eu quero dizer aqui? Que a maldade e mau uso de conhecimentos, aliado a espetáculos, é que gera todo desentendimento e perseguição. Com meninas endiabradas, se passando por pessoas que viram o Diabo e tudo mais, isso despertou a perseguição... o que quero dizer é que pessoas como a jovem chamada Abigail, tá cheio no meio das religiões. Pessoas espetaculosas, mentirosas, egoístas e que não se contentam com a magia branca, mas, usam a magia negra pra ter efeitos maiores e mais rápidos.
Foram os espetáculos que destruíram a imagem dos cultos afro-brasileiros, da Wicca e de tantos outros. Falsos médiuns, médiuns gananciosos, propagandas que não podem ser cumpridas e tirania. As pessoas não respeitam o Sagrado pois estão escravas do Dinheiro.
Essa história de "trago seu amor em 24 horas" ou "resolvo todos os seus problemas' é uma grande mentira maligna, que vemos nos grandes centros. Ninguem resolve o problema de ninguém, apenas auxilia.
Ifá, é um oráculo fantástico, com poder sagrado que pode curar, resolver questões amorosas e tantas outras, mas não de forma espetaculosa ou inconsequente. O que ocorre é que os odus nos revelam nosso pontos fracos e fortes, nossas falhas, o que temos que mudar, para assim através de uma ritualistica, prudente, calma, correta e sensata, corrigir nossa energia, nossa bioenergia, nos alinhar a ancestralidade e cumprir preceitos necessários.
Perceba que até Jesus o Mestre dos Mestres, precisou ser batizado por outro enviado. Assim, precisamos de acalentar, apaziguar, iluminar e descobrir nosso orí, quando temos que buscar entendimento sobre nós mesmos. A Umbanda Astrológica da mesma forma, revela-nos nossa essência, o que precisa ser reajustado e o que precisa ser podado.
Não existe ritualística que preste com pirotecnia e espetaculosidades. Da mesma forma que não existe o sagrado no puritanismo, na imposição de dogmatismos, só porque eles pareçam mais domesticados. Nem sempre o primitivo é ultrapassado ou sem utilidade. Não é sempre que o novo e o moderno trás o que precisamos. Um dos pilares da Umbanda e Candomblé, é a tradição. Não podemos jogar os preceitos e tradições dos orixás por terra pra nos render ao Kardecismo, só porque se quer branquear a Umbanda.
O primitivo é um espetáculo, original e necessário, o dogmatismo, sincretismo só pra agradar pessoas inseguras que acham que a Bíblia é a fonte de todos os conhecimentos, só sufoca a Umbanda. A tradição resiste ao tempo na originalidade e não em adaptações demagógicas. O correto é: sem espetaculosidades e sem puritanismos. Parem de prometer o que não podem cumprir e parem de tentar reformular pra agradar!
A Umbanda cai por dois lados, pela poda feita pelos dogmatismos e preconceitos cristãos e pelo populismo dos milagreiros. Por isso há hoje uma explosão de centros de Zé Pilintras, de Pombagiras e Exus, pois são mais populares, prometem o que não podem cumprir e usam nomes que não podem usar. Há mais mistérios nessas entidades do que imaginam, parem de divulgar aquilo que só faz mal aos orixás. E parem de sufocar a Umbanda com Kardecismo e Bíblia, eles não tem nada em comum.
Não sou contra o Kardecismo, nem contra a Bíblia, mas, sou contra hipocrisia, mentira e ajustes ridículos. A Bíblia nem com o maior malabarismo teológico do mundo, jamais se adaptará a Umbanda, nem o Kardecismo jamais será Umbanda...
Carlinhos Lima.