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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Divindades Ancestrais, qualidades de Exú - o Senhor dos caminhos


Uma das divindades ancestrais iorubanas que mais escandalizou, confundiu e exasperou aos primeiros catequistas árabes e europeus em África foi o Imole Esu, sobretudo porque eles, reagindo aos estímulos de seus próprios subconscientes e aos tabus sócio-religioso-culturais da época, superestimaram um dos atributos deste Imole, qual seja, o de estimulador e regulador da natural atividade sexual, sem a qual não há procriação animal ou humana. À época, esses primeiros catequistas não se deram conta que estavam imergindo em uma civilização africana autóctone e guerreira, agrícola e pastoril, aonde a atividade sexual regulamentada pela sociedade não era um "pecado" e sim uma benção sempre solicitada às Divindades porque significava a segurança de uma grande descendência. Sim, o mesmo conceito bíblico do "crescei e multiplicai-vos"! 

Mas, na sua feroz repressão a este atributo e à sua representação fálica, esses catequistas "esqueceram-se" das outras atividades primordiais desse Imole! E esse "esquecimento" influenciou duradouramente até aos iorubanos escravizados e "catequizados" no Brasil, fazendo com que eles pouco repassassem aos seus futuros descendentes e/ou dependentes religiosos outros atributos mais importantes que haviam por detrás daquela representação fálica agora repudiada. Do Mito da Criação Universal, segundo os Iorubás.

É em respeito ao conceito ancestral que os Iorubanos tinham de suas Divindades que temos aqui os principais 16 (dezesseis) títulos descritivos dos atributos que o Imole Esu tinha. Também só nos referiremos aqui a Exu por seu título ancestral iorubano de Imole ou "Ser Sobrenatural de Categoria Divina", para bem diferenciá-lo do conceito de Satã, Caipora ou Êxú de Tronqueira que a perda de valores religiososo africanos, causada sobretudo pela escravidão e o sincretismo forçado com o Catolicismo e o Islamismo, permitiu insinuar-se até na mente de muitos que se dizem "Pai de Santo".

Assim, com o devido respeito, começamos por saudar ao Imole Esu:
Mo ju iba, Esu Oba Baba awon Esu! Iba se, o! Saudações, Esu Senhor e Pai de todos os Esus! Que esta homenagem se cumpra! E pedimos-lhe Ago ou "licença" para citar o seu Orisirisi ou "Contos Imemoriais" onde se fala de seus dezesseis maiores atributos, sobretudo ligados ao Culto de Ifá, e que são tão negligenciados hoje em dia até pelos seus El'esu ou "Sacerdote de Exu"!

Eis aqui seus dezesseis títulos e suas correspondentes "qualidades", os quais sempre foram ligados aos 16 Odu ou "Fundamentos de Tradição" dos Itan Ifa ou "Contos de Ifá" de Ile Ife ou "Cidade Santa de Ifé":

1. Esu Yangi   -------------- o Senhor da Laterita Vermelha 
2. Esu Agba   -------------- o Senhor Ancestral 
3. Esu Igba Keta --------- o Senhor da Terceira Cabaça 
4. Esu Okoto -------------- o Senhor do Caracol 
5. Esu Oba Baba Esu -- o Rei e Pai de todos os Eshus
6. Esu Odara --------------- o Senhor da Felicidade 
7. Esu Osije ---------------- o Mensageiro Divino 
8. Esu Eleru ---------------- o Senhor da Obrigação Ritual 
9. Esu Enu Gbarijo ------ o Senhor da Boca Coletiva 
10. Esu Elegbara -------- o Senhor do Poder Mágico 
11. Esu Bara -------------- o Senhor do Corpo 
12. Esu L'Onan ---------- o Senhor dos Caminhos 
13. Esu Ol'Obe ----------- o Senhor da Faca 
14. Esu El'Ebo ----------- o Senhor das Oferendas 
15. Esu Alafia ------------- o Senhor da Satisfação Pessoal 
16. Esu Oduso ----------- o Vigia dos Odus 
Pouca semelhança entre estes nomes e aqueles que, hoje em dia, se lhe atribuem! Somem a estes nomes Assim, tendo visto as denominações, vejamos agora as qualificações. Esu Yangi é a sua primeira forma mais importante e a que lhe confere a qualidade de Imole ou "Divindade".

Imole Esu foi criado diretamente por OLORUN, mas não da própria e primordial matéria divina, da qual Ele já havia feito Obatala e Oduduwa, o Casal Divino, mas sim daquela matéria que iria formar toda existência genérica subseqüente, ou seja, a Eerupe ou "Lama", da qual seria criada também toda a Humanidade que um dia Ebora Iku ou a "Morte" devolverá a essa mesma lama.

Então, Imole Esu é o primeiro Ser criado da Existência Genérica e o símbolo por excelência do Elemento Criado. Por isso ele é chamado também de Esu Agba ou "Eshu Ancestral". Assim, os seus assentamentos ou sacrários mais antigos e tradicionais eram um simples pedaço de Laterita vermelha enfiado no solo, na Orita Meta ou "Encruzilhada de Três Caminhos". Algumas vezes, a Laterita vermelha estaria cercada por 7, 14 ou 21 hastes de ferro, mas deste metal bem enferrujado que é o "esqueleto" do metal novo.

Como os mitos da Criação, segundo os Iorubás, demonstram que Imole Esu foi criado logo após Obatala e Oduduwa por OLORUN, ele é, portanto, o Igba Keta ou a "Terceira Cabaça" ou o "Terceiro Criado", sendo símbolo da Existência Diferenciada e, em conseqüência, o elemento dinâmico que leva à propulsão, à mobilização, à transformação e ao crescimento. Nesta variante múltipla, ele é o princípio dinâmico que participa forçosamente de tudo o que virá a existir. E assim foi-se processando a Criação, segundo o Credo Iorubá.

Os Orisirisi Esu continuam contando como Imole Esu logo descontrolou-se e começou a devorar toda a existência, sendo obrigado por Orunmila, após uma longa perseguição, a vomitar tudo de volta; entretanto, tudo em maior quantidade, muito melhor e mais perfeito do que quando o ingerira. E, tendo sido picado em milhares de pedaços pela espada de Orunmila, transformou-se no "Mais Um" ou o "Um multiplicado pelo Infinito", no Esu Okoto ou "Eshu do Caracol", cuja estrutura óssea espiralada parte de um ponto único, abrindo-se para o Infinito e no qual os Iorubanos conceituavam o crescimento e a multiplicação.

Desta forma, Esu Yangi também multiplicou-se “infinitamente" e, tendo se tornado no símbolo da restituição e da recomposição, tornou-se ele próprio no Oba Baba Esu ou "Rei" e o "Pai" de todos os outros Imole Esu que dele seriam e foram "cortados” e que para sempre acompanhariam os Imole e todos os mortais. Os Ese Itan Ifa ou "Versos dos Contos de Ifá", contam-nos a razão da denominação das outras variantes múltiplas de Imole Esu.

Numa explanação livre dos versos desses Contos, no que se refere ao Imole Osetuwa, podemos ler que quando os Imole vieram à Terra para coadjuvar Obatala e Oduduwa a reger a Criação, OLORUN ensinou-lhes tudo quanto precisavam saber para que a vida na Terra fosse Odara ou "Feliz". Mas, apesar de os Imole fazerem tudo quanto lhes tinha sido prescrito por OLORUN, sobrevieram na Terra todos os tipos de desgraças, sobretudo uma terrível e prolongada seca.

Os Imole reuniram-se e chegaram à conclusão de que os fatos desastrosos estavam além da sua compreensão e que deveriam mandar alguém, sábio e instruído, à presença de OLORUN para que Este lhes mandasse a solução dos problemas que afligiam a Terra, agora sob o risco de total desaparecimento. Orunmila, o Orixá da Divinação Sagrada, partiu nessa missão e data daí o fato de que ele passou a ser um dos três Imole que podem apresentar-se perante OLORUN e suportar-Lhe o esplendor.

Ao lhe ser permitido facear OLORUN, Orunmila ouviu Dele que a razão para todas as desgraças que assolavam a Terra estava no fato de que eles, os Imole, não haviam convidado para morar no Ode Aiye, ou seja, a "moradia dos Imole na Terra", ao Ser que se constituía no décimo sétimo dentre eles. Quando assim o fizessem, tudo voltaria a frutificar! E foi assim que Orunmila tornou-se o "Arauto de OLORUN" para a ligação dos dois mundos, o Orun ou "Além" e o Aiye ou "Terra".

Retornando ao Ode Aiye, Orunmila começou a procurar pelo "décimo sétimo", o qual deveria ser convidado a morar com eles. Depois de muitas tentativas infrutíferas, decidiram que uma poderosa Aje ou "Senhora do Feitiço" - a Ebora Osum - deveria conceber um filho de Oso ou "Senhor do Poder Mágico", filho esse que receberia, ainda no ventre materno, o Ase ou "Força Mágica" de todos os Imole por imposição conjunta de suas mãos, para que se transformasse assim no Mensageiro por excelência das Oferendas dos Imole e se acabassem as desgraças que assolavam a Terra. Assim foi gerado um filho do "Feitiço com o Poder Mágico", o qual recebeu o nome de Osetuwa e este novo Orixá Gerado passou a tentar cumprir o seu dever de mensageiro, mas sem obter absolutamente nenhum sucesso! Até que um dia, em aflição, lembrou-se de procurar o quase desconhecido Imole Esu Odara ou "Eshu da Felicidade", para pedir-lhe conselhos e ajuda.

E Osetuwa dirigiu-se a Esu Odara e pediu-lhe a ajuda para levar as Oferendas dos Imole a OLORUN. E Esu Odara respondeu a Osetuwa: -" Como??? Jamais pensei que você viesse me avisar antes de partir! Por este seu gesto, hoje o Orun lhe abrirá as portas."- E, então, Osetuwa e Esu Odara puseram-se a caminho e partiram em direção aos portões do Orun.

Quando lá chegaram, as portas já se encontravam abertas! Osetuwa, então, pôde entregar as Oferendas dos Imole a OLORUN e Este, aceitando-as por virem através de Imole Esu, deu a Osetuwa ..."todas as coisas necessárias à sobrevivência do Mundo". Osetuwa voltou ao Aiye ou "Mundo Material" e tudo frutificou novamente! Tão gratos lhe ficaram os Imole que o cobriram de presentes e o celebraram como o único dentre eles que conseguira levar as Oferendas ao Orun. Mas Osetuwa, com humildade, levou todos os presentes que recebera e deu-os todos a Esu Odara.

Quando os deu a Esu, o mesmo disse: -“Como??? Há tanto tempo eu entrego os sacrifícios e nunca houve ninguém para retribuir-me a gentileza!"- -“Você, Osetuwa, todos os sacrifícios que eles fizerem sobre a Terra, se não os entregarem primeiro a você para que você os possa trazer a mim, farei com que as Oferendas não sejam aceitas!"- E foi assim que Osetuwa tornou-se em um poderoso Akin Oso ou "Manipulador do Poder", duplamente por seu nascimento e pela confirmação de Imole Esu Odara, por ter mostrado a todos os Imole que Esu era realmente o Osije ou "Mensageiro Divino" e que também tinha o poder de aceitar ou recusar os sacrifícios rituais porque era o verdadeiro Eleru ou "Senhor da Obrigação Ritual".

A partir de então, os seiscentos Imole decidiram dar ao Imole Esu um “pedaço de suas próprias bocas” para que ele pudesse falar por todos, quando fosse perante OLORUN, pois era patente que ele era o outro Imole, além de Orunmila, que podia apresentar-se perante OLORUN. Imole Esu, muito sabiamente, “uniu todos esses pedaços em sua própria boca” e assim tornou-se o Enu Gbarijo ou "Boca Coletiva" de todos os Imole. Desde então, como retribuição de Esu aos outros Imole, cada um destes possui ao seu lado o seu Esu Okoto ou "Eshu do Caracol", o "Mais Um", a quem ambos delegam os seus poderes. Desta forma, por delegação espontânea de todos os Imole, Esu tornou-se também o Elegbara ou "Senhor do Poder Mágico".

E como toda a Criação é também regida pelos Imole, todo o Ser vivente no Aiye ou "Mundo", assim como possui o seu Olori, ou seja, o seu Orisa ou sua Ebora, que são o "Senhor" ou a "Senhora" de sua Ori ou "Cabeça", também tem que ter o seu Esu Bara ou "Esu do Corpo", pois Bara vem de Oba=Senhor + Ara=Corpo. Isto explica muitas coisas que são atribuídas nos cultos afro-brasileiros a Exú, pois que ele é responsável pela natural atividade sexual, que é um atributo do corpo, pois sem ela não há procriação, que é multiplicação e abundância, quer seja vegetal, animal ou humana. E, para isso, Imole Esu, sendo o Elegbara e o Bara, recebeu de OLORUN os instrumentos-símbolos desta sua ação dinamizadora e frutificadora: - o Ado Iran, a Cabaça arredondada de longo pescoço, o recipiente de poder mágico que contém inesgotável Ase ou Força Mágica, bastando ser apontada a um objetivo para emanar e propagar esse poder mágico; - o Gorro ou Penteado tradicional em coque de ponta alongada e caída, terminada na forma da glande peniana humana, símbolo da Reprodução.

Daí ser o pênis humano, em ereção, uma de suas mais populares e ancestrais representações, feitas em pedra, como as da localidade africana de Tondediru, ou, mais simplesmente, modeladas em barro à beira dos caminhos. E este foi, como já dissemos no início, um dos aspectos de Imole Esu que mais escandalizou os missionários de outras religiões, que então dispararam contra ele todas as suas “armas”. Nunca atentaram para o fato de que em nenhum dos milhares de Versos de Contos de Ifá, Imole Esu jamais - repitamos - jamais assume a função de procriador e mais: suas diversas formas multiplicativas têm por origem a divisão do seu próprio Ser em “milhares” de partes pela espada de Orunmila. Mas Imole Esu tinha uma outra função capital que despertou o interesse dos catequistas das novas religiões, que nela viram a oportunidade otimizada para a destruição de sua importância entre os Iorubás: a sua função de Executor Divino.

Como Imole Esu é o Mensageiro Divino e o Senhor do Carrego Ritual prescrito por Orunmila-Ifa, ele é também o L'Onan ou "Senhor dos Caminhos", tanto dos benéficos (Ona Rere), quanto dos maléficos (Ona Buruku), que ele abre ou fecha aos mortais conforme verifique se os sacrifícios prescritos aos fiéis foram ou não cumpridos, ajudando aqueles que os cumprem e punindo os que, devidamente avisados, não o fazem. Por isso, ele é também o Ol'obe ou "Senhor da Faca", significando ser o Executor dos Sacrifícios, mas também, no sentido ritualístico, "Aquele que tem o poder de vida e morte".

À Obe ou "Faca", Imole Esu junta ainda a sua Opa ou "Bolsa", na qual carrega os seus objetos ritualísticos mágicos, entre eles os "fragmentos de cabaças", símbolo do Ser destruído mas, por sua vez, destruidor, talvez um dos seus emblemas mais temidos e somente manipulados por seus El'esu, ou seja, pelos Sacerdotes do Imole Esu. Por tudo isso, Imole Esu está sempre "do lado de fora", nos “caminhos”, onde tem seu lugar predileto, a Orita Meta ou "Encruzilhada de Três Caminhos", onde ele aceita, carrega, transporta e premia, mas, também, de onde vigia, adverte, recusa e pune.

Foi então que os primeiros catequistas de outras religiões passaram a pregar que todas as desgraças acontecidas aos fiéis dos Orisa Yoruba, merecidas ou não, derivavam da ação nefasta e indiscriminada de Imole Esu, o qual apenas faria o Mal pelo Mal. Por sua vez, o povo Yoruba escravizado viu nesta interpretação equivocada de Executor por Malfeitor, uma nova arma para se defenderem e passaram a ameaçar abertamente os seus inimigos com as artes punitivas do Imole Esu, que assim começou a transformar-se em "Êxú" e a sincretizar-se, nas mentes mais fracas, com a figura do "diabo” medieval católico.

Daí a ele começar a ser representado e apresentado como um Ser tenebroso e mau foi apenas a mesma “descida de ladeira” por onde escorregaram os sincrético cultos afro-brasileiros, notadamente a Umbanda Popular, até estarem lançadas as bases do “sincretismo dentro do sincretismo" e aparecer a Kimbanda que, na verdade, nada mais é que o "ponto mais alto da curva do desespero” a que foram lançados os povos escravizados no Brasil. Mas, na realidade, no Credo Iorubá, Imole Esu é o símbolo, não da subtração, mas sim da restituição que os humanos devem fazer, através de Oferendas, daquelas coisas que eram necessárias à sobrevivência do Mundo e que OLORUN deu aos Imole Osetuwa e Esu para salvá-la e não para destruí-la.

E é na execução das Oferendas com esta intenção, que só Esu Elebo ou "Senhor das Ofendas" é capaz de tornar aceitável a OLORUN, que está a "chave" que permite ao fiel alcançar o seu objetivo. E se conseguir alcançar o seu objetivo, naturalmente obterá também a satisfação (Alafia) dos seus anseios maiores; assim, deve agradecer também a Esu Alafia ou "Senhor da Satisfação Pessoal".

É sobretudo sob as múltiplas variantes de Bara, Enu Gbarijo, Elebo e Alafia que o Orisa Orunmila se utiliza do Imole Esu para poder atuar como o Arauto dos Awon Orisa sobre os destinos humanos na Divinação Sagrada de Ifá, quer através do Opon ou "Tabuleiro" e do Opele ou "Corrente de Ifá", quer através dos "Búzios". Por isso mesmo, os Odu ou "Fundamentos de Tradição" sempre aconselham a Pa Esu, ou seja, a apaziguar ao Imole Esu e não a tentar suborná-lo para ter um “malfeitor” às ordens.

Imole Esu é, pois, o Princípio Restaurador do Equilíbrio no Credo Iorubá. Daí as suas representações pouco conhecidas, à fora sua representação fálica, ora “fumando cachimbo”, simbolizando a absorção e a ingestão, ora “tocando flauta”, simbolizando a doação e a restituição. E assim, os Orisirisi Esu contam corno ele distribui generosamente crescimento e honras, “vomitando-os" após ter ingerido todo tipo de alimentos e bebidas rituais das Oferendas e como há um determinado elemento, o Aasaa ou "Fumo de rolo" picado que infalivelmente provoca essa inusitada transformação, multiplicação e restituição”.

Tudo isso ele assim faz em troca de somente três coisas: a coragem do fiel em tentar cumprir seu próprio destino; respeito do fiel aos Fundamentos de Tradição dos Orixás e a oferta de seu Ebo ou "Oferenda" específico que lhe é destinada no seu ritual próprio, o Ipade, cujo literal significado é justamente “ato de reunião de apaziguamento” e não para pedidos de destruições e vinganças aleatórias, como pensam aqueles que, na verdade, não conhecem a essência do Senhor Imole Esu, porque se esqueceram ou não conhecem mais as suas raízes espirituais ancestrais, ou, pior ainda, as renegam!

A oferenda Ebo é constituída de elementos materiais muito simples, mas de profundo significado, ao contrário do que se vê "despachado" pelas esquinas de nossas cidades e que quase não guardam relação alguma com o seu significado original: - Omi (a Água), a Oferenda por excelência, que fertiliza, apazigua e vitaliza tanto o Além quanto a Terra, especialmente se for a Omi Ato (água de chuva), a “Água-sêmen” do Céu! - Epo (o Azeite de Dendê): símbolo da dinâmica da realização, da descendência, relacionada com o Eje Pupo ou “sangue vermelho” ou essência do Vermelho dos elementos gerados; - Otin (bebida destilada branca): vinho de palmeira em áfrica e cachaça no Brasil, relacionada com o Eje Funfun ou “sangue branco” ou essência do Branco dos elementos geradores; - Iyefun (a farinha): qualquer farinha, a qual é símbolo do Eje Dudu ou “sangue preto” ou essência do Preto dos elementos gestantes e fecundos, como o Akasa, bolinho de pasta branca de milho deixado de molho, ralado e cozido, envolto na folha africana Ewe Eko, no Brasil, substitída pela "folha de bananeira".

Dito isto (e mais haveria), eis porque tão poderosa divindade sempre foi e ainda é cultuada e servida antes até que servidos e cultuados sejam os Orixás, em qualquer situação e lugar ... Remarquemos a mais que, especificamente no Ebo de seu Ipade, Imole Esu não recebe sangue animal e sim seu sucedâneo transmudado - o Epo ou "Azeite de Dendê". Assim, sem ferirmos a Tradição Ancestral, podemos afirmar que é um direito da Corrente Astral do Aumbhandan - A Umbanda Esotérica Iniciatica e astrológica - não se utilizar de sacrifícios de sangue, nem mesmo para preceituar tão poderosa divindade.

Usos e costumes ancestrais de outros povos, legítimos e fundamentados à sua época, podem muito bem serem transmudados em novos tempos, como já acontecia mesmo em África, aonde os Babalawos tinham, a seu critério, o poder de substituir os animais preceituados para oferenda por suas penas, escamas e couros, devendo o valor de mercado do animal a ofertar ser distribuído, em esmolas, entre os carentes de sua comunidade.

E, muito embora nas lendas populares, Imole Esu passasse a ser conhecido como "manhoso", “trapaceiro" e notoriamente "encrenqueiro", mormente se não for "apaziguado" por seu Ebo, a sua suposta imagem de malignidade decorre, na verdade, de ele ter o importante papel de Executor Divino, punindo aqueles que descuram as oferendas prescritas para eles, mas recompensando aqueles que as cumprem. Entretanto, ele nada faz por conta própria, servindo fielmente a OLORUN e ao Orisa Orunmila-Ifa.

Também, os Orisa e as Ebora podem convocá-lo para se utilizar da variedade de punições postas sob o seu comando. E isto porque, com imensa sabedoria, o Credo Iorubano ancestral prega que Orisa algum pune diretamente seus “Filhos", mesmo os transviados, os transgressores e os ofensores: isto é função do Imole Esu. Os Versos dos Contos de lfá dizem que Imole Esu é também encarregado por OLORUN para vigiar as ações de outras Divindades no Aiye ou "Terra". E isto só pode se dar, dizem os fiéis, porque ele é notável e notoriamente equânime no seu papel de Executor Divino.

É por tudo isso que todos os devotos de todas os Orisa e Ebora se voltam para Orunmila-lfa em tempos de dificuldades, buscando essa equanimidade e, a conselho dos Babalawo, oferendam a Imole Esu e, por seu intermédio, a OLORUN. Para que os Babalaôs não se excedam nas prescrição dessas oferendas, Imole Esu está sempre presente na Divinação Sagrada de Ifá, como o décimo sétimo Ikin ou "Coquinho de Dendê", o Olori Ikin ou "Senhor da Cabeça dos Coquinhos de Dendê Consagrados", o qual leva a sua efígie gravada. Por essa razão, este décimo sétimo lkin é também chamado de Oduso ou "Vigia dos Odu", do verbo Iorubá So ou "Vigiar", ou seja, colocado no Tabuleiro de Ifá em uma posição tão privilegiada quanto a do Babalaô, ele representa Esu Oduso que é o Vigia dos Odu ou "Signos-Resposta" do Sistema lfá e, conseqüentemente de suas verdadeiras interpretações pelos Babalaôs, pois todo o bom cumprimento do Iwa ou "Destino" do Consulente depende de se bem compreender a Mensagem que Orisa Orunmila quer transmitir ao Consulente.

Daí se compreender que a ligação do Imole Esu com o "Jogo de Ifá" é inquestionável. Assim, como vemos, Imole Esu não é nem mau nem tenebroso, antes, pelo contrário, freqüenta o Orun ou "Além", reporta-se diretamente a OLORUN e dialoga com os Imole ou Divindades e com os Onile ou Antepassados. Ele também não é indiscriminadamente vingativo , mas é o Transformador Divino que trata com equanimidade Divindades, Ancestrais, Babalaôs e Humanos por ordens de OLORUN. E nada executa por sua própria vontade, mas cumprindo fielmente as ordens de OLORUN e os ditames do Iwa ou "Destino" livremente escolhido por cada Ori Orun ou "Individualidade no Além" de cada fiel e, através de Orunmila-Ifa, cumpre também as ordens das Divindades.

E se ele é considerado “trapaceiro" e “encrenqueiro”, o é pelos culpados, porque ele é o fiscal de OLORUN junto aos Orisa e, ainda, o Vigia dos Babalaôs e do bom cumprimento das obrigações rituais e sacrificiais por cada Fiel. E se ele pode até matar, conforme se lê em diversos Ese dos Itan Ifá, é também ele que representa a Vida e a sua dinamização ou continuação, através do legítimo e natural prazer sexual que leva os humanos a procriar.

E se assim é há milênios, a Imole Esu só é devida a coragem de cada fiel em tentar realizar o seu Destino livremente escolhido antes de nascer, a sua Oferenda específica - o Ebo - do seu ritual Ipade e a nossa saudação, não de medo ou horror, mas de respeito, como a ele fez Osetuwa: — "Agba Esu, Mo ju iba ! Iba se o!“ — — "Esu Ancestral, presto-lhe minha homenagem!“- -“Oh! Que esta homenagem se cumpra!"

De parte de um dos Versos dos Contos de Ifá, o do Odu Obara Meji: Obara ni, ki ndojubole Ki n'ba buru, Ki Elegbara o jeki ngo lo Nje ikuderin Moforibale l'Elegbara. —"Obará Meji pediu que eu me prostrasse em reverência, cobrindo minha cabeça. Que eu deveria me prostrar e me cobrir em respeito, para que Elégbará me permitisse prosseguir em meu caminho de felicidade e riqueza. Assim, minha morte transformar-se-á em longa vida de alegria.

Portanto, curvo-me ante Elégbará!" — “ Por favor, peça a OLORUN que aceite esta oferenda e alivie meu sofrimento!"— Tó! (Assim seja!) Adupê, ó!
 

Olorun, criação dos orixás, os lados esquerdo e direito


"OLORUN, com seu próprio Hálito Divino, criou o Irunmole Orisa Orisanla, de Orisa (Ôrixá) + Nla (Grande), a "Grande Divindade Masculina da Qualidade do Branco". Em seguida, OLORUN criou a Igbamole Oduduwa, a Iyangba, de Iya (Mãe) + Ni Gba (que recebe), a "Grande Divindade Mãe da Qualidade do Preto". 

Ao Irunmole Orisa Orisanla e à Igbamole Oduduwa, OLORUN delegou os poderes para a geração e gestação de todas as condições para que os Seres existissem no Além e no Universo. Em terceiro lugar, com a Eerupe ou "Lama", mistura de Água e Terra, mas também vivificada por Seu Hálito e Centelha Divina (Fogo e Ar), OLORUN criou o Imole Esu Agba, o "Terceira Cabaça", ou "Terceiro Ser Criado" ou ainda, o "Esu Ancestral", o Imole da Dinamização, da Transformação e da Restituição, quer no Além ou quer na Terra-da-Vida e, portanto, portador de todas as Qualidades do Vermelho, do Preto e do Branco. 

O Imole Esu Agba é, portanto, o primeiro Ara Orun ou "Corpo do Além", ou seja, a "Primeira Individualidade Espiritual" a ser criada com o concurso da Matéria combinada: Fogo (Centelha Divina), Ar (Hálito Divino), Água e Terra (Eerupe, a Lama). Sua qualidade de "Terceiro Ser Criado" o constituiu em Osije ou "Mensageiro Divino" com permissão expressa de se apresentar perante OLORUN que somente receberá Oferendas se elas forem conduzidas por Imole Esu Osije. 

Em seguida, houve a Criação de todos os Awon Imole, os muitos "Seres Sobrenaturais de Categoria Divina", ainda criados diretamente por OLORUN, ou seja: Num primeiro momento da Criação, OLORUN criou os Awon Irunmole Orisa Funfun (os Seres Sobrenaturais Masculinos da Qualidade do Branco). Conheceram-se 50 (cinqüenta) deles que realmente portam o nominativo Orisa e que são considerados não gerados mas geradores; pertencem ao Oju Kotum (Lado Direito); ao Irinwo (Poder Gerador Masculino); à Iwa (Classe de Poder da Existência), expressado materialmente pela cor Funfun (Branca). 

O principal Irunmole Orisa Funfun é, como já vimos, Orisanla. Daí decorre seu maior título Obatala - de Oba (Senhor) + Ni (tem) + Ala ( a Veste Branca), ou seja, o "Senhor que tem a Veste Branca". Em seguida, vem o Orisa Funfun cujo título é Orunmila, porque dizem os Awon Babalawo ancestrais de Ile Ife, a Cidade Santa dos Iorubás, que este nominativo significa "Aquele que pode abrir o Além", provindo de : Orun (Além) + Emi (Eu) + Ela (Abrir). 

E é realmente Orunmila, o Orisa que responde à preces dos Humanos, através do A Da Ifa Fun ou "Criar Ifá para alguém" de sua Adivinhação Sagrada pelo Opon Ifa (Tabuleiro de Ifá) e o Opele Ifa (Corrente de Ifá). Desta forma, Orunmila-Ifa é o Arauto dos Desígnios de Deus para os Destinos Humanos e que, para isso, pode apresentar-se frente a OLORUN e suportar-lhe o magnífico esplendor. 

Num segundo momento da Criação, OLORUN criou as Awon Igbamole Iyangba Dudu (os Seres Sobrenaturais Femininos Grandes Mães da Qualidade do Preto), dentre elas a Iyangba Nanan Buruku ou a Grande Mãe Ancestral da Qualidade do Preto (dudu), ainda que por vezes se as chamem pelo termo Iya Mi ou "Senhora Minha". 

Elas pertencem ao Oju Kosi (Lado Esquerdo), à Igba (Poder Gestante Feminino), à Aba (Classe de Poder da Essência), expressado materialmente pela cor Dudu (Preta). Conheceram-se muitas delas que são consideradas as "não geradas" mas "gestantes". Entre elas podemos citar : Yemideregbe ou "Aquela que vem da Laguna" que, no Brasil, é conhecida como Iemanja ou "a Mãe dos Filhos-peixes". Do relacionamento mitológico dos Irunmole Irinwo Funfun com as Igbamole Iyangba Dudu, surgiriam outras duas classes de Seres Sobrenaturais considerados como Descendentes Masculinos e Descendentes Femininos desses relacionamentos: Os Omode Okunrin ou "Descendentes Masculinos" pertencem ao Ase (Classe de Poder da Realização), expressado materialmente pela cor Pupo (Vermelha), ou então, por múltiplas combinações das três cores-símbolos: Branco, Preto e Vermelho. Classificam-se junto ao Ojun Kotum (Lado Direito da Criação) e, apesar de não pertencerem exclusivamente ao Funfun (Qualidade da Brancura), são também denominados por Orisa Omode Okunrin ou seja "Orixá Descendente Masculino". 

As Omode Obirin ou "Descendentes Femininos" também pertencem ao Ase (Classe de Poder da Realização), expressado materialmente pela cor Pupo (Vermelha), ou então, por múltiplas combinações das três cores-símbolos: Branco, Preto e Vermelho. Classificam-se junto ao Oju Kosi (Lado Esquerdo da Criação), e, apesar de não pertencerem exclusivamente ao Dudu (Preto), são também tratadas por Ebora Iyami, porque este termo também pode traduzir-se por "Senhora" (Iya) "Minha" (mi), o que gerou muitas confusões posteriores entre os conceitos das Entidades Grandes Mães Gestantes (Iyangba Iyami = Minha Grande Mãe Ancestral) e o das Entidades Filhas Geradas (as Ebora Iyami = Entidade Feminina Senhora Minha), quando da transposição, durante o cativeiro no Brasil, da Teologia em língua Iorubá para as Lendas contadas em língua portuguesa estropiada. 

Vê-se, assim, que a classificação de Imole (Seres Sobrenaturais de Categoria Divina) abrange a todos os Ara Orun (Seres do Além) que não sejam os Onile (Senhores da Terra ou Ancestrais). Ela é uma classificação superior comum a todos os Seres Sobrenaturais de Categoria Divina. Assim, ao se dizer que tal ou qual Entidade Espiritual é, ou não, um Orisa ou uma Iyami ou uma Ebora, não se está de maneira alguma rebaixando o seu "status" espiritual e sim melhor qualificando-o quanto a sua função/atuação na Hierarquia Divina. 

Desta forma, quanto à sua atuação mais ancestral, aceita e ensinada pelos Babalawo, o Imole Esu não é um Orisa porque não pertence à Brancura. Ele pertence à uma categoria única, exclusiva e importantíssima na Classe dos Imole: a posição de Terceiro Criado diretamente por OLORUN. Imole Esu, não tendo sido gerado, também não é gerador; pertence igualmente ao Oju Kotun e ao Oju Kosi, pois como Osije ou "Mensageiro Divino" anda por todos os Nove Além. 

Por ser o Grande Dispensador do Poder do Iwa, Aba e Ase carrega em seu Ado Iran (Cabaça Mágica) as múltiplas combinações das três cores-símbolos Funfun, Dudu e Pupo. Também, por delegação unânime de todos os Orisa, das Iyami, dos Orisa Omode Okunrin e as Ebora Omode Obirin, ele é o Enugbarijo (o Boca Coletiva), capaz de falar por todos nós a OLORUN no momento que em que for cumprir sua missão de Mensageiro Divino. 

Assim sendo, toda essa classificação dos Seres Sobrenaturais de Categoria Divina, hoje conhecida como parte da "Dijina dos Ôrixás", é muito importante quando dos rituais de "feitura" dos fiéis e/ou do "Assentamento" de uma Entidade Espiritual num lugar devocional mas, no Brasil, após a perda de valores iniciatórios causada pela escravidão e a catequese católica forçada, mais a conseqüente reunião de todos os Seres Sobrenaturais em um só espaço físico - inicialmente o do Candomblé de Nação - o apelativo de "Ôrixá" firmou-se para designar a todos os Seres Sobrenaturais de Categoria Divina indiscriminadamente, quer fossem da Direita ou da Esquerda, ou, quer fossem "Pais", "Mães" ou "Filhos", quer, ainda, fossem da qualidade do Preto ou do Vermelho. 

Alguns, até chamam Esu por "Ôrixá" porque pressentem sua importância, mas desconhecem sua verdadeira essência !!! O próprio Orisanla, no Brasil, ficou mais conhecido pela contração do termo Orisa Nla em Orinxanalá, depois em Oxanlá e posteriormente criando-se a nova fonética "Oxalá", sob a qual é passou a ser muitas vezes confundido com OLORUN e, outras vezes, sincretizado com as características católicas e esotéricas do Senhor Jesus, o Cristo. 

A principal Igbamole Ebora Dudu é a grande Divindade do Preto, a Igbamole Iyangba Oduduwa que é a Parceira Gestante do Casal Divino, mas que está praticamente esquecida no Brasil. Como esquecidos estão Oranfe, Agbona, Erikiran, Erinle, Oluwa, Oke, Agbala, Ikire, Hoho, Ija, Olufon, Eteko, Oluorogbo, Oluwonfin, Oxaogiyan, etc... Desta forma, assim, mais tardiamente, a própria a Umbanda Esotérica fixou seus parâmetros sobre as características esotéricas de apenas um Orisa Funfun, cinco Irunmole e uma Iyami, mas também chamando a todos por "Ôrixá": Oxalá, Ogum, Oxosse, Xangô, Yemanjá, Yori (Ibeje), Yorimá (Obaluaiye). Mas, ainda no Brasil, o maior dos esquecidos foi o Ara Orun Imole Irunmole Orisa Funfun Oju Kotum Orunmila Ifa, o Senhor dos Destinos Humanos e, talvez, por isso, este país não encontre o rumo da felicidade e da justiça social que esperamos em OLORUN que ele mereça e, um dia, alcance. 

Saiba mais sobre os yorubás e  Orumilá no Climazen

Do Mito da Criação Universal, segundo os Iorubás.


Os milenares Ese Itan Ifa (Versos dos Contos de Ifá) em seus Odu (Fundamentos de Tradição Oral), falam com freqüência nos Awon Imole, isto é, nos "Muitos Seres Sobrenaturais de Categoria Divina": "Awon Irinwo Irunmole oju kotun, ati awon Igbamole oju kosi." 

"Muitos Irinwo Irunmole do Lado Direito e muitas Igbamole do Lado Esquerdo." Outras vezes, falam em 600 (seiscentos) Imole, classificando-os em 400 (quatrocentos) Irunmole (Divindades Masculinas) e em 200 (duzentas) Igbamole (Divindades Femininas). Mas, isto significa muito mais que os Imole eram e são considerados como divididos em Irinwo Imole ou Irunmole ou "Divindades Geradores" e Igba Imole ou Igbamole ou "Divindades Gestantes" e todos os pesquisadores eruditos e os religiosos africanos também estão de acordo em considerar lógica a tradição de que estes 600 Imole são um número místico com a função de emprestar grandeza ao conceito de Divindade, o que importa em dizer-se que eles, os Imole, já eram e ainda são uma grande quantidade desconhecida. 

Assim sendo, na Teogonia Iorubá, no mais alto dos Meesan Orun ou "Nove Além" ou "Planos da Existência", denominado Ajal'orun ou "Teto do Além", portanto, no ápice do poder espiritual, está OLORUN, justamente "Aquele que" (O) + "tem" (LI) + "o Além" (ORUN). Ele é o Ala Iwa Aba L'Ase ou "Supremo Criador dos Princípios e Poderes que tornam possíveis e regulam toda a Existência" em todos os seus Nove Planos: - o Iwa ou a "Qualidade do Branco" ou "Poder da Existência"; - o Ase ou a "Qualidade do Vermelho" ou "Poder da Realização" que dinamiza a Existência; - o Aba ou a "Qualidade do Preto" ou "Poder da Essência" que dá propósito à Realização. 

Ele não era considerado, pois, um Imole: para o Povo Iorubá OLORUN é a denominação para o conceito de Deus Uno, Todo Poderoso, Infinito e Eterno! Daí o distanciamento que todos os outros Seres Espirituais têm que Dele manter, pois nada na Criação é capaz de suportar-Lhe o magnífico esplendor, sem a sua expressa permissão! Consoante este conceito universal de Deus, Incriado e Criador, Único e Todo-Poderoso, OLORUN não tem culto específico e nem sacerdócio particularizado. Mas, apesar disso, Ele não é tão remoto ou indiferente aos assuntos humanos. Pelo contrário, Ele está sempre muito próximo aos Seres de sua Criação: as preces e os apelos sinceros do coração humano O alcançam. 

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Fazendo Ifá e iniciação


Esta é a cerimônia de iniciação em que uma pessoa está totalmente iniciada como um Babalawo ou Pai dos segredos que se especializam nas mais profundas formas de adivinhação e os remédios que os acompanham. É extremamente restritiva e envolve um compromisso enorme em aprender, tempo e responsabilidade. O Babalawos são considerados a forma mais elevada de Sacerdócio em nossa religião. 

Na regra do Orixá a iniciação é um grande empreendimento e não para ser tomada de ânimo leve. Quando são iniciadas e você se tornar um membro do seu Ilé padrinhos "ou Casa Orixá. Isso faz de você um membro de uma família conhecida como o seu Godfamily ou família de Deus. Isto inclui padrinhos e madrinhas, padrinhos Grand, irmãs e irmãos. Como parte do Godfamily que coloca ambos os padrinhos e os afilhados em uma posição de responsabilidade mútua.

Os afilhados devem respeitar os seus padrinhos e sua autoridade como os mais velhos na religião e como seus padrinhos. Observâncias rituais certos também estão incluídos. Os padrinhos são responsáveis ​​pela orientação e ensino de seus afilhados. E antes de acontecer alguma coisa temos de obter a aprovação dos Orixas. Essa exclusividade não é baseada em uma atitude de superioridade, mas em vez disso é baseado na vontade dos orixás e da continuidade da tradição, uma vez que tem sido praticada há séculos. Isto é como nós, como sacerdotes foram ensinados pelos nossos padrinhos e seus padrinhos antes deles. Não estou tentando te assustar, mas nós queremos que você saiba o que você está se metendo para que você possa tomar uma decisão informada.

É impossível iniciar corretamente uma pessoa em qualquer nível na Umbanda. Todas as cerimônias envolvidas nestas iniciações exigem a iniciar a estar fisicamente presentes e sem estas cerimônias a chamada 'iniciação' é inválida e sem valor. Se você encontrar alguém oferecendo executar tais "iniciações", não entre em roubadas. Estas iniciações iria prejudicá-lo certifique-se que eles realmente tenham qualquer poder, em primeiro lugar.

Bem, primeiro você precisa ser visto com Ifá ou com caracóis para ver o que os orixás têm a dizer relativamente a se tornar iniciado. Você vai descobrir que há pouco o que fazemos nesta religião sem a autorização e aprovação do Orixas. Como sacerdotisas e sacerdotes somos servos dos orixás e é o que Orishas chamar os tiros. Às vezes, os Orishas vão dizer não, às vezes eles vão dizer que sim. Cabe a eles. Às vezes uma pessoa não é simplesmente pronta naquele momento. Ou talvez uma outra Ilé ou Casa seria mais adequada. E o Babalawo, ou Pai de Santo deve ter a permissão dos Orishas para realizar a cerimônia. Mais uma vez cabe aos orixás.

Mais informações sobre os mistérios do Ifá no Climazen

Kariocha (Making Ocha) - Coroando o orixá

Este é o começo como um iniciado de pleno direito ou Médium magista na religião. Durante a cerimônia de seus Orishas são dadas à luz e seu orixá tutelar é 'coroado' sobre as suas cabeças, um termo que descreve o ritual em que o Orixá é realmente cerimonialmente fundida com a cabeça inicia interior. Podem consultar para os clientes, realizar limpezas e outros remédios, bem como realizar iniciações. Eles também são considerados como a realeza na religião, como eles são considerados representantes dos orixás e são investidos com o poder de trabalhar com as forças dos Orixás na íntegra. Esta iniciação também requer um grande empenho ao longo da vida por parte do iniciado. Por exemplo, o recém-iniciados ou Pais de Santo deve passar por um longo ano Iyaworaje ou aprendizagem, onde o iyawô ou a noiva do Orixá e devem seguir um regime estrito de usar tudo branco, evitando o toque de não-iniciados e seguindo uma série de outras regras durante esse tempo. As cerimônias são extremamente envolvidos, exigindo um grande número de sacerdotes.

Os Ilekes ou Colares

Receber o seu Ilekes ou Colares coloca sob a proteção e as bênçãos de seu Orishas padrinhos 'e faz parte do seu Ilé ou Casa do Orixá. Os Ilekes são sagrados e são os banners dos orixás e agem como um sinal da presença Orishas e proteção. Os preparativos normalmente demoram vários dias a uma semana como várias cerimônias complexos estão envolvidos. 

A cerimônia de receber suas ilekes leva várias horas conforme ela é composta de vários ritos, eo novo iniciado deve estar preparado para "fazer um dia dele", como eles deverão ir para casa e descansar para o resto da noite . De muitas formas esta cerimónia é equivalente para a cerimônia do batismo praticado por algumas religiões. É a entrada cerimonial em nossa religião e para uma nova vida como um seguidor dos orixás. Pai de Santo e apenas iniciados, e pode realizar esta cerimônia. E essa cerimônia não pode ser realizada por Babalawos.

Os orixás Guerreros (Warriors)


No início dos Guerreros ou Warriors, você realmente recebe Orishas váriados: Echu Elegguá, Ogún, Oxossi Oxun. E terá de ser tomado cuidado de toda segunda-feira, assim como sempre que pedir algo via adivinhação, como aprofundar o seu conhecimento na religião, mais você será capaz de trabalhar com esses orixása, tanto se tiver dominio de sua força, quanto conseguir experiência através da meditação e rituais sagrados. 

Com o tempo, você vai ser ensinado como dar obi ou de coco para seus Guerreros de perguntar-lhes simples sim ou não. Echu Elegguá que é o mensageiro de todos os orixás e é o proprietário de todas as portas e estradas. 

Exu Elegguá tem literalmente mais de cem caminhos com diferentes "especialidades" para cada caminho. Ele é recebido de forma que ele pode abrir as suas estradas na vida e fechar as portas a todas as forças que possam prejudicá-lo. Elegguás podem ser recebidos a partir Mestres, Pais de santo ou Babalawos. Quando você receber Exu de um Babalawo, a adivinhação é feita para determinar qual de todos esses caminhos de Exu acompanha você, e com os segredos que ele está preparado difere para cada caminho. 

Quando você recebe os Guerreros de um pai de santo, o caminho não é determinado até que seja iniciado como um sacerdote também ou se isso é o seu caminho na vida. Ogún é o orixá da guerra e é o ferreiro dos orixás. Como Elegguá abre seu caminho, Ogún limpa o seu caminho de obstáculos e dá-lhe as ferramentas com cada um para construir uma vida melhor. 

Ele também é um defensor poderoso pronto e disposto a assumir todos os cantos. Oxossi é o Caçador entre orixás e representa a execução de Justiça neste mundo. Ele ajuda você a caçar as coisas boas da vida. Ele ajuda a evitar cair em armadilhas e para garantir que você nunca se perca no deserto da vida. Ele também vem em seu auxílio e assegura Justiça é servido quando você está errado ou para defendê-lo quando falsamente acusado. Oxun representa sua cabeça e seu bem-estar, advertindo-o se você estiver em perigo de cair. Somente os Babalawos conhecem os segredos de como preparar Oxun corretamente. 

Mais sobre Orixás

A importância da iniciação


Enquanto o poder dos orixás são lendários, não se tornou iniciado pelo poder ou por dinheiro. Em vez disso iniciações em Umbanda serve para ajudar a pessoa a avançar em sua vida, muitas vezes de maneiras específicas e transmitir o poder Axé ou força espiritual dos Orixás em sua vida. Há uma série de níveis de iniciação, e o conhecimento que você ganha se aprofunda, bem como o compromisso esperado de você por orixás e seus padrinhos. Primeiro, uma pessoa geralmente recebe seus Guerreros ou guerreiros e / ou seus ilekes ou seus colares. 

Essas pessoas muitas vezes passam a ser iniciado como sacerdotisas ou sacerdotes da religião. Mais tarde, eles podem receber a Mão de Orula, caso tenho o dom a missão e a disposição para seguir nesse caminho. Quando a pessoa está pronta, pode se passar pelo kariocha ou Iniciação Completa como sacerdote ou Babalawô se  é que o seu caminho na vida é este. Finalmente, se o sinal da pessoa em sua Mão Orula de chamadas por ele podem ser totalmente iniciado como um Babalawo (Pai dos Segredos) e servir como um Sumo Sacerdote na religião. Iniciações são recomendados de acordo com as necessidades da pessoa, conforme determinado pelo Orishas-se através de adivinhação. 

Saiba mais sobre cultura yorubá, iniciação e babalawô no  Climazzen
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