As Curimbas
Um dos fundamentos de vital importância para a harmonização e eficácia dos trabalhos dentro de um templo umbandista é, sem dúvida, o que diz respeito aos Pontos Cantados (curimbas). Outro é o fundamento dos pontos riscados ou Lei de Pemba.
Esses fundamentos surgiram na ritualística sagrada a partir do momento que o homem sentiu necessidade de buscar o sagrado através do elo que poderia dar a ele a chance de se libertar do materialismo e do vazio que existia em sua alma tão sofrida por seus erros.
Uma das formas encontradas para a reaproximação com o Divino foi à música, onde se exprimiam o respeito, a obediência e o amor ao Pai Maior. Pois como eu já escrevi em outro artigo, a musica é sagrada e foi com ela que o Criador fez tudo que existe no universo.
Desta forma, os cânticos tornaram-se um atributo sócio-religioso, comum a todas as religiões, onde cada uma delas, com suas características próprias, exteriorizavam sua adoração, devoção e servidão aos desígnios do Plano Astral Superior.
A Umbanda, também recepcionou este processo místico, mítico e religioso da expressão humana. Nos vários terreiros espalhados pelas Terras do Brasil, observamos com fé, respeito e alegria os vários pontos cantados ou curimbas, sendo utilizados em labores de cunho religioso ou magísticos. Em realidade os Pontos Cantados são verdadeiros mantras, preces, rogativas, que dinamizam forças da natureza e nos fazem entrar em contato íntimo com as Potências Espirituais que nos regem. Existe toda uma magia e ciência por trás das curimbas que, se entoadas com conhecimento, amor, fé e racionalidade, provocam, através das ondas sonoras, a atração, coesão, harmonização e dinamização de forças astrais sempre presentes em nossas vidas.
Capitaneada por sete Forças Cósmicas Inteligentes, que são as principais e que, por influência dos Pretos Velhos, receberam os nomes de Orixás, sendo que a irradiação ou linha de Oxalá, a Umbanda e o Candomblé precedem todas as demais, razão pela qual as comandam. Todas estas irradiações têm seus pontos cantados próprios, com palavras-chave específicas e a justaposição de termos magísticos, de forma que o responsável pela curimba deve ter conhecimento do fundamento esotérico (oculto) da canção.
Tem-se visto pessoas determinadas até com boas intenções, mas sem conhecimento, "puxarem" pontos em horas não apropriadas e sem nenhuma afinidade com o trabalho ora realizado. Tal fato pode causar transtornos à eficácia do que está sendo feito, uma vez que podem atrair forças não afetas àquele labor, ou ainda despertar energias contrárias ao trabalho espiritual. Quem conhece bem a Astrologia Horária e a profundidade do Esoterismo sabe muito bem disso.
Quanto à origem, os pontos cantados dividem-se em Pontos de Raiz (enviados pela espiritualidade), e Pontos terrenos (elaborado por pessoas diretamente). Os Pontos de Raiz ou espirituais jamais podem ser modificados, pois se constituem em termos harmoniometricamente organizados, ou seja, com palavras colocadas em correlação exata, que fazem abrir determinados canais de interação físico-astral, direcionando forças para os mais diversos fins. Ou seja, assim como não se pode jamais mudar o signo de uma pessoa, não podemos também mudar o signo cabalístico de uma Entidade Espiritual.
No que concerne aos Pontos cantados terrenos, a Espiritualidade os aceita, desde que pautados na razão, bom senso, fé e amor de quem os compõe.
No entanto na maioria das vezes, nos deparamos com algumas curimbas terrenas que nos causam verdadeiro espanto e tristeza. São composições totalmente destituídas de fundamento, com frases ingênuas e sem nenhum nexo, chegando algumas a denegrirem os reais valores Umbandistas.
Cantam curimbas por aí dizendo que Exu tem duas cabeças; que Bombogira (Pombagira) é prostituta e mulher de sete maridos; que Preto Velho é feiticeiro e mandingueiro; que o Orixá Nanã mora na lama dos rios; que Ogum é praça de cavalaria, e outras incoerências mais.
Só levando em conta a parte lendária dessas Vibrações e se esquecendo do lado místico que realmente serve a Ritualística Sagrada. Mas em algumas ocasiões dependendo das necessidades de adaptações carmicas essas curimbas poderá até ter um efeito significativo, pois elas de certa forma falam de uma parte da historia das Entidades em seus caminhos evolutivos.
Outra coisa que se nota é que falta caridade e colaboração entre os irmãos umbandistas; sendo que alguns sacerdotes se acham donos de pontos cantados dizendo que só poderão ser entoados nos terreiros deles. Assim se esquecem que a Umbanda é universal.
O que nunca se pode fazer é modificarem pontos que podem ser de raiz, estão sujeitos a serem desmascarados quando alguém toma conhecimento da origem e da real letra das curimbas. Mas o que incita a essas praticas de plagio é o egoísmo e a falta de união entre os irmãos de fé.
A finalidade dos pontos se encerram em: Pontos de chegada e partida; Pontos de vibração; Pontos de defumação;Pontos de descarrego; Pontos de fluidificação; Pontos contra demandas; Ponto de abertura e fechamento de trabalhos; Pontos de firmeza; Pontos de doutrinação; Pontos de segurança ou proteção (são cantados antes dos de firmeza); Pontos de cruzamento de linhas; Pontos de cruzamento de falanges; Pontos de cruzamento de terreiro; Pontos de consagração do Congá e outros mais, consoante à finalidade a que se destinam.
As curimbas, por serem de grande importância e fundamento, devem ser alvos de todo o cuidado, respeito e atenção por parte daqueles que às utilizam, sendo ferramenta poderosa de auxílio aos Preto Velhos, Caboclos, Exus e demais espíritos que atuam dentro da Corrente Astral de Umbanda. Por isso quem sabe deve ensinar a quem não sabe e deixar de egoísmo ou egocentrismo, como se fossem a representação do orixá na Terra! A palavra principal é Humildade! Sem estrelismo.
Carlinhos Lima – Astrólogo, Tarólogo e Pesquisador.
4/1/2011
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