Tarô o Louco
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Devaneios - desvios de comportamento... |
Para alguns o Arcano da Busca e do Amor. Na verdade, este arcano se insere em qualquer assunto, pois loucura, ingenuidade e imprudência ou até coragem, se encontra em todas as áreas da vida de várias pessoas. O personagem está vestido no estilo dos antigos bobos da corte: as calças rasgadas deixam ver parte da coxa direita. Um animal que poderia ser um felino parece arranhar esta parte exposta ou ter provocado o rasgão.
Os Significados simbólicos são: A busca e o Filho Pródigo. A experiência de ultrapassar os limites. Espontaneidade, despreocupação, admiração, saudade. Impulsividade. Inconsciência. Alienação.
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De um chão árido, acidentado, brotam cinco plantas. O viajante tem a cabeça coberta por um gorro que desce até a nuca e lhe cobre as orelhas; esta estranha touca transforma seu rosto barbudo numa espécie de máscara. Veste uma jaqueta, presa por um cinto amarelo; seus pés estão cobertos por calçados vermelhos. A Interpretações usuais na cartomancia: Passividade, completo abandono, repouso, deixar de resistir. Irresponsabilidade. Inocência.
Escolha intuitiva acertada. Domínio dos instintos; capacidade mediúnica. Abstenção. O não-fazer.
Um homem anda com um bastão na mão direita. Está de costas, mas seu rosto, bem visível, aparece de três quartos. Sobre o ombro direito leva uma vara em cuja extremidade há uma pequena trouxa. Ao contrário do que ocorre nos demais arcanos, a margem superior da lâmina não tem numeração, razão pela qual se costuma atribuir-lhe o valor de arcano 0 ou 22, segundo a necessidade. No plano Mental: Indeterminação devida às múltiplas preocupações que se apresentam e das quais se tem apenas uma vaga consciência. Idéias em processo de transformação. Conselhos incertos.
Reis e senhores, desde épocas remotas, tinham bufões em seus palácios, verdadeiras caricaturas da corte. Histórias sobre eles, bem como as representações gráficas desse personagem, podem ser contadas às dezenas. Van Rijneberk arrisca a hipótese de que o espírito burlesco e irreverente da Idade Média teria parodiado, neste personagem, a classe dos Clerici vagante que, segundo ele, eram “estudantes migratórios e inquietos, sempre em busca de novos mestres de quem pudessem aprender ciências e idéias, e de novas tabernas onde pudessem beber fiado um pouco de vinho bom”.
No Plano Emocional, revezes sentimentais, incerteza frente aos compromissos, sentimentos vulgares e sem duração. Infidelidade. Mas a imagem deste Arcano – um louco solitário que atravessa os campos e é agredido por um animal – não havia sido representada até então: é própria do Tarô e, nesse sentido, representa uma de suas contribuições mais originais do ponto de vista iconográfico.
No Plano Físico: Inconsciência, desordem, falta à palavra dada, insegurança, desprazer. Abandono voluntário dos bens materiais. Assunto ou negócio enfraquecido. Do ponto de vista da saúde: transtornos nervosos, inflamações, abscessos. No desenho feito por Wirth aparece pela primeira vez impresso o termo Le fou (O Louco) para designar o arcano sem número, embora tradicionalmente fosse conhecido por este nome desde muito antes. Tanto o baralho Marselha original, bem como seus numerosos contemporâneos franceses (e os exemplares dos copistas espanhóis) chamam Le Mat a esta carta.
No sentido negativo, Enquanto andarilho, o Louco significa queda ou marcha que se detém. Abandono forçado dos bens materiais; decadência sem muita possibilidade de recuperação. Complicações, atoleiro, incoerência. Outro estudioso do Tarô, Gwen Le Scouézec, sugere duas variantes etimológicas: o nome viria literalmente do árabe (mat: morto), ou seria uma apócope do italiano matto (louco, doido), nome com que aparece no tarocchino de Bolonha.
Mais de um autor vê nesses viajantes insaciáveis e pouco escrupulosos os primeiros agentes – talvez ignorantes da sua missão, mas de grande eficácia real – da Reforma religiosa. O grande Arcano dessa carta mesmo é nulidade. Incapacidade para raciocinar e autodirigir-se, entrega aos impulsos cegos. Automatismo. Confusões inconscientes. Extravagância. Castigo causado pela insensatez das ações. Remorsos vãos. Paul Marteau levantou a hipótese de que este nome seria uma alusão ao jogo de xadrez, já que o protagonista está em cheque (pelos outros, pelo mundo), numa situação de encurralamento semelhante à do cheque mate. A palavra mat, no francês, significa "fosco, abafado, indistinto" e ainda o "cheque mate", no xadrez. Já o termo mât, quer dizer "mastro".
Na verdade esta carta representa um personagem importante, dentre tantos que existem dentro de nós mesmos. Ele atua tanto inconsciente, quanto conscientemente. Quantas vezes nos pegamos avaliando a nós mesmos e acabamos concluindo que cometemos uma grande loucura. E no amor em especial, este arcano se revela o tempo todo. Ele se ajusta muito bem por exemplo, na juventude. E apesar de esta carta não ser sincronizada a Exu, na verdade podemos dizer que ela é sim o Axé de Elegbara. Ou seja se a carta XV tem a melhor personificação de Exu, o Louco é a maior definição de sua natureza profunda, ancestral e interna. Basta ver as lendas, os mitos da criação e toda loucura que todos temos interiormente e que só Exu é capaz de revelar.
A busca do louco passa por várias etapas de nossa vida, por várias demonstrações de comportamento. Ele representa na verdade a busca do desconhecido, ao qual se atira sem medo e com insensatêz. E inclusive nas buscas amorosas e por que não sexuais. Quantas pessoas não cometem loucuras por amor e por tesão todos os dias? Quantos se dão bem em agir insensatamente e ao dar sorte realmente alcançam o que buscam? Mas, muitos se dão mal e por agir ingenuamente ou insensatamente quebram a cara e até encontram a morte. Na verdade, a interpretação de um Arcano, tanto é feita de forma individual, como também é associativa. Ou seja, depende muito a que casas seguintes e de onde ele partiu que esse louco nos levará. Analisar um único arcano, nem sempre nos dará a resposta desejada, mas, em conjunto com outros arcanos poderemos interpretar claramente onde as loucuras nos levam ou nos impedem de chegar.
Existem vários tipos de comportamento que são considerados loucura por uns e atos normais por outros. Depende muito do ponto de vista. Além do mais, algumas atitudes que pareciam insanas, podem acabar em grande vitória, quando um ato de coragem por exemplo, traz a solução para um impasse. Mas, algumas atitudes impensadas ferem a ordem das coisas, colocam em risco a integridade e a vida, ai é enquadrada ao rall das loucuras nocivas.
E é muito comum verificarmos pessoas que são de uma forma, mudarem de repente. Algumas apresentam traços de loucura que são parte de sua natureza e apenas algum fato dispara o que estava adormecido em seu ser. Outros agem loucamente por assuntos internos, como por exemplo, manipulação de outras pessoas, conceitos distorcidos que são passados a ela e ela age de uma forma achando que tá agindo correto. Acontece por exemplo, com pessoas que passam por uma lavagem cerebral, que são induzidas ao fanatismo ou as drogas.
O Louco do Tarô é um andarilho, enérgico, ubíquo e imortal. É o mais poderoso de todos os trunfos do Tarô. Como não tem número fixo, está livre para viajar à vontade, perturbando, não raro, a ordem estabelecida com as suas travessuras. Muitas pessoas passam a viver uma fase de loucura por exemplo, quando são enfeitiçadas. Tem mulheres que passam a transar com qualquer um, numa atitude incontrolável, por ter sido enfeitiçada com algum tipo de magia negra que induz seus sentidos e desejos a saciar-se de forma inconsequente. Na Umbanda por exemplo, costumamos ver pessoas que são vitima da obsessão de eguns ou até mesmo exus, pombagiras e kyumbas, perderm o controle de seus atos. E aqui uma discussão que rende muito assunto e que trataremos depois.
Voltando ao Tarô, lembremos que ele não é só um jogo de cartas orácular. Na verdade ele é simbologia pura e pode inclusive ser usado magísticamente com ritualística de mais alto poder. O Tarô dos Portais que é uma técnica criada por mim, e que mostrarei em algum curso em breve, mostra o poder egrégorico do Tarô e de que forma podemos ativar ou evocar poderes inconscientes.
É comum ver artistas que tinham um comportamento até um determinado momento mas, que de repente mudam e parecem está insanos. Isso acontece quando eles passam por períodos que podem desenvolver síndromes, como também o uso de drogas, stress fortes e choques fortíssimos. Mas, também sabemos que as pessoas vivem períodos onde são regidos pelos astros e planetas, como também estão num ciclo de Arcano Ruim. Assim muitas se mostram mais loucas quando passam pela fase do Louco o Arcano 0 ou 22!
Até Lúcifer passou por seu momento de Louco, quando pensou que ao juntar um exército de desertores poderia derrotar o Soberano Criador. E como Lúcifer muitos cometem insanidades. Alguns como representam nos contos de fadas, se jogam em aventuras, matam os dragões e ganham a mão da princesa como brinde, reinos e riquezas. Porém na vida real, sabemos bem que a coisa é bem diferente.
O nosso louco interior nos empurra para a vida, onde a mente reflexiva pode ser supercautelosa. O que se afigura um precipício visto de longe pode revelar-se um simples bueirozinho enfocado com a volúpia do Louco. Sua energia varre tudo o que estiver à frente, levando outras criaturas de roldão como folhas impelidas por um vento forte. Sem a energia do Louco todos seriamos meras cartas de jogar. Da mesma forma que sem Exu e Pombagira a humanidade sem essência sexual e malícia já teria sido extinta...
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O Louco do Tarô - Em busca do amor: imagem reprodução |
Axé a todos!
Carlinhos Lima - Astrólogo, Tarólogo, Pesquisador e Escritor.
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