As representações gráficas tanto de Virgem quanto de Escorpião lembram uma letra M, caprichosamente desenhada. Contudo, a perna final do M está levantada em Escorpião, como um animal que levantasse a cauda e expusesse seus órgãos genitais para o ato da procriação. Em Virgem, entretanto, esta "cauda" está retraída, como se protegesse e escondesse o sexo.
O mito da caixa de Pandora encontra ressonância nos mitos iorubanos da África Ocidental, vários dos quais têm como ponto de partida a entrega por Olodumaré (o deus maior) a um dos orixás de uma cabaça ou saco cujo conteúdo é desconhecido. O orixá que recebe o presente varia de região para região, podendo ser Obatalá, Odudua ou Oranian. Numa das lendas, Obatalá, depois de ser levado por Exu a embebedar-se com vinho de palma, perde a cabaça para seu irmão Odudua, o qual, ao abri-la, encontra uma substância negra a partir da qual surgem a terra firme e tudo que nela existe. Outra lenda fala de uma cabaça de onde escapa a escuridão. A humanidade, que vivia num dia perpétuo, é obrigada, a partir de então, a conviver com a alternância entre o dia e a noite, estado de dualidade que guarda correspondência com a dicotomia entre o bem e o mal. O papel instigador de Hermes, no mito grego, pertence, entre os iorubanos, a Exu. Tanto Hermes quanto Exu remetem à função de Mercúrio: a diferenciação mediante o uso dos recursos da linguagem e da lógica.
Na mitologia grega, Prometeu, o Previdente, era filho de um dos titãs e irmão de Epimeteu, Aquele que Pensa Depois. Sobre o mito de Pandora, vale transcrever o seguinte verbete, que sumariza a lenda: Não é difícil encontrar nesta narrativa similitudes com dois mitos registrados no Velho Testamento: o da criação do primeiro homem, Adão, a partir do barro e a perda da condição edênica por intermédio da figura feminina (paralelismo entre Eva e Pandora); e a narrativa do dilúvio e da sobrevivência de apenas um casal destinado a repovoar o planeta, seja na versão grega, seja na judaica.
Carlinhos Lima