O filme, O JARDIM DAS AFLIÇÕES, do brilhante OLAVO DE CARVALHO, é um filme excelente, que eu gostei muito. Confesso que cheguei a me emocionar, no início do filme, quando ele faz referências ao sagrado que há na simbologia dos jardins. Realmente as grandes religiões estão ligadas a natureza, com uma simbologia muito forte nas matas ou na falta delas. Há uma grande importância no deserto, no que se refere a religião judáica e também cristã, mas, há também um símbolo de vida, de paraíso e de revelação, ligado ao jardim. Tudo começa realmente no Jardim do Éden, no contexto bíblico e tem uma passagem importantíssima na meditação do Cristo no Jardim das Oliveiras ou Getsêmani (Gesthēmani). Também, vemos no brilhante "Cânticos de Salomão", que segundo estudiosos é de autoria de um famosos rabino, várias citações aos jardins sagrados: "O Amado Entrei em meu jardim, minha irmã, minha noiva; ajuntei a minha mirra com as minhas especiarias. Comi o meu favo e o meu mel; bebi o meu vinho".
Foi uma grande sacada do Olavo, dá uma conotação ao seu filme documentário, com a forte simbologia do jardim. Que de todo modo, é o jardim, um símbolo de paraíso, de oasis e de vida. Todos sonham em uma vida após a morte, chegando num novo lar com bastante vida, árvores frondosas, lindas e límpidas cachoeiras, com lagos hipnotizantes. Mas, tem como já citei o jardim, onde o Cristo chrou lágrimas de sangue, por causa da tirania humana, do abuso dos poderosos e desonestos que precisavam de redenção e sempre precisarão de perdão em todas as gerações. E como o filme do Olavo foca política, poder e uma era de disputas ideológicas, a sacada da aflição em meio ao jardim, que deveria ser de harmonia, foi muito bem colocada. Eu não tenho o conhecimento do Olavo para fazer tais análises, apenas quis aqui postar minhas conotações e percepções, pois como eu disse, o trecho onde cita-se os jardins, como também aquela casa maravilhosa, onde Olavo diz viver, em meio ao verde e uma natureza pulsante, realmente mexe com a emoção de todos nós que amamos a natureza e queremos o contato com Deus e com o sagrado como um todo.
Nas religiões afrobrasileiras, o jardim também é muito sagrado, cabe a Ossaím, esse papel de cuidar das plantas, mas, no Candomblé fala-se muito no Jardim de Oxalá ou de Obatalá. Enfim, sabe-se que no reino e no palácio de cada orixá, haverá sempre o lugar sagrado do jardim da vida.
Parabéns ao mestre Olavo de Carvalho pelo filme e pelas análises brilhantes.
Carlinhos Lima
Astrólogo, Blogueiro e Escritor