Irmã água: Em seu famoso Cântico das Criaturas ou do Irmão Sol, São Francisco de Assis assim exclama: "Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, que é tão útil e humilde e preciosa e casta". Imaginemos um riacho ou um grande rio. Nascem pequenos, humildes, no escondido de uma floresta, descem as encostas vencendo os obstáculos sem estardalhaço, abraçam pedras e lambem as margens, sem perder a noção de seu destino que é o grande mar. Não é a água uma imagem do ser humano que também nasce pequeno, cresce e amadurece vencendo etapas, ansioso pelo mar de seu destino que é Deus? Como os regatos se tornam maiores quando perdem suas águas no mar, assim o ser humano, ao perder-se, um dia, no mar da Santíssima Trindade, far-se-á um só com Deus.
Pra quem cultua os ancestrais e os orixás, vê em Iemanjá a força do grande mar e oceanos, de onde a vida possivelmente surgiu e a vida representa não só o a força vital que mantém o homem sobre a terra, existindo e se transformando, mas, também representa-nos esse grande mar de águas, as vezes calmas, as vezes amedrontadoras e revoltas, o próprio inconsciente, coletivo ou individual. Iemanjá representando a fertilidade, assim também como Oxum, que já é mais ligado aos rios ou Nanã que se revela quando a água se encontra com a Terra, para formar a lama da vida. Enfim, a água é sagrada e por isso temos que respeitá-la sempre. E se pela crença cristã o rio do destino ruma a Trindade Santa, para tornar-se uno com Deus, entre os orixás, o caminho é bem mais ritualístico, sagrado e de entrega. Só que da mesma forma, continua ligado ao amor, ao respeito a vida e a Criação. Mas, para a Umbanda, a Trindade santa se revela e age em caminhos distintos, cada um com uma função importantíssima. Esses caminhos que são a mente, o coração e o espírito, se apresentam como Ori, Bará e a ancestralidade, apresentada pelos orixás.
Saudemos a água da vida, a força inconsciente que gera fertilidade, amor e respeito a Natureza. Tenhamos consciência sempre que sem água não a vida. Que as bênçãos de Iemanjá traga chuva onde precisa, sem destruição, inundação e sem mortes, pois a água de Iemanjá, estendida por Oxum é doce e se derrama no movimento equilibrado de Oxumaré. E quando o exagero acontece, é porque o homem quebrou seus limites, invadiu áreas onde só o ambiente era pra reinar. Que os orixás das águas nos traga, fartura, amor, saúde, prosperidade e vida.
Axé.
Carlinhos Lima.