O que é um mapa natal?
Fico muito contente que você mostre interesse
pela astrologia. Tenho a vontade de transmitir-lhe como é multifacetada a
própria astrologia e como pode obter conhecimentos importantes através
dela. Pode ser que até agora tenha pensado que um horóscopo é aquilo que
de manhã encontra em seu jornal diário ou em revistas do gênero. Neste
caso, está errado: um horóscopo é uma imagem suplementada por símbolos
que exige uma interpretação. É claro que nisso há regras, no entanto,
cada um de nós tem de encontrar a sua própria maneira de lidar com esta matéria.
Para começar, temos que ficar atentos as interpretações
textuais que correspondem ao método moderno de interpretação,
influenciado pela psicologia, e outros diversos métodos usados hoje por
todos os astrólogos que visa tentar decifrar a alma dos nativos. Essas
descrevem as respectivas constelações no horóscopo. Evidentemente a
desvantagem de alguns sistemas que se baseiam em elementos ligados a
varias outras filosofias nem sempre é aceito ou entendido por todo mundo.
É que muitas vezes não leva a uma imagem coerente da personalidade
conforme o que algumas pessoas está apta a compreender. No entanto, além
do fato de que quase não existem personalidades não ambivalentes e que
cada um de nós provavelmente já encontrou várias contradições dentro de
si, eis os limites de só se usar a astrologia em si. Em compensação
disso, é muito útil para os cálculos abrangentes necessários para a
elaboração de um horóscopo que o astrólogo conheça compreenda mais do
que um único método, para que possa fazer um estudo mais profundo de
cada caso. Pois cada ser tem uma ligação com uma filosofia particular.
Mas você sabe o que é um horóscopo natal? Não é nem um pouco
complicado: é a imagem das constelações planetárias no zodíaco, da
perspectiva de seu lugar de nascimento, no momento de seu nascimento. O
zodíaco compõe-se de constelações que o Sol percorre durante sua
revolução aparente em torno da Terra. Além disso, o horóscopo
subdivide-se em doze seções que se chamam casas e que simbolizam os
âmbitos diversos da vida. O começo da primeira casa é o ascendente, um
dos pontos mais importantes do horóscopo. Para calculá-lo precisa-se a
hora exata do nascimento.
Neste círculo, portanto, encontram-se os
planetas, do Sol até Plutão. No entanto, cabe-nos observar que há certas
exceções quanto aos planetas que se movem muito lentamente, como, por
exemplo, Netuno e Plutão. Os planetas são interpretados conforme sua
posição no zodíaco e no sistema de casas. Além disso, interpreta-se os
aspectos, isto é, as relações angulares, que eles formam um com outro.
Antes
de você se dedicar a seu horóscopo, provavelmente ainda está se
preocupando com aquela questão fundamental, a saber, o que a posição dos
planetas tem a ver com sua personalidade. A astrologia afirma que a
qualidade temporal da hora de seu nascimento, que é representada pelo
horóscopo, atua sobre o homem - segundo o lema "como é lá em cima é em
baixo". No entanto, o horóscopo descreve apenas disposições, ou seja,
virtudes e defeitos e, portanto, não o libera de sua própria responsabilidade por uma vida livre e independente. É provável que às
vezes diga: "isso é um problema que já resolvi há muito tempo" ou "como é
que é, este talento tenho?" Quem sabe, talvez somente ainda não o tenha
descoberto, já que o homem se desenvolve e se transforma, enquanto o
horóscopo natal fica. Por isso é muito importante que você não fique
preso a certas palavras ou exemplos que aparecem nos textos e que não
tente aplicá-las rigorosamente a sua vida.
Seria melhor procurar
desenvolver um sentimento para as energias fundamentais que se
manifestaram sob forma dos aspectos e das posições dos planetas, embora
em seu caso se expressem um pouco diferentemente. Simplesmente aproveite
a possibilidade de desenvolver o seu próprio modo de astrologia. Pois
aqui encontrará um âmbito que não é limitado por regras rígidas, mas
depende de sua intuição individual.
A Astrologia é uma linguagem
simbólica que correlaciona à posição dos corpos celestes em um
determinado momento com as características deste momento em um
determinado local aqui na Terra. Com isso, podemos saber que tipos de
energias estão mais atuantes em um determinado fato, desde um nascimento
até um fato político/econômico.
Astrologia estuda os ciclos de
vida, as "voltas que a vida dá". Não é ciência nem arte, porque é mais
que as duas. Através da Astrologia, podemos ter a síntese de um
determinado tempo e lugar, e como eles se refletirão na vida do
interessado.
Para compreender seu mapa astral, você precisará ter
familiaridade com os símbolos dos planetas, dos signos e dos termos como
signo solar, signo lunar, ascendente. Para uma leitura rápida do mapa,
basta você atentar para o signo solar (sua razão, sua identidade), signo
lunar ( emoções/ sensibilidade) e signo ascendente(seu jeito de agir).
Astrologia e céu
Platão
disse uma vez: "Deus inventou e nos deu a visão para que, contemplando
as revoluções celestes, pudéssemos aplicá-las sobre as revoluções dos
nossos pensamentos que, apesar de desordenadas, são parentes das
revoluções imperturbáveis do céu, dos movimentos periódicos e regulares
da inteligência divina. Desse modo, ao estudar a fundo os movimentos
celestes e exercer a retidão natural do raciocínio, estaríamos imitando
os movimentos absolutamente invariáveis da divindade, ordenando através
destes os nossos próprios pensamentos que, deixados a si mesmos, estão
sujeitos à aberração."
O ser humano sempre nutriu um grande terror de
confirmar que há algo mesmo no céu que determina seja em que grau for
os fatos aqui na Terra, visto que para ele tal confirmação certamente
eliminaria por definitivo a sua possibilidade de livre decidir.
O
Homem sempre pôde decidir contra ou a favor do que quisesse, por maior
que fossem os obstáculos e por menos que soubesse avaliar a própria
situação. O Homem sempre pode dizer sim ou não, pagando um preço por
contrariar e negar aquilo que lhe impõe alguma resistência e se mostra
real. Desse modo, o Homem pode até agir contra si mesmo, se quiser,
contrariando seus valores e o que julga fundamental. Mas pode agir a
favor e a sua liberdade não fica de maneira nenhuma limitada por ter que
agir a favor da própria natureza. Aliás, é assim que ela se expressa,
com todo o seu poder. Aliás, foi justamente o fato de alguns homens
terem devotado a própria vida a alguns princípios e personificado alguns
valores que fez com que o rumo da história fosse mudado, para o bem ou
para o mal.
Isto nos faz crer que, se há algo que possa nortear a
conduta tão duvidosa dos homens, este algo se refere exatamente aos
princípios ditos humanos, por mais que estes, de pessoa a pessoa, sejam
variáveis. Cada ser humano, pois, se espelha ou procura se espelhar em
determinado princípio que tem como fundamental para si mesmo. Isto é uma
questão de natureza psicológica. Entretanto devemos nos lembrar, é que o
céu sempre foi à instância para onde o Homem mirou a sua atenção para
se orientar em pleno mar. Tanto quanto para constatar determinado
período favorável às plantações, é uma questão da área das navegações e
da agricultura. Entretanto, o céu sempre foi também o lugar de
personificações míticas das mais extravagantes, de Deuses que resumiam,
em sua própria epopéia, a consagração de determinados valores humanos em
todas as fases da evolução humana e em todas as raças ou culturas.
O
que, por sua vez, é uma questão de natureza simbólica. Poderíamos até
nos valer da noção bíblica de que o homem deve procurar ser “a imagem e o
reflexo de Deus”. O que posso sugerir que o céu de nascimento de um
indivíduo traz à imagem - ou personifica - aquilo que ele pretende ser,
ou os valores aos quais dedicará toda a sua vida. Cada personalidade
célebre fez da própria vida exatamente aquilo que estava prefigurado no
céu no instante do seu nascimento. Então acho possível afirmar que a
vida de qualquer indivíduo que persevere na sua realização acaba tomando
o desenho e a forma do seu mapa astrológico ou pelo menos entrou em
harmonia com ele.
É claro não podemos nos basear nesta noção bíblica,
mesmo que ela seja uma maneira persuasiva de apresentar a situação,
como se pode pensar. O melhor é que nos baseemos em vários fatores,
tanto quanto ao valor e o significado do céu dentro da cosmovisão
tradicional, sem os quais qualquer correspondência entre o homem e o
espaço sideral se torna incompreensível. Na cosmovisão tradicional, a
totalidade da natureza sideral configurava uma zona de indeterminação e
era considerada como um mundo intermediário, área de transição entre,
sendo esta a única dimensão que corresponde simultaneamente ao Homem e
ao Céu em toda e qualquer cosmovisão tradicional. O Céu estaria, assim,
no mesmo plano em que se situa o Homem, pois o cosmos é tudo o que
existe e está totalmente integrado entre si.
O é fato de que os tipos
humanos esboçados pelos horóscopos não são apenas criação e concepção
da mente humana, mas, sim, dados que fazem parte intrínseca do real
(como uma espécie de simbolismo natural ), não podendo ser, pois pura
invenção já que estão sendo interpretados. Assim compreendo que fazemos
parte de uma grande estrutura cósmica. Como se fôssemos peças
inconscientes do grande mecanismo a que pertencemos o que facilmente nos
remete à imagem de um relógio ou de um mecanismo vivo ( um cérebro, por
exemplo), que são imagens recorrentes na astrologia. E assim passamos a
entender que, o pressuposto mesmo da astrologia é de que o cosmos pensa
e pensa humanamente, isto é, como se fosse um homem, tendo, pois uma
intenção, e de que fazemos parte de um pensamento cósmico e de uma
intenção cujo vulto nos escapa, sendo então o mapa astrológico o
instrumento que nos permitiria avaliar a ambos. Com essa visão temos uma
visão mais clara e fácil de compreender do Criador de tudo que existe.
E
assim vemos que a astrologia é a ciência da natureza cósmica por
excelência, que representa o coroamento de um conhecimento integrado,
perfeito e harmônico. Representando a medida estruturante de todas as
coisas e de todos os conhecimentos, o sistema de padrões e critérios em
que se estruturava; de um lado, a percepção que cada indivíduo tinha do
cosmos; e, de outro, o cosmos propriamente dito em toda a sua
diversidade não só física ou energética, mas também espiritual e
místico.
A tradição nos mostra que o céu de nascimento de um
indivíduo parece demarcar certa “percepção natural” com que o ser humano
capta e observa tudo que o cerca. E é a estrutura deste céu que está
desenhado e prefigurado num mapa astrológico, demarcando, para cada
nascimento, quais as perspectivas e relações que se abrem entre o
sujeito nascido e o mundo em torno, formando o campo de visão muito
particular de cada um. O mapa natal de uma pessoa é, assim, uma espécie
de mapeamento das perspectivas com que ele se norteara ao longo da sua
vida, desde que ele possa compreendê-lo; perspectivas, estas, que vai se
abrindo para compreender tudo o que o cerca e que formam a sua visão
particular do mundo, essa é o que se chama de sua cosmovisão. Mas poucos
conseguem aproveitar ou atingir essas aberturas que revelam a
compreensão cósmica. Um mapa astrológico só poderia ser visto como um
mapeamento cognitivo do sujeito, ou seja, daquilo que ele
preferentemente presta ou não presta atenção, e isto quando as
circunstâncias não exercem pressões que o obrigam a atentar para outras
coisas, o que, de fato, quase nunca ocorre com a grande maioria dos
indivíduos.
O mapa astrológico também é um instrumento com o qual se
pode reconhecer as coordenadas de ação que o indivíduo procura tomar ao
longo de toda sua vida visto que, se descobrimos quais são as
perspectivas que particularmente ele nutre e vislumbra sobre tudo que o
cerca. E também de que forma ele tentaria traçar o seu caminho da
maneira que estas perspectivas lhe indicaram, construindo então o seu
destino de um modo e não de outro, ou melhor: conforme a sua própria
consciência lhe disse. Mas não se descobre tudo isso apenas com a
analise do mapa natal. Antes o dialogo com o indivíduo será muito
proveitoso, para uma interpretação mais completa e confiável. Nem tudo
está marcado e claro num mapa natal. Muitos segredos obscuros vão se
revelando ao longo da vida e nem mesmo as progressões, trânsitos ou
Revoluções podem esclarecer tudo antecipadamente. Porque as atitudes do indivíduo é muito importante, pois são elas que vão ajudando o cosmos a
moldar toda figura de sua vida.
Se lembrarmos que princípio é “uma
relação fundamental apreendida pelo pensamento”, poderíamos dizer que
todo e qualquer indivíduo teria uma mentalidade diferenciada que lhe
capacitaria apreender o mundo fenomênico sob os seguintes princípios:
CASA 1 sob o princípio da identidade
(se mobiliza pela imagem que todos e tudo passa e projeta)
CASA 2 sob o princípio da materialidade
(se mobiliza pelos recursos disponíveis no real a sustentar o bem-estar)
CASA 3 sob o princípio da comunicabilidade
(se mobiliza pelas ideias explicitadas e ainda implícitas)
CASA 4 sob o princípio da interioridade
(se mobiliza pelas exigências e pressões emocionais)
CASA 5 sob o princípio da capacidade (se mobiliza pelas coisas que faz e pelo valor-próprio)
CASA 6 sob o princípio organicidade
(se mobiliza pelo todo esquematizado e o seu funcionamento equilibrado)
CASA 7 sob o princípio da alteridade
(se mobiliza pela reciprocidade e pelos níveis de relacionamento)
CASA 8 sob o princípio da potencialidade
(se mobiliza pelo poder de reação e transformação das coisas)
CASA 9 sob o princípio da universalidade
(se mobiliza pelos princípios explicativos que fundam certezas)
CASA 10 sob o princípio da sociedade
(se mobiliza pelas exigências e pressões sociais)
CASA 11 sob o princípio da prospectividade
(se mobiliza pelas perspectivas futuras e pelo projeto a realizar)
CASA 12 sob o princípio da finalidade
(se mobiliza por um sentido e um fim para o qual tudo caminha)
Estes
seriam, ao grosso modo, os princípios e os valores cardinais com que o
indivíduo se orientaria ao longo da sua vida, tal como uma bússola
existencial. É como se o simbolismo natural celeste personificasse e
traduzisse certos princípios capazes de resumir toda a dimensão da
experiência humana. O sistema astrológico seria justamente isso: um
sistema de princípios que resumiria a variedade das experiências
humanas.
Parece que o esquema que está esboçado num mapa astrológico
representa um modelo, uma figura pessoal que expressaria ao máximo um
certo grupo de possibilidades superiores humanas que pode ou não ser
realizada, visto que não há nada neste modelo que possa garantir tal
realização. Desse modo, o homem de sucesso seria aquele que
personalizaria o seu destino, enquanto o homem comum seria aquele cujo
destino o despersonalizaria, exercendo sobre ele tamanhas influências
que acabaria levando a vida de uma forma que não lhe é adequada. Afinal,
a força dos acontecimentos pode ser muito mais forte do que sua vontade
pessoal, especialmente se o individuo não os compreende.
Por isso é
que o mapa astrológico não é, e não pode ser a expressão literal de um
destino humano. Isso só acontece em casos muito privilegiados, em que o
indivíduo: se torna o autor dos acontecimentos, pela força da sua
vontade; é auxiliado pelas circunstâncias momentâneas e históricas; é
auxiliado pela sorte ou dádivas cósmicas.
Entre aquilo que é ditado
pela própria natureza e as circunstâncias pode se estabelecer tanto uma
zona de atrito como de harmonia, sendo que talvez a má ou boa adaptação
dependa também de características que já estejam ditadas na própria
natureza. Deve-se, portanto, encontrar um encaixe entre as
circunstâncias externas e a forma individual interna; deve-se encontrar
uma resolução dialética entre o que se é e as circunstâncias, sendo um
destino a resultante de ambos os fatores. Afinal, a defasagem que se dá
entre o que é imposto pela própria natureza e o que é imposto pela
circunstância se torna a raiz do sofrimento humano. Por isso que o mapa
astrológico não é e não pode ser a expressão literal de um destino
humano. Afinal, este é composto não só pela forma individual que está
expressa no horóscopo, mas, também, pelas circunstâncias, que são
imprevisíveis e variáveis e que, por isso mesmo, não podem ser deduzidas
de um mapa astrológico. A ideia de que o mapa astrológico seja a
tradução literal de um destino suprime simplesmente a noção de ocidentalidade - que, no entanto, existe. O mapa astrológico não pode
ser, portanto, a causa de tudo o que acontece ao indivíduo.
O mapa
astrológico não descreve o que somos, mas, sim, o que pretendemos ser, e
isto se nos esforçarmos para tal ou se tivermos, digamos, sorte. Desse
modo, o indivíduo que está descrito e esboçado num mapa astrológico é um
indivíduo genérico e ideal e não o indivíduo concreto e real. O
indivíduo do qual a astrologia fala é, sim, um indivíduo ideal, mas que
representa o modelo ou a figura sonhada por alguém, àquilo que é o
objeto da sua mais alta aspiração espiritual e afetiva, se tornando
assim a síntese de tudo a que se aspira, de toda perfeição que se
vislumbra e pode se conceber.
Podemos entender com uma maior percepção
quando se montam os Odus de uma pessoa que o momento em que alguém nasce
traz a configuração daquilo o que o cosmos realmente sonhava quando
mandou a vida aquele ser. Desse modo, o homem puro que se reflete no
mapa astrológico o homem-astrológicos é, queiramos ou não, uma
abstração, mas também um projeto divino. Uma abstração muito especial e
um projeto muito bem elaborado pela Divindade, que parece traduzir não
somente aquilo que de emergente e essencial há em todo homem como também
o sentido e a direção que se esforça por tomar dentro da múltipla
experiência humana. Mas, como toda e qualquer abstração, deve e pode ser
tratado como um enfoque-limite, isto é, como um enfoque que abstrai do
indivíduo concreto e real aquilo que nele se diz essencial.
Percebemos
assim que o homem-astrológico é uma camada do ser humano e não um ser
humano concreto e real. Esta camada tem características: refere-se
justamente àquilo que há de fixo e imutável numa personalidade,
revelando então uma espécie de grade estática por onde qualquer força
que passe terá que assumir a forma dela, exigindo inclusive do indivíduo
que ele imponha esta forma às circunstâncias; ela não pode ser alterada
em hipótese alguma pelo que venha a lhe acontecer. Isso quer dizer que
uma mesma emergência uma mesma essência é compatível com uma multidão de preponderâncias diferentes e possíveis e que, portanto, um determinado
horóscopo pode refletir várias personalidades diferentes, e isto
conforme as circunstâncias onde tenha nascido e se inserido; deixa a
entender que deverá haver algo de fixo e imutável na psique para que tal
avaliação seja válida. E isto para além das tão proclamadas influências
familiares e sociais - a avaliação de tal camada (a avaliação
astrológica) se torna impossível.
Portanto, é necessário saber se
dentre tudo o que foi pesquisado em nome da psicologia humana há alguma
referência sobre uma estrutura de base ou sobre uma camada da
personalidade que permaneça estável por toda a vida. Cujo objeto de
investigação é chamado de caráter e que é descrito como: um feixe de
traços que conferem a um indivíduo uma originalidade natural. Não só as
disposições estáveis e inatas, mas também a maneira pela qual o sujeito
explora essa base primitiva. O caráter aparece como resultante ou
resultado de uma ação sobre um dado suscetível de evoluir; o núcleo
constitucional primitivo do psiquismo humano. uma unidade viva, ou a
qualidade distintiva essencial de uma alma individual. Afinal, todo
homem é dotado de uma alma mas possui, além disso, um espírito, quer
dizer: ele é um eu ou um si. E, num sentido muito específico, o caráter é
a qualidade da vontade pessoal, assinalando condições constantes que
revelam certa direção preferencial de um eu ou de uma consciência.
É
essa camada da personalidade chamada de caráter que acaba explicando
porque é que, na presença das mesmas circunstâncias, dois indivíduos que
dispõem da mesma educação familiar, da mesma influência social e até
mesmo de capacidades idênticas reagem de modo completamente diferentes:
afinal, cada um tem uma maneira distinta de interpretar a situação ao
redor e reagir a ela porque cada um observa, valoriza e reage à situação
de um modo que lhe é muito próprio.
É o caráter, então, que vem a
dar um diferencial à personalidade, fazendo com que cada pessoa venha a
viver sua vida e a escrever sua história de uma maneira que lhe é muito
peculiar. Se tomarmos o termo caráter em sua acepção etimológica,
seremos forçados a considerar que toda marca que porventura uma pessoa
venha a deixar na vida foi fruto do seu esforço pessoal, isto é, foi
fruto da tentativa de reunir tudo o que conhece e o que desconhece de si
para atingir uma meta que tenha se proposto. Afinal, existe dentre de
todos nós, sob o amontoado de confusões, uma unidade viva que
incessantemente não deixa de murmurar certas sugestões que deveríamos
escutar e acatar, já que elas são a expressão máxima da nossa realização
pessoal, isto é, do nosso destino, da única tarefa que nos cabe na
vida.
É o caráter que traduz então as características que são
necessárias à coesão e unidade da personalidade e que formam uma
identidade. Porém, o caráter não é e não pode ser a expressão total e
literal do indivíduo concreto e particular ( dado que este tem também
uma carga genética, uma educação, uma história afetiva e social e etc.,
sendo sua personalidade total composta de várias camadas). Mas pode ser
em raríssimas vezes, a expressão final que esta personalidade assume
visto que, por perseverar a sua maneira, acaba impondo sua forma às
circunstâncias, elevando assim o seu potencial das suas características
próprias à qualidade de personagem. Isto é, de um ser humano que deixa
uma marca na humanidade ou pelos seus feitos ou pelo seu comportamento.
A
noção de caráter engloba não tão somente a causa formal, mas também uma
outra causa, a causa final. Segundo Aristóteles toda explicação
científica de uma correlação ou processo deveria incluir um relato da
sua causa final, ou telos. Explicações teleológicas são explicações que
utilizam à explicação “a fim de que” ou equivalentes a esta.
No
entanto, interpretações como esta pressupõem que um futuro estado de
coisas determina o desenrolar de um estado presente: uma bolota se
desenvolve como o faz a fim de realizar a sua finalidade natural de
acabar sendo um carvalho; uma pedra cai a fim de atingir a sua meta
natural – um estado de repouso tão próximo quanto possível ao centro da
Terra. Em cada caso, o estado futuro “puxa consigo” a sucessão de
estados que leva a ele. O caráter humano teria esta mesma característica
e seria, assim, um misto de causa formal e final, expressando não
somente aquilo que de emergente e essencial há em todo homem como também
o sentido e a direção que ele se esforça por tomar dentro da múltipla
experiência humana.
Uma possível leitura do mapa astrológico natal é
composta então de duas estruturas que se relacionam e se inter-penetram:
as perspectivas e os pontos de vista fundamentais que o indivíduo nutre,
ao longo de toda a sua existência, sobre o que o cerca representado
pelas chamadas Casa Zodiacais; a maneira como o indivíduo apreende e se
coloca perante tais pontos de vista - representado pelos chamados Astros
Celestes.
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