Total de visualizações de página

Planetas e Orixás regentes de 2023

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Em defesa da Umbanda e Candomblé: Religiões de matriz africana


Historicamente, as religiões de matriz africana sofreram toda sorte de discriminação e perseguição, inclusive policial. De acordo como antropólogo Raul Lody, os sistemas de fé, devoção e expressões do sagrado dessas religiões trazem memórias de diferentes culturas daquele continente. No Brasil, elas se integraram ao catolicismo, ampliando e oferecendo novas formas de cultuar as divindades. Ainda hoje, nove religiões de matriz africana resistem no Brasil: Candomblé, Tambor-de-Mina, Batuque, Jarê, Babassuê, Umbanda, Quimbanda, Omolocô e Xangô. Segundo Lody, essas religiões expressam um rico conjunto de saberes que vão desde a culinária até a botânica, passando pelo artesanato, dança, música e língua, entre outros elementos. Na Bahia, podemos encontrar três delas: Candomblé, Umbanda e Jarê. Porém, a mais disseminada é o Candomblé. 

 O Candomblé e suas nações

 Originária do termo banto kandombile, significa lugar de culto e oração. A natureza, os elementos terra, água, ar e fogo formam a base dessa religião que, de acordo com o antropólogo Lody, fazem dela uma religião essencialmente ecológica. O Candomblé dialoga de maneira especial e integrada com a vida e a morte, estabelecendo rituais próprios e especiais. O Candomblé tem suas raízes em várias partes do continente africano. Por isso, pode se expressar de maneira diferente, dependendo do modelo étnico dominante. A maneira de agrupar e identificar os grupos étnicos deu-se, de acordo com Raul Lody, pelo reconhecimento de suas línguas, critério também utilizado hoje para estabelecer as nações de candomblé. Os termos religiosos, os nomes gerais dos alimentos, roupas e deuses, os cânticos e rituais indicam a procedência do Candomblé. Hoje o candomblé apresenta a seguinte divisão: Nação Kêtu-Nagô (Ioruba); Nação Jexá ou Ijexá (Ioruba); Nação Jeje (Fon/Ewe); Nação Angola (Banto); Nação Congo (Banto); e Nação de Caboclo (modelo afro-brasileiro).

Fonte/http://bahia.com.br/atracao/religioes-de-matriz-africana/

Cultos afrobrasileiros: INTOLERÂNCIA RELIGIOSA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO: LIMITES DE UM E OUTRO

 “Certamente, há mais de dois mil anos as religiões de matriz africana já precediam o próprio Cristianismo”, afirma o antropólogo Raul Lody, autor de mais de 20 livros sobre o tema. O desenho do artista Carybé mostra a festa do pilão de Oxalá.

“Certamente, há mais de dois mil anos as religiões de matriz africana já precediam o próprio Cristianismo”, afirma o antropólogo Raul Lody, autor de livros sobre o tema. O desenho é do argentino-baiano Carybé e nos mostra a Festa do Pilão de Oxalá.
O juiz Eugênio Rosa de Araújo, da 17º Vara Federal do Rio, voltou atrás apenas em sua enviesada definição sobre religiões, mas manteve a decisão: quem prega a intolerância contra as minorias religiosas afro-brasileiras, pode pregá-la livremente, em nome da liberdade de expressão. Pode? Como representante do Estado, que garante a ordem e a igualdade de todos perante a lei, o juiz deveria proteger os que mais precisam (e não há nenhum “coitadismo” aqui). Quando ele se atém, estritamente, ao viés jurídico, torna-se precário o julgamento de situações subjetivas, como no caso. A legalidade da liberdade de expressão  – nosso bem tão precioso! — também tem um limite: é quando deixa de ser expressão para se transformar em propaganda, visando destruir ou capturar o outro. Senão, vejamos: a  propaganda nazista não respeitava direito algum, já que, à época e dentro do território germânico, o nazismo era considerado uma… legalidade. Era?
Quem lembra esta realidade é o filósofo inglês George Steiner em seu livro Nenhuma Paixão Desperdiçada: “O Estado-nação ergue-se sobre mitos de instauração e de glória militante. Perpetua-se por meio de mentiras e meias-mentiras.(…) A única cidadania que o intelectual reconhece é a do humanismo crítico. Ele sabe que o nacionalismo é uma espécie de loucura, uma infecção virulenta que leva a espécie humana ao massacre mútuo”.

O nacionalismo é aqui tomado como a exclusão do outro, seja por razões de busca de uma ”raça pura”, seja por razões de imposição de uma religiosidade única. A decisão do juiz mantém  o direito de alguém “falar mal” do outro. Como posso dizer que o ideal do outro – representado pela religião – não presta só porque tenho uma visão diferente da vida ou da divindade que venero? Em política, podemos falar de um embate entre visões diferentes, porque é legítimo que um partido brigue para alcançar o poder; no entanto, é ilegítimo que alguém brigue para impor sua visão religiosa.  É o que nos assevera o professor de História das Religiões, Giuseppe Bertazzo:
“A história, a antropologia e a genética ensinam que não existe “raça pura”. Querer encontrar uma religião “pura” é também algo não aconselhável. A não ser que você queira considerar a religião etnocêntrica, a de um povo que se coloca em contraposição aos “inimigos”. Até a religião hebraica, em seu início, considerava Jahvé (ou Jeová) seu deus exclusivo, em contraposição aos outros. Felizmente, aos poucos abriu-se para um monoteísmo que caminhou, pelo que conhecemos pelas palavras do profeta Isaias, uns 500 anos antes de Cristo, para a concepção de um deus preocupado com os mais fracos. Ao enunciar o projeto de sua missão, Jesus Cristo serviu-se da palavra de Isaias. Sem esquecer que a mesma Bíblia contém elementos, visões e narrações anteriores que encontramos no Egito e na Mesopotâmia antigos; o cristianismo e o islamismo beberam nessa fonte de deversidades culturais. Em determinados momentos históricos também as religiões as religiões se mesclaram diretamente ao Poder,  servindo como justificativa para ditaduras e proteção dos poderosos. Eu admiro demais Jesus Cristo que falava que a Justiça não podia ser apenas a dos fariseus, que só impunham obrigações, mas deveria ir além: olhar diretamente para as necessidades das pessoas. O mesmo Estado,hoje, deve se voltar para quem mais precisa;  no caso, as religiões afro-brasileiras, que não querem dominar a sociedade.”
Assim, devermos ir além da literalidade da lei para olharmos as singularidades da herança histórica brasileira: uma radiosa mistura. Raul Lody, que dedicou sua vida ao estudo das religiões africanas, pode nos iluminar:
“Na formação de povo brasileiro, os Yorubá, os Fon, os Ewe;  as civilizações dos povos Bantu e da África oriental abastecem de histórias religiosas o nosso entendimento de fé, de sagrado, de memórias míticas; e de inúmeros conhecimentos culturais agregados à música, à dança, à comida, e ao idioma, entre outros. Organizadas, hierarquizadas, sistematizadas em rígidos preceitos litúrgicos; detentoras de calendários religiosos; também mantenedoras de amplo e  rico acervo cultural de povos africanos no Brasil, são o Candomblé nas suas Nações Ketu, Nagô, Jeje, Angola, Angola-congo, Gexá, Moxicongo em todo o Brasil; O Xangô, no Nordeste; o Mina-jeje e o Mina-nagô no Maranhão e na Amazônia; o Batuque, e as suas muitas Nações no Rio Grande do Sul; e a Umbanda. Essas religiões têm o reconhecimento do Estado nacional por meio do “tombamento” como Patrimônio Nacional (IPHAN), que assim demonstrou a importância dessas religiões tão organizadas quanto as demais que convivem no nosso Estado democrático.”
Há um ponto em comum que une Steiner, pensador da origem das linguagens, a Lody e Bertazzo: o da aceitação das diferenças, o da não-exclusão, o do convívio dos contrários. A ideia é a de que você faz parte de um mundo maior de culturas distintas, que se entrecruzam e se ampliam, abrindo horizontes, sempre enriquecedoras. Ou, como na visão do poeta Drummond: “Amor é o que se aprende no limite”. Aprender a amar a si mesmo, de pronto, é conhecer seus próprios limites.

Fonte/http://veja.abril.com.br/blog/leonel-kaz/
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Marcadores

magia (342) astrologia (296) signos (202) espiritualidade (194) amor (167) Umbanda (155) umbanda astrológica (145) orixá (139) UMBANDA ASTROLOGICA (127) CONCEITOS (120) mulher (120) religião (94) signo (93) anjos (72) comportamento (66) candomblé (62) mediunidade (50) 2016 (49) espaço (42) horóscopo (42) anjo (35) arcanos (35) esoterismo (35) magia sexual (35) oxum (33) Ogum (31) ancestrais (30) sexualidade (29) 2017 (28) estudos (27) fé religião (27) oxumaré (27) iemanjá (25) Yorimá (12)