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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Umbanda Astrológica e os Ritos Secretos da Iniciação


Apesar das diferenças ritualísticas e doutrinárias, todas têm em comum profundo zelo, respeito e fundamento sustentado pelos ritos secretos da Iniciação(reatualização do Axé), que são realizados e consolidados no tálamo do Templo, roncó ou camarinha, muito distante do olhar forâneo ou laico. Dentre os rituais secretos ou seletos, afetos à Iniciação, estão o rito do Ori (bori) e o rito do Bará (destino, energias vitais).
A Iniciação, nas várias Religiões Afro-Brasileiras, tem em comum apresentar ao neófito os “fundamentos” ou ensinamentos basilares, esotéricos que são vivenciados por intermédio de vários ritos de fundamento. O Bará, em sua delicada tessitura ritualística, é de transcendência similar ao Ori; associa-se ao elo de comunicação, a fala, a reprodução, ao sexo e equilíbrio fisiológico e energético do corpo físico visível e invisível, portanto associado a Exu (equilíbrio biopsicossocial). Necessário dizer-se que o conceito é apresentado de forma generalista, e cada Religião Afro-Brasileira tem seus aspectos particulares, transmitidos e ritualizados segundo suas vivências e práticas tradicionais.É desta interface Ori-Bará, do Bará como manifestação ou emanação do Ori que versará o vídeo apresentado nesta publicação. 
O conceito de Ori é importantíssimo, mormente por relacionar-se com a consciência, inteligência, processos cognitivos e, principalmente espirituais (energias sutilíssimas e sutis) que só sacerdotes consumados sabem como fazer as devidas “amarrações” com as vibrações positivas do universo, com os Senhores Estruturantes do Universo – os Orixás e seus Ancestrais Ilustres. As doenças físicas são resultados da instabilidade, desequilíbrio e desarmonia do indivíduo consigo mesmo, com sua ancestralidade, com seus Orixás e, principalmente com seu Ori (destino). Nesse sentido, as doenças podem ser entendidas como a não percepção da integração do homem com ele próprio, com seus pares, com a natureza física e o sobrenatural. 

No painel das religiões afro-brasileiras, embora não se fale em mente e corpo, ao grassar a unidade Ori-Bará, reforça-se a não dualidade e também que a energia da mente não provém do corpo. Nós não saberíamos onde começa o Espírito e termina a matéria e vice-versa já que para as religiões afro-brasileiras, há planos de existência para uma mesma realidade (continuum). Exu, o que dá o poder dinâmico da vida, é responsável por ajustar o trânsito do passado, presente e futuro com a finalidade de reuni-los, ou seja, ir ao encontro da Origem, ou, dos nossos Genitores Divinos, Orixás, Inkices e Voduns. E no corpo físico a cabeça é a manifestação da mente e cada região está associada a um período de nossas vivências (passado, presente e futuro), ou seja, embora o Ori seja um só, temos em nós mesmos o passado, presente e futuro. 
Ao remontarmos a questão da não percepção do homem é importante pontuarmos que para as religiões afro-brasileiras os indivíduos sabem que estão vivos porque possuem o “exu no corpo” – princípio de individualização (Baraiye). As religiões afro-brasileiras possuem maneiras específicas de lidar com as questões relativas ao equilíbrio e desequilíbrio do indivíduo. Para melhor entendermos a perspectiva afro-brasileira convém destacarmos que acima de tudo elas não possuem uma visão fragmentária da realidade, ao contrário, compreendem a realidade espiritual e material como uma só, sendo esta última manifestação da primeira. A teoria relacionada com a ciência afirma que tudo provém do corpo, já as dualistas afirmam que a coisa mente é de uma substância diferente da coisa corpo. Nós não contrariamos as teorias, mas em nossas especulações afirmamos que não há dualidade. 

Atualmente os processos mente-corpo vem sendo estudados de forma transversal pela psicologia, antropologia, neurociências, filosofia, em suas várias teorias e também por religiosos nas teorias ditas dualistas. Para as religiões afro-brasileiras o corpo é manifestação da mente via sistema nervoso central onde o cérebro, embora seja um órgão nobre, é somente um instrumento (efeito) da mente (causa). Nas próximas publicações continuaremos as especulações aqui citadas. A cosmovisão das religiões afro-brasileiras afirma que vive-se ao mesmo tempo em duas dimensões diferentes: Orun (espaço sobrenatural) e Aiyê (espaço natural), mas que são apenas visões e percepções diferentes da mesma realidade, ou seja, o Aiyê (corpo físico) é manifestação do Orun (mente). 

O indivíduo quando não absorve a contento, o mesmo acontecendo com a manutenção, multiplicação e a renovação do axé, perde o equilíbrio da mente (enfraquece o Ori), perde a estabilidade afetivo-emocional (enfraquece o Okan e tudo que dele decorre) e a harmonia física e social (O Ará propriamente dito como um todo e seu convívio salutar com a sociedade é profundamente prejudicado). Asaúde e doença e suas relações com o axé (Princípio Vital), “maná” fundamental na manutenção do equilíbrio, da harmonia e estabilidade do complexo mente-corpo-sociedade ou dos aspectos naturais e sobrenaturais. 

O desequilíbrio, a instabilidade e a desarmonia deflagrados pelo indivíduo carente de axé (do relacionamento efetivo com seu Genitor Divino) são as causas das doenças, portanto, devida aos doentes (indivíduos) que desencadeiam doenças via mente, para o organismo todo e para a desastrosa convivência em sociedade (carência afetiva, econômico-financeira, etc). Acreditamos que há necessidade de aspectos profiláticos ou preventivos, os de manutenção e os de, quando necessário, de reparação ou tratamento não só nos efeitos, mas fundamentalmente nas causas (no próprio indivíduo carente de axé, com repercussões mais ou menos sérias ou agravadas pela não atenção ao seu Iwá (destino) desencadeando um equivocado sentido a vida (Abá).

As doenças físicas são resultados da instabilidade, desequilíbrio e desarmonia do indivíduo consigo mesmo, com sua ancestralidade, com seus Orixás e, principalmente com seu Ori (destino). Nesse sentido, as doenças podem ser entendidas como a não percepção da integração do homem com ele próprio, com seus pares, com a natureza física e o sobrenatural. No corpo físico a cabeça é “sede” da mente.  Segundo as religiões afro-brasileiras, a cabeça relaciona-se ao Ori. A região posterior occipital (nuca) relaciona- se ao passado. Chama-se ipako ori e está relacionada ao Inconsciente manifesto nas experiências adquiridas. A região frontal da cabeça relaciona-se ao futuro. Chama-se oju ori e está relacionada ao Supraconsciente, “contendo” as atividades sublimes que iremos conquistar.

Os sonhos são também momentos de remontar ao passado de cada um. A fim de corroborarmos nossa assertiva trazemos para a discussão o sociólogo Roger Bastide, cuja abordagem adquirida do famoso psicanalista vienense, Freud, afirma que o inconsciente teria se formado “com o passar das eras de sedimentos lentamente sobrepostos uns aos outros e compactados pelo peso de todos os séculos; como se houvesse, em nossa alma desconhecida, camadas análogas às camadas geológicas, onde jazem, fósseis, as lembranças de vidas extintas. E então, durante o sono, desceríamos até a caverna, cavaríamos com paciente picareta um poço, a cada noite mais fundo (...)” (Bastide, 2006, p. 33).

Entre as duas regiões citadas encontra-se o ori propriamente dito e está relacionado ao presente. É nessa região que é feita a raspagem e cura (corte da Iniciação, em algumas Escolas) justamente porque relaciona-se ao nosso Consciente e, portanto, com tudo que diz respeito ao poder da nossa vontade para as aquisições de hoje.  Os rituais afro-brasileiros tem a capacidade de agir como a picareta, cavando nossas vivências do inconsciente superficial.

Os sacudimentos ou ebós seguidos de Bori são exemplos de rituais destinados a esse fim. Os sacudimentos e ebós limpam, descarregam todas as negatividades do indivíduo. Após essa limpeza, em um segundo momento, o ritual de Bori visa reconstruir um Ori fortalecido. Tais rituais são constantemente refeitos pois os indivíduos, mesmo os já iniciados, precisam aprofundar-se em seu Inconsciente (penetrando e refazendo o destino). Se colocássemos os três tempos míticos em sequência em um círculo veríamos que o passado e o futuro “se tocam”, ou seja, o Inconsciente que guarda nossa origem é o mesmo do nosso futuro. Assim, vários rituais das religiões afro-brasileiras tem por objetivo fazer com que o indivíduo atinja “espaços” mais profundos do seu Inconsciente, mais próximos de sua origem (seu estado de equilíbrio, harmonia e estabilidade), pois cremos que nele (Inconsciente profundo) está a Espiritualidade latente, porém, esquecida ou encoberta por tantos sedimentos sobrepostos durante séculos de nossas existências (Inconsciente superficial).

A cura e autocura afro-brasileira, portanto, não visam a um indivíduo apenas, pois ainda que cada ritual seja pensado e aplicado na dependência das particularidades de cada indivíduo, ao final de cada ritual, toda a comunidade sai fortalecida uma vez que estão irmanados em uma comunidade de santo e, pelo princípio de interdependência (pela redistribuição de axé) que rege a ética dos terreiros afro-brasileiros, todos recebem um saldo positivo. Os problemas da humanidade não foram resolvidos, vivemos um momento planetário de muitas mudanças e redefinições do ciclo evolutivo dos seres humanos e, justamente, nessa fase as pessoas tem se apegado muito às religiões pela capacidade delas de possibilitar um caminho para o reencontro com o Sagrado.

O conceito de corpo está intimamente relacionado ao processo de cura já que este é um dos motes das religiões afro-brasileiras, possibilitar que os filhos de santo entrem em contato com sua ancestralidade e sintam-se melhores e ativos, em equilíbrio, harmonia e estabilidade, na sua cotidianidade. Assim, o corpo é sagrado. Longe de nós vermos o corpo como um elemento negativo. É ele que nos possibilita vivenciar o momento ápice da experiência religiosa afro-brasileira: o transe, seja este de possessão ou mediúnico. 

Os sentidos (visão, audição, tato, paladar, olfato) são portas de acesso à outros estados de consciência. Por isso, nos terreiros há defumações, ervas, oferendas, ritos de fundamento, bebidas e comidas de santo, entre tantos outros elementos que fazem parte de um arsenal simbólico que atua diretamente na constituição bio-psicossocial do indivíduo, sendo o corpo e mente apenas manifestações do ser espiritual. Nas Religiões Afro-brasileiras/Americanas aprendemos por intermédio de itanifás, mitos, diálogo com os ancestrais ilustres (Caboclos, Pretos-velhos, Encantados, Exus e outros) que a mente fechada nos traz ignorância; a palavra mal direcionada pode nos levar à ira ou aversão, o mesmo acontecendo com as atitudes que podem ser produtos de nossos apegos.

Aqueles acostumados com as Tradições Afro-ameríndias não terão a menor dificuldade de perceber, e os que não estão também, de que falamos de fundamentos de suma importância. Sim, citamos cabeça – que associamos a Ori (Consciência/Destino); Coração (Okan) associado ao Emi (alma) e por último, os membros inferiores (pernas – pés) relacionados ao movimento dado pelo próprio destino, ou melhor, os caminhos que viemos a tomar – onan burukú (maus caminhos) ou onan rere (bons caminhos).

E por intermédio de nossos Orixás ou Ancestrais Ilustres podemos cambiar ignorância por sabedoria; ira ou aversão por atração positiva ou amor e os apegos por ações positivas em nosso benefício e de toda a comunidade a que estamos inseridos. Os pensamentos associamos à cabeça (Ori). Os sentimentos ao coração. As atitudes ou ações e reações comportamentais associamos ao abdome e membros inferiores. No término desse texto esperamos que todos tenham percebido o quanto as Religiões Afro-brasileiras/Americanas, por intermédio dos Orixás e Ancestrais Ilustres, nos demonstram os Onan rere a seguir, retificando o destino, afirmando que todos podem fazer um bom destino, e só querer. Isto é, os aspectos negativos ou positivos do caminho que escolhemos, mas que uma consulta a Orunmilá-Ifá ou aos Ancestrais Ilustres, poderemos retificar, resignificar nosso destino – o bom destino.

O amanhã é muito importante, mas mais do que ele é o hoje, o aqui e agora. Sim, façamos o hoje o melhor possível e teremos um amanhã melhor ainda. E as Religiões Afro-brasileiras/Americanas, por intermédio dos Orixás e Ancestrais Ilustres, nos demonstram os Onan rere a seguir, retificando o destino, afirmando que todos podem fazer um bom destino, e só querer.    
       

Os Orixás e compatibilidade.



Será que o seu ORIXÁ tem a ver com o meu?

Essa é uma pergunta muito comum no início de qualquer relacionamento. Mesmo que uma das partes não leve tão a sério tal assunto, hoje em dia, graças à popularização dos horóscopos de jornais, não conheço quem não saiba ao menos qual é o seu PAI DE CABEÇA. E como tudo na natureza é regido pelo princípio das afinidades, é natural que quando duas pessoas são do mesmo signo, isso de algum modo, as aproxima ainda mais, no mínimo despertando uma nova curiosidade: - E OS GUIAS, ou OS PROTETORES? Todos, sem exceção, buscam algo em comum, pontos de congruências, as tais afinidades, principalmente no início dos relacionamentos, alguma convergência que permita que o “eu” se reconheça no “outro”, para ambos se aproximarem e começarem a conjugar o “nós”.

Essa é a verdadeira arte do encontro, “eu com o outro”, gerando uma terceira e poderosa força de transformação, mas que cada um não teria como produzir, ou acessar sozinho. A Astrologia junto com a Umbanda ajuda a estudar como essas energias combinam-se, a “sinergia” (troca harmônica de energia que brota do contato entre as pessoas que têm afinidades), onde há diferenças ou se potencializam positivamente em reciprocidade. Pois cada pessoa é muito mais do que apenas o seu signo solar. É o céu inteiro do momento de seu nascimento. Por isso há um ascendente, uma Lua, tem Marte e Vênus que são os planetas da polaridade masculino/feminino, da paixão e da atração, que regem a sexualidade. É uma miríade de combinações tão ricas e tão estarrecedoramente precisas que oferece um gigantesco espelho de reflexão sobre a natureza do relacionamento.

Essa complexa parte da Astrologia chama-se Sinastria, o estudo da simpatia entre os astros. Quando me procuram para fazer o estudo de uma Sinastria, e me perguntam se aquela relação vai dar certo, se tal pessoa é a minha alma gêmea... Ou se está escrito nas estrelas, lhes respondo: - Tudo o que acontece está escrito, mas nem tudo que está escrito tem que acontecer. Não existe combinação de mapas tão harmonicamente perfeita que não haja atritos e desafios, e nem tão desafiadora que não tenha nada de positivo, que não agregue valores um ao outro, que não faça ambos crescer. Quão grandiosas são as possibilidades desse tempo, que além de podermos confiar no coração para nossas escolhas, podemos compreender também o real significado de uma parceria, e perceber com isso, inclusive, quando o motivo pelo qual o destino uniu aquelas pessoas se cumpriu, porque isso também está escrito nas estrelas. E é traçado pelos Agentes Carmicos.

Compatibilidades. Seguindo a linha de afinidades do Zodíaco, pois a natureza flui na direção da menor resistência, é natural que signos de mesmo elemento estejam em “influência” mútua, tenham mais fluência no modo de compreensão das experiências de vida, e por conta disso, fluam mais harmonicamente em situações que outras combinações apresentem incompatibilidades de percepção. Claro que existe o risco de hiper enfatizar as dinâmicas ligadas a tal elemento, em detrimento de outras funções, mas de um modo geral, Gêmeos ou Yori (Ar) flui bem com Aquário ou Yorima e Libra ou Oxóssi, e vice-versa. Áries ou Ogum (Fogo) com Sagitário ou Xangô e Leão ou Oxalá, Peixes ou Xangô (Água) com Câncer ou Yemanja e Escorpião ou Nanã e Ouxumaré e Touro Oxossi (Terra) combina bem com Capricórnio ou Yorima e Virgem ou Yori.

Carlinhos Lima - Astrólogo, Tarólogo e Pesquisador.

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O homem sempre buscou os oráculos


A faculdade de adivinhação, ou manteia, é uma capacidade puramente divina. Para compreender a mancia grega é preciso saber que o destino, personalizado pelas três Moiras (môirai, literalmente aquelas que dão [o destino] em partlha), é uma força independente dos deuses, que lhe são submissos e não a podem dobrar. No máximo eles podem retardá-lo e, sobretudo, pressenti-lo e denunciá-lo, de forma velada, aos mortais. Este poder de adivinhação parece, nos primeiros tempos da mancia, estar fortemente ligado à terra e às forças ctônicas, donde os oráculos obtidos por incubação, isto é, transmitidos aos mortais pelos sonhos, após uma noite passada no solo. Um dos mais conhecidos oráculos foi o monje chamado Toniello Campodonico, que viveu e morreu em um vilarejo próximo da região de Fabricio, na Itália.

O oráculo de Delfos permaneceu muito ativo e consultado até o período cristão; os cristãos, contudo, ao caricaturá-lo, ao dar à pítia - a intérprete oracular de Apolo - uma imagem falsa, a de uma mulher histérica e drogada (quando em êxtase de iniciação religiosa), e ao transmitir textos errôneos, contribuíram muito para o abandono. Entre os testemunhos mais seguros, temos os de Plutarco (circa 46-circa 120 de nossa era), que ocupou por longo tempo o cargo de sacerdote do templo de Apolo, encarregado do santuário oracular. Sabemos, graças às escavações realizadas em Delfos, que o santuário foi um dos mais frequëntados e mais ricos.

A Pítia, Sibila ou Pitonisa foi consultada antes de vários empreendimentos importantes, como guerras e fundação de colônia. Os países helenizados em torno do mundo grego, como Macedônia, Lídia, Cária e até mesmo o Egipto, respeitaram-no também. Creso da Lídia consultou Delfos antes de atacar a Pérsia e, de acordo com Heródoto, recebeu a resposta "se lançare-tes a guerra um império caírá." Creso entendeu a resposta achando que o imperio de seu inimigo caíria e não o seu então, atacou a cidade, mas seus inimigos destruíram seu império.

As civilizações antigas consultavam oráculos para diversas finalidades. Na mitologia escandinava, Odin levou a cabeça do deus Mimir para Asgard para ser consultada como oráculo. Na tradição chinesa, o I Ching foi usado para adivinhação na dinastia Shang, embora seja muito mais antigo e tenha profundo significado filosófico.

Por extensão, o termo oráculo designa tanto a divindade consultada como o intermediário humano que transmite a resposta, e ainda o lugar sagrado onde a resposta é dada. A língua grega distingue estes diferentes sentidos: entre numerosos termos, a resposta divina pode ser designada por χρησμός - khrêsmós, literalmente o fato de informar. Pode-se também dizer φάτις - phátis, o fato de falar. O intérprete da resposta divina é freqüentemente designado por προφήτης - prophêtê, aquele que fala em lugar (do deus), ou ainda μάντις - mántis. Por fim, o lugar do oráculo é χρηστήριον - kherêstêrion.

Os oráculos gregos constituem um aspecto fundamental da religião e da cultura gregos. O oráculo é a resposta dada por um deus que foi consultado por uma dúvida pessoal, referente geralmente ao futuro. Estes oráculos só podem ser dados por certas divindades, em lugares determinados, por pessoas determinadas e se respeitando rigorosamente os ritos: a manifestação do oráculo se assemelha a um culto. Além disso, interpretar as respostas do deus, que se exprime de diversas maneiras, exige uma iniciação.

Oráculos são seres humanos que fazem predições ou oferecem inspirações baseados em uma conexão com os deuses. No mundo antigo, locais que ganharam reputação por distribuir a sabedoria oracular também se tornaram conhecidos como "oráculos", além das predições em si mesmas. A mancia, isto é, o domínio da adivinhação, não é, no mundo grego antigo, constituído só pelas ciências oraculares. Os adivinhos como Tirésias são considerados personagens mitológicos: a adivinhação, na Grécia, não é assunto de mortais inspirados mas de pessoas que respeitam determinados ritos, embora a tradição tenha podido dar a impressão de tal inspiração, ou, literalmente, ἐνθουσιασμός - enthousiasmós, entusiasmo, isto é, o fato de ter deus em si.

Orixas e Psicologia


A partir do diálogo entre diversas abordagens e da discussão sobre interdisciplinaridade tal como proposta pela abordagem da cultura, concluímos que a Psicologia Transpessoal atende a essas necessidades. De posse desse instrumental teórico, analisamos o transe, momento axial no Candomblé. Para atingi-lo, seus adeptos submetem-se a ritos de iniciação com o objetivo de religá-los às energias primordiais (os Orixás). Energias geradoras de todas as coisas, os Orixás são arquétipos transcendentes, no sentido platônico do termo; energias constituintes de todas as coisas, são também protótipos existente no inconsciente, transmitindo características entendidas pelos adeptos como tipos psicológicos.
Durante os ritos de iniciação, a subjetividade do adepto se reconstrói; apesar de manter-se singular, a conexão com os Orixás que formam sua essência fazem com que adquira as características desses Orixás: todo o trajeto das iniciações revela uma essência espiritual, cósmica, primordial, sempre presente mas ignorada, graças à fratura entre Orum (o mundo dos Orixás) e Aiyé (o mundo criado).
O transe é o momento de religação e unidade: os Orixás manifestam-se em seus adeptos, dançam e espalham seu axé. Nessa perspectiva, o ser humano pode ser definido como um centro de relações, um indivíduo parte de um grupo religioso e do Cosmo, um dos elos numa cadeia de eventos intercomunicados e infinita. Por isso quando se percebe em desarmonia com seu mentor, o individuo, começa a sentir disturbios não só para ele proprio, mas, começa a ser visto como desequilibrado pelos demais, como se tudo que ele dissesse ou fizesse, fosse fora do comum. Isso é ainda pior quando esse disturbio é identificado, como sendo Exu a energia atuante nessa desarmonia entre o Ori e a mente da pessoa.
Pelo enfoque da psicologia, os orixás, inquices e voduns (nomes dessas entidades em outras tradições de candomblé) são arquétipos do comportamento humano, são personalidades que definem traços específicos. O rico panteão africano contém mais de 600 orixás, porém os tipos mais conhecidos entre nós formam um grupo de 16 deuses. Eles também estão associados à corrente energética de alguma força da natureza. Assim, Iansã é a dona dos ventos, Oxum é a mãe da água doce, Xangô domina raios e trovões, e por aí afora.
Uma boa demonstração dessa influência cultural, fora das comunidades de seguidores, são as concorridas festas dedicadas à Iemanjá, a Rainha das Águas , e a Ogum, o Senhor da Guerra, sincretizado na umbanda com São Jorge. Ogum foi nomeado patrono das nossas forças armadas, e Iemanjá, a Grande-Mãe africana que veio zelar por seus filhos nestas terras, configura uma das mais belas expressões da alma religiosa nacional. Anualmente, as ofertas que os devotos da deusa lhe fazem no mar são comemorações amplamente noticiadas pela mídia, constituem rituais coletivos abertos a todos. Penso que são uma outra maneira encontrada pelo nosso povo para renovar-se no oceano desse infinito amor, lavando-se de ódios e amarguras antes de seguir caminho.
Contribuindo para a divulgação das religiões dos orixás no País, Carlos Eugênio Marcondes de Moura lançou recentemente outra coletânea de ensaios, extraídos da pesquisa de autores cujo trabalho tende a permanecer mais restrito ao ambiente acadêmico. Intitulado Candomblé: Religião do Corpo e da Alma (Pallas Editora), este é o sétimo de uma série de livros, iniciada em 1981, que se destina a resgatar a produção de antropólogos, sociólogos e psicólogos, brasileiros ou não, empenhados em investigar a religiosidade afro no Brasil. Como organizador da coleção, Carlos Eugênio realizou extenso levantamento bibliográfico acerca do culto aos orixás no Brasil, Cuba, Haiti, Nigéria e Benin, chegando a mais de dois mil títulos.
Tipos Psicológicos nas Religiões Afro-brasileiras é o subtítulo desse novo volume, constituído de seis ensaios que exploram as identidades míticas e sexuais próprias do culto.

Em “De Iyá Mi a Pomba-gira: Transformações e Símbolos da Libido”, Monique Augras analisa os aspectos da sexualidade feminina que são destacados pelos seguidores das nossas religiões de origem afro. A propósito, convém saber que as mães ancestrais (as Iyami Oxorongá) tinham sua face terrível intocável, algo que foi suprimido da figura de Iemanjá – também assimilada com várias Nossas Senhoras – pela umbanda.

A Rainha das Águas, então, é apresentada como “uma moça branca, linda, de cabelos compridos, com vestido branco-azulado, que sai do mar, cheia de luz. Essa imagem impôs-se como única representação de Iemanjá, a ponto de moldar a expressão corporal de suas sacerdotisas”, comenta Augras, informando que o “iemanjismo” nasceu de um desdobramento da umbanda no Rio de Janeiro.

Esvaziada do seu conteúdo sexual, Iemanjá vira a mãe desafricanizada, moralizada. Na sua origem ela é esposa de Oxalá, o pai de todos os orixás, havendo tradições que a situam como amante de Orumilá e de Orânhiã. Pois a poligamia faz parte dos relacionamentos entre os deuses africanos.

No extremo oposto à Iemanjá, Monique Augras expõe a função da Pomba-gira, no contexto da umbanda, como entidade que subverte a ordem pela manifestação livre do poder genital feminino. A Pomba-gira é a forma feminina de Exu, e nos meios umbandistas ela pode ser descrita como serva de Iemanjá. Demonstra agressiva sensualidade, traz flores nos cabelos e usa saias rodadas, executando uma dança frenética.
Uma definição sucinta, o candomblé é o culto aos orixás. Sendo que “candomblé” é o termo genérico atribuído às diversas correntes derivadas do culto aos deuses africanos, trazido pelos negros escravizados que começaram a chegar neste continente no século 16. Suas diferentes raças e origens (jeje, iorubá, angola, ketu, malê, efam, congo, entre outras) explicam a multiplicidade de suas manifestações pelo território brasileiro, o que faz o candomblé da Bahia, por exemplo, ter características distintas do candomblé praticado no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Ele se mantém fragmentado em várias “nações”, conservando, entretanto, uma unidade em torno da sua essência original, que se acredita remontar à pré-história.
Aos orixás são feitos pedidos de proteção, de saúde, de prosperidade, de ajuda na resolução de problemas existenciais, seja para conseguir um emprego, recuperar um amor ou favorecer uma transação comercial, seja para enviar ou desfazer trabalho de demanda (magia para prejudicar). Tem-se a impressão de que não há limites à ação dessas forças na vida dos seres humanos, inclusive porque o candomblé não é regido pela dicotomia que separa as coisas entre bem e mal. Daí vem o preconceito e o medo que os leigos sempre alimentaram contra os macumbeiros, geralmente encarados como indivíduos sem ética e dispostos a dar qualquer atendimento em troca de uma boa recompensa.
O povo tem o hábito de dizer que são espíritos de prostitutas que baixam nos terreiros. Todas usam as cores vermelha e preta, e, no caso de ser acrescentado o branco, trata-se de Pomba-gira cruzada com a “linha das almas”. Entre as mais cultuadas estão Maria Padilha, Maria Quitéria, Maria Molambo, Rosa Caveira, Pomba Rainha, Pomba-gira Cigana e Pomba-gira das Almas. Segundo Augras, a Pomba-gira é fruto da criatividade carioca, da adaptação à nossa realidade de uma divindade masculina – Bombojira –, o equivalente congo do Exu iorubá.

Na cosmologia africana, o mundo começa com a proposição da cabaça igbá-odu, dividida em duas metades ligadas e simbolizando a esfera do invisível e o plano físico. Para o adepto do candomblé, o corpo, enquanto principal veículo à manifestação dos orixás, é o elemento que auxilia a suprimir a distância entre o invisível e o visível. Por isso o cumprimento das obrigações rituais assegura a saúde e o bem-estar da pessoa, garante o necessário equilíbrio entre ela e o seu orixá.
Em termos religiosos, o corpo está diretamente relacionado a uma divindade e, conseqüentemente, a um dos elementos naturais primordiais (água, terra, fogo, ar), entre outras coisas agregadas por associação. O corpo é entendido como uma manifestação da ação sobrenatural, e seu processo de criação atesta isso. É o orixá primordial denominado Ajalá (uma das qualidades de Oxalá), o fazedor de cabeças, que combina vários elementos naturais no orum para moldar o doble do ser humano. Concluído este doble, cabe a Orinxalá (outro título de Oxalá) insuflar-lhe a vida com seu hálito divino (emi).

Além do orixá de cabeça, que é o principal e define o comportamento físico-biológico-psicológico de uma pessoa, todo mundo também tem o ajuntó, o segundo orixá. A maneira de saber o santo-de-cabeça é por meio do jogo de búzios, realizado por um pai ou mãe-de-santo, que ainda poderá diagnosticar doenças e outros distúrbios da vida pessoal do consulente.
As doenças e a cura têm, na interpretação do candomblé, um caráter essencialmente sobrenatural, motivado por determinados fatores, tais como a ação ou “marca” de um dos orixás sobre o indivíduo escolhido para cumprir a iniciação parcial ou total. Nos casos observados, eles concluíram que as doenças e os distúrbios psicossomáticos motivaram a maioria das decisões pessoais para o desenvolvimento da iniciação.
A ação ou marca de um dos orixás sobre um iniciado que tenha negligenciado suas obrigações religiosas e sociais é outro fator. Considerando que o corpo é um “centro de inscrições e símbolo do contrato sócio-religioso estabelecido a partir da iniciação”, a instalação do mal físico pode significar a transgressão de regras já definidas, bem como a negligência com os assentamentos (o processo ritualístico que liga o axé a um corpo material) individuais. A ausência às atividades litúrgicas dos terreiros também pode ocasionar uma quebra de laços, abalando o axé e a força de trabalho da comunidade.

A quebra de regras, transgressões de tabus alimentares ou de interditos sexuais, estipulados pelos laços de parentesco inerentes à família-de-santo, são outras formas de aborrecer os deuses africanos. “Percebemos que não se trata de preconceitos rígidos”, anotaram os autores, “mas de regras e valores que estão dirigidos para a reafirmação do poder sobrenatural, isto é, da ação dos orixás sobre os seres humanos”. Infrações dessa natureza podem causar problemas físicos, psíquicos ou sociais.
A contaminação pelo contato com os eguns (espíritos de mortos) é vista como algo bastante poluidor, gerando as perturbações denominadas de “encosto”, responsável pelo desequilíbrio físico e social do indivíduo. Os rituais de purificação ajudam a cortar os vínculos com o morto e a solucionar os conflitos daí resultantes.
A contaminação por elementos naturais, pela ação de vírus, micróbios e demais agentes. Essa modalidade de contágio é outro exemplo do descuido com o próprio corpo, que na interpretação do candomblé deve refletir o equilíbrio proporcionado pelo axé, a qualidade mágico-sagrada de toda divindade, inerente a todas as coisas. Portanto, o adepto assim contaminado pode estar na situação conhecida por “corpo aberto”, característica da perda ou falta de axé. Perder axé pode ser conseqüência da menstruação ou da vida sexual desenfreada, de transgressões ou do desrespeito a regras determinadas pelo pensamento sócio-religioso.
As representações de sintomas e doenças congregam um inter-rela- cionamento simbólico que associa e une as diferentes partes do corpo, os orixás e seus mitos e histórias, assim como os princípios da organização social. No caso de um iniciado, a sintomatologia pode ser a marca do seu santo-de-cabeça, ou de outra entidade secundária, integrante do seu “carrego de santo”, enfatizam os autores. Vejamos quais são essas relações.
Obaluaiê (versão jovem de Omolu) responde pelas doenças de pele e epidêmicas . Mas é a Oxumarê (orixá bissexual que simboliza a transformação incessante) que se atribui o vitiligo, e a Nanã (a mais velha deusa das águas) que se confere a erisipela. Acredita-se que o parentesco mítico entre eles justifique essa divisão de responsabilidades.

A marcação da relação de domínio entre orixá e adepto também aparece sob a forma de alergias cutâneas e dermatoses como coceiras e manchas, e recebem tratamento ritual com banhos de ervas e ofertas de pipocas – “as flores de Obaluaiê”.

Iemanjá e Oxum, ambas relacionadas ao elemento água, à feminilidade e à maternidade, têm por “marcas” as doenças venéreas femininas, a falta/excesso de regras menstruais, os abortos, a infertilidade e outros distúrbios do gênero.

Xangô e Exu, divindades viris do elemento fogo, estão ligadas aos problemas masculinos de impotência e infertilidade. As queimaduras também estão na sua esfera de influências.

A Oxóssi, a divindade da caça e “dono de todas as cabeças”, de acordo com os candomblés ketu, estão associados os distúrbios emocionais, as chamadas doenças da cabeça e as manifestações de loucura. Os autores explicam que tais sintomas também são atribuídos a Ossâim e, mais raramente, a Iansã, que ainda está associada à ninfomania. Outros sinais de Oxóssi são os males do fígado e da vesícula, as úlceras estomacais e as enxaquecas, sintomas que às vezes são notados como particularidades de seu filho Logunedé, orixá bissexual ligado à água doce e à floresta.
Por sua afinidade com o elemento ar, Iansã pode marcar os filhos transgressores através de asma, falta de ar, enfisemas e outros males das vias respiratórias. Ogum, patrono do progresso tecnológico, se relaciona com os ferimentos e cortes causados por instrumentos e acidentes automobilísticos.
Os pesquisadores verificaram que as doenças do sistema circulatório e cardiovascular, como as inchações, artrites e artroses, vinculam-se aos orixás primordiais da criação: Oxalá, Nanã e Iemanjá. E que os “males de velhos” (distúrbios e dores renais ou reumatismo) são atribuídos a Oxalá e Nanã.
A Aids é tida como um flagelo de Ossâim, fato que os autores interpretam pela relação desse orixá “com a sexualidade de maneira geral e em especial com a homossexualidade”.

Na terapêutica dos terreiros de candomblé, não se pode deixar de destacar as funções desempenhadas pelas espécies do mundo vegetal, que são fontes de axé e elementos essenciais no restabelecimento da harmonia entre o ser humano e o mundo divino. Isso é algo que as religiões afro-brasileiras procuram estender a todos os componentes de suas comunidades, e mesmo aos seus freqüentadores ocasionais, que recorrem às suas práticas apenas nos momentos de crise.

Carlinhos Lima - Astrologo, Tarologo e Pesquisador.
Fonte Planeta Web
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