No passado o culto ou cultos oriundos da interação das três matrizes sofreram perseguições, principalmente pelo Santo Ofício da Inquisição, acusados de “bruxaria”. Ao contrário das religiões do livro (possuem livros sagrados) – Bíblia, Torá e Corão, as religiões Afro-brasileiras tem seu conhecimento calcado na tradição oral, sendo também preconceituadas por este motivo. E eu concordo que esse é o ponto fraco das religiões afro-brasileiras. Apesar de muitos defenderem a importância da Tradição Oral pra Umbanda, pra mim, foi justamente por essa porta, onde adentraram as enganações, as superstições e onde se macularam todo conhecimento verdadeiro. Por que deixa-se margem pra cada um fazer o que bem entende, dizer o que lhe vem a cabeça, como também não fornece-nos um código seguro pra acessarmos quando precisamos tirar uma dúvida, assim como acontece com o cristianimos que recorre a Biblia quando o cristão tem duvidas, ou no judaismo onde se consulta a Torah, no Islamismo se consulta o Alcorão e em outras religiões, até mesmo na bruxaria mundo à fora!
Na verdade se não fosse o valioso trabalho de antropologos, historiadores e mestres como o Senhor Da Matta, a Umbanda poderia até ter sumido do mapa, como varias outras religões antigas. Nos séculos mais próximos dos dias de hoje houve preconceitos e violências várias cometidas contra as religiões Afro-brasileiras, como invasão de terreiros e a prisão de seus membros acusados de praticar curandeirismo, charlatanismo, entre outros. Atualmente há também a intolerância das religiões neopentecostais (declarada) e de outras religiões (tácitas), que invadem e depredam terreiros.
Todo esse problema enfrentado pelos adeptos de cultos afro-brasileiros, tem por um lado a malignidade de muitos que se incomodam com a busca espiritual dos outros, sendo assim ferramentas do Diabo, tentando atrapalhar a busca de cada um, tanto por intolerância, quanto por ignorancia e maldade. Mas, por outro lado há também culpa por parte de muitos dos perseguidos, por que grande parte usou mal os conhecimentos, inseriu absurdamente a supertição, magia negra e manipulação que assusta muita gente até hoje. Isso sem falar nos charlatões, nos mentirosos que usam a fé pra roubar o tempo e o dinheiro dos outros, como també enormes distorções que implementaram ao longo do tempo. De um lado por falta de conhecimento e por outro por maldade e ambição pra vender aquilo que não são donos.
As religiões Afro-brasileiras se baseiam na tradição oral, no transe mediúnico ou de possessão, culto aos Orixás (Voduns, Inkices); culto aos Ancestrais Ilustres (espíritos desencarnados - denominados de eguns no Candomblé e espíritos protetores em outros cultos), o canto sacro, a música sacra, a dança sacra, podendo alguns cultos ter sacrifício animal e o uso de bebidas que propiciam “estado superior de consciência”. Até ai tudo bem! No entanto o que nos chama atenção é a limitação, ou seja, não temos como comprovar que o que uma entidade diz a um medium seja mesmo verdade; ou que a tradição oral tá correta, sem macula ou distorções! Enfim, temos que aceitar sim que tudo é mutavel, mas, que tudo também tem coisas predeterminadas, tem códigos e leis que são imutáveis. Na verdade o que é mutavel é o mundo físico, mas, o mundo espiritual tem hierarquia, parametros cosmicos e sabedoia. E até mesmo no mundo materia, vemos que algumas coisas não são mutaveis. Veja que o ser humano tem seu codigo genético, que o sistema solar tem seu ritimo e que há um ciclo existencial que nos revela o processo de nascimento, evolução e morte!
O verdadeiro mago é aquele que ao elervar-se em sabedoria sabe observar o tempo, obedecer a lei e flutuar entre o mutavel e o imutável com imensa maestria. Creio que a tradição oral tem sim sua importancia, mas, não pode ser colocada como regra principal. Por isso admiro muito o trabalho dedicado de Mestre Mata e Silva em tentar decodificar a Umbanda, tornando-a mais esoterica, mais convergente e mais organizada.
Pela riqueza de detalhes doutrinários e ritualísticos somados com a imensa diversidade, os cultos nem sempre foram bem compreendidos pelos forâneos, que estão eivados de preconceitos firmados em seus pontos de vistas, sem nenhuma isenção. Mas, não devemos culpá-los tanto, pois, a propria Umbanda e os demais cultos tem muita culpa disso, por que nunca se fizeram compreender como deveria. Felizmente, a sociologia e a antropologia de hoje afirmam que não há religiões superiores ou inferiores, certas ou erradas, de deus ou do demônio, pois quem assim julga, o faz de forma preconceituosa, principalmente por ser adepto de outras religiões, que não as Afro-brasileiras. No entanto, temos que aceitar os fatos que também mostram que se há algumas religiões que resistem ao tempo, outras decaem, deixam de existir, perde grande parte de sua importancia ou simplesmente se transformam, enquanto outras surgem, ou se fortalecem. Por isso sabemos bem que se o homem tem o poder de escolher, por outro lado há a necessidade de ajustes, ou seja, temos que seguir aquilo que mais nossa alma se adapta e se sente bem. Só que essa escolha tem que ser sábia, não manipulada ou carregada de uma fé cega.
Afirmamos que a macumba era a Umbanda, a sua primeira manifestação ou pelo menos assim foi entendida. Com isso estamos dizendo que ela deu formação as várias religiões afro-brasileiras ou também as várias Escolas, não como algo instituído, mas sua manifestação. Podemos concluir que a maioria das religiões afro-brasileiras ou Umbanda deve sua formação a maior proximidade com as religiões indígenas em conjunção com alguns grupos africanos (Angola, Congo, Cabinda). Entre esses cultos citamos a Pajelança, o Catimbó, a Umbanda Traçada, o Candomblé de Caboclo (Angola), entre muitos outros.
O riquíssimo panteão das religiões afro-brasileiras com seus Pais Divinos (Orixás) e Pais Ancestrais (entidades espirituais) e toda gama de entidades que pululam no imaginário, no simbolismo de seus prosélitos tem como concretizador aquele que é patrono do movimento, dos limites, dos caminhos, das trocas simbólicas – Exu, Sr. do Mercado das Tradições afro—brasileiras, entidade presente em todas as religiões afro-brasileiras. Outros cultos como o Tambor de Mina, o Xangô Pernambucano, o Batuque Gaucho e outros, receberam fortes influências de grupos Jejes e Nagôs.
As religiões afro-brasileiras estão em contínua mudança, transitando da primeira interação (assimétrica), no século XVI ao fenômeno da convergência (iniciado no final do século XX, sem data para o término). No entanto essa mudança não pode se dar calcada no modismo, no sectarismo, nas alucinações de sensacionalistas ou na mentira. Na verdade não podemos confundir reajuste com mudanças bruscas. O que deve ocorrer na verdade são adaptações para uma melhor compreensão, para uma melhor fluidez e aceitação. Vamos repelindo o que é simples superstição, vamos excluindo o que é apenas engodo e vamos incorporando o que traz conhecimento com evolução. Assim como fez o grande Mestre Matta e Silva, Rivas Neto e Itaoman. Mas, sem ficarmos reféns da tradição oral e sim estudando e nos aprofundando nos códigos sagrados do divinismo, pois, não tenham duvida, existe sim um!
O motivo das partes (matrizes) não representar o todo (as religiões afro-brasileiras)deve-se as mesmas não manterem sua identidade quando estão separadas de sua função e lugar no todo. Pelo texto concluímos que as religiões afro-brasileiras têm maior adesão a matriz ameríndia e a matriz africana. As religiões afro-brasileiras respeitam e conciliam os fundamentos cristãos (Kardecismo e Catolicismo) e os não cristãos (cultos africanos e indígenas), talvez por não serem maniqueístas. Só que essa adesão apenas com esses cultos, que carregam em si grande sectarismo, muitas vezes fanatismo e um alto grau de incompreensão ou primitividade, a Umbanda perdeu grande parte de seu lado mais forte que é o de decodificadora! Temos que admitir que Kardec fez um grande trabalho ao tentar decodificar a espiritualidade, pois, assim como Matta e Silva, captou que tudo no universo tem uma ordem, mas, mesmo acessando conceitos hindus e budistas, ficou amarrado no lado preconceituoso, exclusivista e limitador do cristianismo. Por isso considero que o trabalho de Matta e Silva, profundamente invejado por certos autores ficcionista foi uma grande sacada, ao imprimir cabala, astrologia e elaborar muito bem com africanismo, pajelança e magia! Salva Matta e Silva.
Um outro grande erro da Umbanda foi ignorar ou totalmente excluir a importancia dos anjos, arcanjos e do Deus Supremo. Na verdade Matta e Silva em sua grande sabedoria imprimiu o nome dos arcanjos, captando bem a grande importancia desses seres poderosos. O erro foi coloca-los a serviço dos orixás e não os orixás atuando nas vibrações deles! Orixás na verdade atuam na faixa vibratoria ancestral da humanidade, já os anjos, são seres celestiais, cosmicos e atuam na faixa da divindade mais elevada, por isso os considero mais poderosos e comandantes dos raios, como bem enxergou Blavaski e outros esotericos da Fraternidade Branca.
A História, mais especificamente a historiografia das religiões Afro-brasileiras, afirma que as mesmas surgiram da maior ou menor influência que tiveram do encontro ou interação de três matrizes: o catolicismo europeu (com um sistema de culto popular e com rico imaginário de seus fiéis); as religiões de povos indígenas brasileiros (sincretismo endógeno) e, finalmente, das religiões de povos africanos, também sincretizados, ainda em África. Mas, sabemos bem que a Ancestralidade e mediunidade são bem mais antigos, não dependem exclusivamente da cultura de qualquer continente.
Na verdade a Macumba é um dos códigos da Umbanda, do Candomblé e dos demais cultos afro-brasileiros ou amerindios. A Macumba foi na verdade, junto com a incorporação a primeira manifestação desses cultos. Só que muita gente movida pelos desejos pessoais, pela ganancia ou pela desinformação nem notou que grande parte do conhecimento verdadeiro ou importante foi distorcido, incorporado a outros seguimentos, muitos deles mentirosos, e que muito da macumba que conhecemos hoje não passa de superstição.
A Umbanda, a incorporação, os ritos, a tradição oral, cantos, danças, caracterização de entidades e outras práticas na verdade são códigos. E o verdadeiro mago de Umbanda sabe bem seguir e destinguir os códigos que são realmente importantes, ao contrário dos tolos e mentirosos. e os oraculos como o maravilhoso Orumilá Ifá, Buzios, Tarô e a belissima Astrologia, entre outros, são ferramentas importantissimas pra ajudar-nos a compreender mais facilmente esses códigos fantásticos.
Carlinhos Lima - Astrologo, Tarólogo e Pesquisador
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