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sábado, 8 de fevereiro de 2014

A essência da Umbanda e o segredo da magia dos orixás, não está apenas na Tradição Oral e sim nos códigos sagrados dos Ancestrais


Analisando bem à fundo os cultos africanos dos orixás, da busca da magia e da ancestralidade, é que podemos perceber como no Brasil esses cultos se perderam. A Umbanda em especial tá quase dissipada, extinta e sem axé. O Candomblé tem ainda a essência, mas, o cristianismo destruiu a essência que a Umbanda deveria ter. Na verdade o que temos hoje é uma predominância do sincretismo e um domínio de conhecimentos kardecistas que se impõe a Umbanda, mesmo sem nada ter de Umbanda.

Isso tudo tem haver com os grandes reformadores que tentaram embranquecer a Umbanda, o que na verdade não contra a todas as cores fazer parte da Umbanda, pelo contrário, acredito que as origens da Umbanda vão além do continente africano, muito além. Assim como também a mediunidade, magia e conhecimentos espiritualistas vão muito além dos conhecimentos que Kardec buscou. A Umbanda tem pluralidade e não é inserir conceitos do cristianismo ou qualquer outra religião que tá sufocando a Umbanda, mas, a sobreposição forçada. A ponto de vermos pais e mães de santo atendendo em centro kardecistas, com o Evangelho dos Espiritos como regra e uma mistura tremenda que tá dizimando a Umbanda.

A OICD que foi uma aposta de reavivar o movimento umbandista, se aprofundar nas pesquisas e buscar novos conhecimentos, além dos originais, parou no tempo e se prendeu na Tradição Oral, o que é ao mesmo tempo a herança do povo que cultua o orixá, mas, também sua dissipação. Em primeiro lugar por que dá margem a diversificadas interpretações e como sabemos, no meio dessa diversidade toda, entram mentiras e loucuras que só confundem, em especial o simpatizante que não sabe filtrar.

Outro caminho que a OICD tomou foi o de desviar-se do Caminho de Da Matta, que se aprofundou muito no olhar dos Upanishidas e doutrinas do Oriente, pra uma grande africanização. O que eu não sou contra, mas, que não pode ser apenas este o caminho, disso eu não tenho dúvida. A cultura Iorubá, seja ela no continente africano ou no caribe, não isenta das culturas orientas, e como a magia do mundo inteiro, tem influencias dos antigos vindos da Mesopotamia e culturas até mais antigas. Na verdade a magia se mistura, mesmo que adaptada a cultura de um povo e seus ancestrais, sabemos que toda ancestralidade surge de uma origem, as raizes partem de um princípio e por isso toda magia é interligada. Não podemos estacionar nem na forma orientalizada de Da Matta, nem numa unicamente africanizada que quer propor hoje alguns de seus sucessores.

A Umbanda vive de suas encantarias, santarias, rezas, mesclas, sincretismos e disfarces culturais, mas, não pode expurgar seu lado místico como o dos oráculos e a principal função que é a ritualística sagrada. Assim sabemos que o Ifá é uma das peças mais importantes para o culto do orixá, da mesma forma que os búzios e outros oráculos ainda mais esquecidos e profundos usados pelos magos iorubas e africanos. Mas, hoje se tenta fazer uma Umbanda, onde substitui-se os antigos oráculos apenas por rezas e isso não é positivo. Sem os caminhos apresentados por Orunmilá, não se evolui no caminho do orixá. As incorporações não substituem tudo, não revelam tudo e não preenchem as lacunas. Aliás, nem toda incorporação é confiável, não sabemos se o espírito que tá do outro lado é realmente o que diz ser, nem se ele realmente pensa o que revela. Se a incorporação pudesse suprir tudo, os próprios orixás, exus e magos babalaôs, não consultavam os oráculos.

Assim como os anjos não conhecem os projetos de Deus, os orixás não conhecem os planos sagrados de Olorum. Vivemos numa Umbanda de incenação onde o que conta é a pirotecnia, a arrecadação e não a magia sagrada dos sagrados ancestrais. Temos que reformular a Umbanda, não ser unicamente dependente da Tradição Oral. 

Percebam que toda religião que ficou a mercê apenas da Tradição Oral, sumiu do planeta. O que seria da Wicca sem seus estudos e livros? O que seria do Kardecismo sem o trabalho de Alan Kardec ou o que seria do cristianizo sem a Bíblia? E o Islamismo o que seria dele sem o Alcorão? E da mesma forma os cultos não existiram sem os mitos e a Tradição Oral, mas, já teria sido extinta se não fossem os conhecimentos de Ifá e búzios. Assim estudar os códigos e organizá-los adaptando a nossa época é preciso. E é um desperdício pra aqueles que tem seus institutos de pesquisas, material, especialmente material humano e para no tempo se rendendo a Tradição Oral, que no Brasil foi tão deturpada e quase engolida pelo cristianismo.

A magia não se faz apenas com incorporações ou com mitos vagos, repetitivos e incompletos. Ele tem pedaços como uma colcha distribuída pelo mundo. A magia nasce na grafia sagrada que não é a de Guiné e sim de uma Pemba muito mais profunda que é alinhada aos conhecimentos dos adivinhos, magos e bruxos. E essa grafia não se faz apenas com entidades menores, mas, com conhecimentos de Orunmila que é o que realmente conhece o destino, de Ifá que realmente nos revela esse destino, de Exu que movimenta a magia, de Oshoronga que conhece o lado mais sombrio e dos orixás que detém o axé distribuído por equivalência e obrigações.

Foi através da pesquisa de muitos anos que a inspiração me veio, dai surgiu a Umbanda Astrológica, a analise dos astros pelo prisma dos orixás e dos orixás pela visão astrológica. E cheguei recentemente a outras portas importantes que são: Astro-Odús, a soma dos odús pela data de nascimento, que é um método totalmente diferente do que temos na internet, pois usa outro calendário e metodologia; E a Ifá-astrologia, que alinha os signos zodiacais aos odus. Ambas as técnicas são avanços, pois puxa o conhecimento dos ancestrais as mãos do astrólogo. Sendo que o Orunmilá-Ifá e o Opon-Ifá, são para sacerdotes e esses outros métodos é para buscadores e iniciados. Abre o tempo a quem realmente precisa, aprofunda o conhecimento sobre si mesmo e abre o conhecimento sagrado a quem realmente quer encontrar seus orixás e senhores do destino.

Axé a todos.

Carlinhos Lima.

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