Cientistas anunciam ter detectado ondas gravitacionais, comprovando teoria de Einstein
O fenômeno, minúsculas distorções no campo gravitacional do Universo que transportam energia pelo espaço, é uma das previsões da Teoria da Relatividade Geral de Einstein. Anúncio foi feito por cientistas nesta quinta-feira em Washington, nos Estados Unidos
As ondas gravitacionais, previstas na Teoria da Relatividade Geral, de
Albert Einstein, foram diretamente detectadas pela primeira vez,
anunciaram cientistas do Observatório de Ondas Gravitacionais por
Interferômetro Laser (LIGO, na sigla em inglês), nesta quinta-feira. De
acordo com os físicos, há "pouca ou quase nenhuma ambiguidade" nos
sinais captados. O fenômeno é a única parte da teoria de Einstein que
ainda não havia sido comprovada, e sua confirmação é uma conquista
histórica buscada há pelo menos cinquenta anos pelos pesquisadores.
"Detectamos ondas gravitacionais. Conseguimos", disse David Reitze,
diretor executivo do LIGO, durante a coletiva de imprensa realizada em
Washington, nos Estados Unidos, que colocou fim a meses de rumores e de
grande expectativa entre a comunidade de pesquisadores diante de uma
descoberta que abre caminho para a redescoberta do Universo. "Nossa
observação das ondas gravitacionais cumpre um ambicioso objetivo
estabelecido há cinco décadas para detectar de maneira direta este
fenômeno e entender melhor o Universo. Além disso, completamos o legado
de Einstein no centenário de sua Teoria da Relatividade Geral", afirmou
Reitze.
Em sua teoria, Einstein previu que os objetos que se movimentam no
Universo produzem ondulações no espaço-tempo - aquilo que os físicos
descrevem metaforicamente como o tecido do universo, o ambiente dinâmico
onde todos os acontecimentos transcorrem -, e que estas se propagam
pelo espaço. As ondas gravitacionais seriam essas minúsculas distorções
no campo gravitacional do Universo que transportam energia, uma espécie
de "eco" dos eventos cósmicos.
De acordo com os cientistas, esses sinais foram registrados por dois
detectores do LIGO em 14 de setembro de 2015, um localizado em
Livingston (Louisiana) e outro em Hanford (Washington), nos Estados
Unidos. Os detectores, com braços de cerca de quatro quilômetros de
extensão, foram feitos para captar oscilações muito mais sutis que a luz
- eles poderiam registrar distorções viajando no espaço se tivessem o
tamanho de um milésimo do diâmetro de um núcleo atômico.
Os cientistas estimam que esses sinais, que seriam "exatamente" o que a
teoria de Einstein previa, sejam resultado da interação entre dois
buracos negros, um com 36 vezes a massa do Sol e o outro com 29 vezes a
massa solar. Após girar velozmente um ao redor do outro, eles acabaram
colidindo, dando origem a um único buraco negro (em um evento chamado
pelos físicos de "coalescência"). Toda essa movimentação, que aconteceu a
cerca de 1,3 bilhão de anos-luz de distância (cada ano-luz equivale a
9,46 trilhões de quilômetros), liberou ondas gravitacionais com energia
equivalente a cerca de três vezes a massa do Sol - é bastante, em termos
astronômicos. Foram essas ondas que o LIGO observou
A pesquisa foi publicada no periódico Physical Review Letters,
nesta quinta-feira, em um artigo assinado por mais de 1.000 autores.
Durante este ano, novas detecções estão previstas para serem feitas pelo
LIGO.
Em março de 2014, cientistas haviam feito anúncio semelhante
sobre a detecção das ondas gravitacionais. Contudo, o fenômeno não foi
confirmado pelas análises posteriores dos cientistas, que acreditam que
os sinais seriam, na realidade, poeira espacial
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