Astrofísicos estudaram as órbitas dos planetas de Alpha Centauri e tentaram descobrir se há exoplanetas habitáveis.
Astrofísicos simularam os parâmetros orbitais de exoplanetas no sistema estelar Alpha Centauri AB, o mais próximo de nós, e descobriram que estes planetas são improváveis de serem habitáveis, segundo resultados publicados na revista Astrophysical Journal.
Aproximadamente metade de todas as estrelas da nossa galáxia pertence a sistemas estelares binários.
Pesquisadores americanos do Instituto de Tecnologia da Geórgia, EUA, e da NASA decidiram descobrir quais parâmetros devem ter um planeta em sistemas binários, ou seja, com dois sóis, para que haja vida.
Os cientistas simularam o sistema binário Alpha Centauri AB mais próximo, onde a estrela B do tamanho do Sol e a estrela maior A giram em torno de um centro comum em órbitas como o Sol e Urano.
© FOTO/ ESO/ NEAR COLLABORATION
Instrumento para monitoramento do sistema estelar Alpha Centauri
Os astrofísicos calcularam os limites das mudanças nos parâmetros orbitais do exoplaneta na zona habitável ao redor da estrela B levando em consideração a influência da estrela A, e descobriram que a estabilidade da inclinação do eixo de rotação do planeta é o maior fator para o desenvolvimento de vida complexa.
Os pesquisadores começaram a comparar à medida que muda o ângulo de inclinação do eixo da Terra e Marte, para efetuar as condições de vida. Em nosso planeta, este parâmetro permaneceu praticamente constante durante toda a história geológica, que proporcionou a estabilidade de um clima e criou condições para a evolução gradual de seres biológicos. Em contraste, flutuações acentuadas na inclinação do eixo de Marte causaram mudanças regulares no clima e a destruição da atmosfera.
O eixo de rotação da Terra está em um pequeno ângulo com sua órbita, que varia de 22,1 a 24,5 graus em uma frequência de 41 mil anos. Esta oscilação é chamada de precessão. A pequena precessão da Terra está ligada ao fato de a posição do seu eixo estar estabilizada devido às ligações gravitacionais com a Lua, um grande satélite. Sem esse satélite, as interações elásticas com Mercúrio, Vênus, Marte e Júpiter causariam desvios mais significativos do eixo, especialmente nos momentos de ressonância.
CC BY 3.0 / NASA/JPL-CALTECH/SWRI/MSSS / KEVIN M. GILL
Grande Mancha Vermelha de Júpiter
O eixo de Marte avança de 10 e 60 graus em cada dois milhões de anos. Com uma inclinação de 10 graus, a atmosfera condensa-se nos polos, criando calotas de gelo. Um cinturão de gelo é formado à volta da linha do equador com 60 graus.
"Se não tivéssemos a Lua, a inclinação do eixo da Terra poderia mudar em cerca de 60 graus", declarou Billy Quarles, chefe da pesquisa do Instituto de Tecnologia da Geórgia, em um comunicado à imprensa. "Se isso acontecesse, a Terra poderia parecer Marte."
Os pesquisadores depois simularam os parâmetros orbitais de uma potencial exoterra em áreas habitáveis do sistema binário Alpha Centauri. O resultado foi decepcionante. Ainda não foram detectados exoplanetas nas proximidades das duas principais estrelas do sistema, A e B, mas devem ser inabitáveis, pois a precessão dos seus eixos seria muito elevada.
No sistema menor da estrela anã vermelha do Alpha Centauri há um exoplaneta chamado Centauri Proxime b, mas, de acordo com o modelo desenvolvido pelos autores do artigo, ele tem uma precessão muito forte que o exclui do número de planetas habitáveis.
Os resultados do estudo indicam que as chances de sucesso da missão da nanossonda StarShot, que deveria ir para o sistema Alpha Centauri em busca de planetas habitáveis, são baixas.
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