Tempo e espaços são coisa geradas nas limitações que nos são impostas pelo encarceramento na matéria e, em outros planos talvez não existam ou existam de forma diferente. A tentativa de estabelecer parâmetros entre as figuras oraculares de Ifá e a noção de espaço-tempo torna-se infrutífera e se perde num emaranhado de teorias confusas e sem a menor consistência. Por outro lado, Odu não pode ser considerado como "espaço místico" e muito menos podem significar "coisas diferentes em tempos diferentes" . Os Odus seriam muito mais, utilizando-se apenas como ilustração figuras bem modernas, espécies de "arquivos" nos quais está distribuído e perfeitamente organizado, todo o tipo de conhecimento que já foi e que será ainda acessado pela humanidade.
Na verdade os odús são os arquivos, qua atuam como um "banco de dados" de um computador, onde está depositada toda a Sabedoria Divina personalizada na figura de Orunmilá, que seria o grande "processador" do sagrado oráculo. Sendo Exu o canal que liga o ser espiritual ao fisico, ou o Astral Superior a matéria.
Sob um outro prisma, os Odus podem ser vistos, ainda, como coletâneas de leis naturais e das conseqüentes sanções impostas a quem as desrespeita. O Odu pessoal de um ser humano, fala de sua essência natural e de tudo o que a ela está ligado originalmente e sobre isto, nada mais pode ser dito de público. É bem verdade que o sistema matemático constante das configurações dos Odu-Ifá e da seqüência de seus surgimentos não é um sistema vigente no ocidente, até porque matemática é ciência exata e. como tal, não sofre influência cultural de nenhuma espécie.
E à cultura ocidental ou oriental, é a ciência do Universo, a Ciência Divina na qual tudo está embasado e que nos ensina que: " A unidade (1) representa o princípio de tudo. Representa, primordialmente a Deus que, sendo um só, é a Infinita Unidade do Ser. Esta Unidade Infinita, desdobrando-se, cria a natureza que, sendo o plano da criação, é representada pelo numero dois (2). É na dualidade que surge a distinção entre os opostos: bem e mal, positivo e negativo, quente e frio, macho e fêmea, luz e treva, ação e inércia.
Quando a unidade age sobre a dualidade , gera o número 3, considerado como o número da forma, já que não pode existir forma sem três dimensões: comprimento , largura e espessura. Cada ação pressupões três condições: o agente, o processo da ação em si e o objeto em que se reflete a ação. A ação da unidade (1) sobre a tríade (3) gera o quaternário (4) e aí a obra está completa. O 4 representa a harmonia, é o número dos elementos da natureza, dos pontos cardeais. Daí, nas figuras de Ifá ncontrarmos quatro combinações de sinais simples e duplos representando, de acordo com suas combinações, os elementos da natureza e não os seres elementais que a eles correspondem. É útil lembrar, ainda, que quatro são as estações do ano, e existem quatro planos de existência: Físico, Mental, Psíquico e Espiritual. o tetragrama é a representação simbólica, de tudo isto. Completada a obra, tudo retorna à unidade. O ciclo se reinicia e o início é o 1. Esta é a matemática de Ifá, que é a matemática do universo e que nada tem a ver com aritmética ou com calendários. Aí estão revelados os ensinamentos contidos nos quatro primeiros Odus de Ifá: Ogbe, Oyeku, Iwori e Odi.
Ifá, é o nome de um oráculo africano. É um sistema de adivinhação que se originou na África Ocidental entre os yorubas, na Nigéria. É também designado por Fa entre os Fon e Afa entre os Ewe. Não é propriamente uma divindade (Orixá), é o porta-voz de Orunmilá e dos outros orixás. O sistema pertence as religiões tradicionais africanas mas também é praticado entre os adeptos da Lukumí de Cuba através da Regla de Ocha, Candomblé no Brasil através do Culto de Ifá, e similares transplantadas para o Novo Mundo.
Da Nigéria são dois os listados como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade: O Gelede, que também é praticado no Benin e Togo, e os Ifa Divination System, e em estudo na Nigéria um sistema de Tesouros Humanos Vivos e esforços para salvaguardar o suas línguas ameaçadas.
O Orixá Orumilá é também chamado de Ifá, ou Orunmila-Ifa e também é denominado frequentemente Agbonniregun ("Aquele que é mais eficaz do que qualquer remédio"). Em caso de dúvida Ifá é consultado pelas pessoas que precisam de uma decisão, que queiram saber sobre casamentos, viagens, negócios importantes, doenças, ou por motivo religioso. Para os yorubas o sacerdote é o babalawo e entre os Fons e Ewes recebe a designação de bokonon, e o sistema de adivinhação é o mesmo. O babalawo (pai do segredo) recebe as indicações para as respostas através dos signos (odù) de Ifá.
Orunmilá é o orixá e divindade da profecia. Ifá é o nome do Oráculo utilizado por Orunmilá. O Culto de Ifá pertence a religião yoruba. O culto do vodun Fa é originário de Ile Ifè, e chegou ao antigo Dahomey pelas mãos de sacerdotes imigrados do território yoruba já a partir do século XVII, mas sua instalação oficial como uma das divindades reconhecidas pelo rei de Abomey teria se dado ou através do babalawo Adéléèyé, de Ile Ifè que chegou a Abomey no reinado de Agadjá (1708-1732) , junto com outros (Gongon, Abikobi, Ato e Gbélò), ou pela princesa Nà Hwanjele, mãe do rei Tegbessu (1732-1775), que era de origem yoruba. Os sacerdotes de Fá são chamados em fon de bokonon, o correspondente a babalawo dos yoruba. O bokonon da corte de Abomey é um dos dignitários do rei reconhecido na categoria de príncipe e está entre os poucos autorizados a vestir djelaba em público e a permanecer com a cabeça coberta diante do rei e da rainha-mãe.
O Babalawo (pai que possui o segredo), é o sacerdote do Culto de Ifá. Ele é o responsável pelos rituais, iniciações, todos no culto dependem de sua orientação e nada pode escapar de seu controle. Por garantia, ele dispõe de três métodos diferentes de consultar o Oráculo e, por intermédio deles, interpretar os desejos e determinações dos Orixás. Òpelè-Ifá, Jogo de Ikins.
Opon-Ifá, tábua sagrada feita de madeira e esculpida em diversos formatos, redonda [2], retangular, quadrada, oval,[3] utilizada para marcar os sígnos dos Odús (obtidos com o jogo de Ikins) sobre um pó chamado Ierosum. Método divinatório do Culto de Ifá utilizado pelos babalawos. Irofá de Orula instrumento utilizado pelo babalawo durante o jogo de Ikin com o qual bate na tábua Opon-Ifá.
O Òpelè-Ifá ou Rosário de Ifá é um colar aberto composto de um fio trançado de palha-da-costa ou fio de algodão, que tem pendentes oito metades de fava de opele, é um instrumento divinatório dos tradicionais sacerdotes de Ifá. Existem outros modelos mais modernos de Opele-Ifá, feitos com correntes de metal intercaladas com vários tipos de sementes, moedas ou pedras semi-preciosas.[4][5]
O jogo de Opele-Ifá é o mais praticado por ser a forma mais rápida, pois a pessoa não necessita perguntar em voz alta, o que permite o resguardo de sua privacidade, também de uso exclusivo dos Babalawos, com um único lançamento do rosário divinatório aparecem 2 figuras que possuem um lado côncavo e outro convexo, que combinadas, formam o Odú.
O Jogo de Ikin só é utilizado em cerimônias relevantes, só pode ser consultado pelo babalawo. O jogo compõe-se de 21 nozes de dendezeiro Ikin, são manipuladas pelo babalawo com a finalidade de se apurar o Odú a ser interpretado e transmitido ao consulente. Dos 21 Ikins, 16 são colocados na palma da mão esquerda, com a mão direita rapidamente o babalawo tenta retirá-los de uma vez. A determinação do Odú é a quantidade de Ikin que sobrou na mão esquerda, o resultado seja qual for, terá que ser riscado sobre o ierosun que está espalhado no Opon-Ifa, para um risco usa o dedo médio da mão direita e para dois riscos usa dois dedos o anular e o médio da mão direita. Deverá repetir a operação quantas vezes forem necessárias até obter duas colunas paralelas riscadas da direita para a esquerda com quatro sinais, se não sobrar nenhum ikin na mão esquerda, a jogada é nula e deve ser repetida.
O oráculo consiste em um grupo de cocos de dendezeiro ou Búzios, ou réplicas destes, que são lançados para criar dados binários, dependendo se eles caem com a face para cima ou para baixo. Os cocos são manipulados entre as mãos do adivinho , e no final são contados, para determinar aleatoriamente se uma certa quantidade deles foi retida. As conchas ou as réplicas são freqüentemente atadas em uma corrente divinatória, quatro de cada lado. Quatro caídas ou búzios fazem um dos dezesseis padrões básicos (um odu, na língua Yoruba); dois de cada um destes se combinam para criar um conjunto total de 256 odus. Cada um destes odus é associado com um repertório tradicional de versos (Itan), freqüentemente relacionados à Mitologia Yoruba, que explica seu significado divinatório. O sistema é consagrado aos orixás Orunmila-Ifa, orixá da profecia e a Exu que, como o mensageiro dos Orixás, confere autoridade ao oráculo.
O sistema inteiro traz uma semelhança superficial com os sistemas ocidentais de geomancia. Suspeita-se que a geomancia ocidental é um empréstimo de um sistema criado pelos Árabes e trazida para o norte da África, onde foi aprendida pelos europeus durante as Cruzadas. Muito embora possua um número diferente de símbolos, o sistema carrega também alguma semelhança com sistema chinês do I Ching.
O Babalaô brasileiro William de Ayrá (Mestre Obashanan, discípulo de Mestre Arapiagha) foi o primeiro a realizar um estudo comparativo sério e eficaz entre o Ifá, o I-ching, Geomancia e o cabalismo de diversas culturas, com resultados filosóficos e divinatórios comprovados.
Os primeiros a escreverem sobre Ifá no Brasil foram sacerdotes Umbandistas. W.W. da Matta e Silva, conhecido como Mestre Yapacani já descrevia em 1956 um dos inúmeros sistemas de Ifá em suas obras. Seus discípulos, Francisco Rivas Neto (Mestre Arapiaga) e Ivan H. Costa (Mestre Itaoman) escreveram, nos anos 90, obras descritivas sobre o oráculo. A tradição africana de Ifá só chegou ao Brasil via africanos e Cubanos muito mais tarde.
Cada odù é formado por um conjunto constituído por duas colunas verticais e paralelas de quatro índices cada. Cada um desses índices compõem-se de um traço vertical ou de dois traços verticais paralelos que o babalawo traça no pó (iyerosun) espalhado sobre um tabuleiro de madeira esculpida (Opon-Ifá) à medida que vai extraindo os resultados pela manipulação dos cocos de dendezeiro ou ikin-ifá. O babalawo detecta esse odù manipulando caroços de dendê (Ikin) ou jogando o rosário de Ifá chamado (Opele-Ifa). Existem 256 odù, correspondendo cada um a uma série lendas (Itan).
A Geomancia Árabe e, por conseqüência, a Geomancia Africana (Oráculo de Ifá), têm sim, suas origens no I-Ching - o Livro das Mutações. – cujo círculo mágico primordial é composto de dezesseis figuras onde se encontram combinados em número de quatro, traços inteiros e traços bipartidos. São estes tetragramas que, combinados, irão proporcionar o surgimento dos hexagramas que compõem o I - Ching.