Em épocas memoriais, a Terra era apenas uma imensidão aguacenta e pantanosa. Sendo assim Olórun-Olódùmarè convocou Obàtálá para comparecer à sua presença e encarregou-o da obrigação de criar o mundo. Para tal, ele recebeu o Àpo-Ìwa – o saco da existência.
Obàtálá foi então consultar Orúnmìlà que recomendou fazer oferendas para não ter problemas no caminho de sua empreitada. Mas Obàtálá não levou a sério a recomendação de Òrúnmìlà, pois acreditou somente em seus poderes.
Odùdúwà que observava tudo atentamente, também foi consultar Orúnmìlà, que assegurou que se ele oferecesse os sacrifícios prescritos seria o chefe do mundo que iria ser criado.
A oferenda consistia em quatrocentas mil correntes, uma galinha com pés de cinco dedos, um pombo e um camaleão, além de quatrocentos mil búzios.
Sendo assim Odùduwà fez as oferendas. Chegando o dia da criação do mundo, Obàtálá se pôs a caminho do Òrun, onde Èsù é guardião – Oníbodè-Òrun. Mas Obàtálá não fez as oferendas neste lugar como estava prescrito.
Èsù que ficou muito magoado com a insolência de Obàtálá, usou de seus poderes para se vingar de Obàtálá. Onde uma grande sede começou a atormentar Obàtálá, que aproximou-se de uma palmeira e tocou seu tronco com seu comprido bastão – Òpá-Sorò. Da palmeira jorrou vinho em abundancia e Obàtálá bebeu do vinho até embriagar-se. Ficou completamente bêbado e adormeceu na estrada, à sombra da palmeira de dendê – Igi-Òpe. Ninguém ousaria despertar Obàtálá.
Odùdúwà tudo acompanhava. Quando certificou-se do sono de Obàtálá, Odùduwà apanhou o saco da criação que fora dado a Obàtálá por Olódùmarè. Foi a Olódùmarè e lhe contou o ocorrido. Olódùmarè viu o saco da criação em poder de Odùdúwà e confiou a ele a criação do mundo.
Com as quatrocentas mil correntes Odùduwà fez uma só e por ela desceu até a superfície do mar – Òkun. Sobre as águas sem fim, abriu o saco da criação e deixou cair um montículo de terra. Soltou a galinha de cinco dedos e ela voou sobre o montículo, pondo-se a ciscá-lo. A galinha espalhou a terra na superfície da água.
Odùduwà exclamou: “Ilé Ifè!” – a terra é ampla!, frase que depois deu nome à cidade de Ifé, cidade que está situada no lugar onde Odùduwà criou o mundo. Em seguida Odùdúwà apanhou o camaleão – Agemo – e fez com ele caminhasse naquela superfície, demonstrando assim a firmeza do lugar. Enquanto isto Obàtálá continuava adormecido e Odùduwà partiu para a terra para ser seu dono.
Então, Obàtálá despertou e tomou conhecimento do ocorrido. Voltou a Olódùmarè contando sua historia. Olódùmarè disse: “O mundo já está criado. Perdeste uma grande oportunidade” e para castigá-lo proibiu Obàtálá de beber vinho de palma para sempre, ele e todos os seus descendentes.
Mas a missão não estava ainda completa e Olódùmarè deu outra dádiva a Obàtálá: a criação de todos os seres vivos e criou o homem.
Obàtálá modelou em barro os seres humanos e o sopro de Olódùmarè os animou. O mundo agora se completara. E todos louvaram Obàtálá, Odùduwà e Olódùmarè – Deus Supremo.
Odùduwà é então considerada a metada feminina da criação, a metade inferior da cabaça-mundo, o igbá-odù.
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