Segundo estudo publicado na Nature, o eixo do astro mudou em 6 graus, modificando a localização dos polos norte e sul
Os cientistas calcularam a distância entre os pontos e os polos norte e sul atuais e descobriram que as distâncias entre eles são as mesmas, só que em sentidos opostos |
O eixo da Lua pode ter sido modificado em 6 graus após grande atividade
vulcânica há 3 bilhões de anos. De acordo com um estudo, publicado na
última quarta-feira na revista Nature, os vulcões esquentaram apenas um
dos lados do astro, alterando massa e estrutura internas. Isso fez com
que a Lua "tombasse" e passasse a girar em um eixo diferente.
A equipe de pesquisadores, liderada por Matthew Siegler, do Instituto
de Ciências Planetárias no Arizona, analisou imagens da Lua e, com
medições de hidrogênio, identificou a existência de gelo em crateras
lunares vizinhas aos polos (locais em constante sombra).
Novo eixo - Com esses dados em mãos, os especialistas
identificaram que esses pontos de gelo se encontram em posições opostas
no astro - ou seja, é possível traçar uma linha reta entre um ponto
gelado e outro, cruzando o centro da Lua. Para confirmar as expectativas
dos cientistas, eles calcularam a distância entre os pontos e os polos
norte e sul atuais e descobriram que as distâncias entre eles são as
mesmas, só que em sentidos opostos. "Seria como se o eixo da Terra
passasse da Antártida para a Austrália", explicou Siegler.
A causa do movimento observado pelos pesquisadores foi uma intensa
atividade vulcânica em um dos lados da Lua (de face para a Terra). Os
vulcões em atividade teriam modificado o equilíbrio que forma o eixo
planetário ao esquentar o manto da Lua, causando um distúrbio no giro da
Lua.
O estudo do gelo ancestral na Lua pode abrir portas para compreender o
mistério da existência de água no astro e na própria Terra, que Siegler
acredita ter vindo de um sistema fora da Via Láctea, dada a proximidade
do planeta com o Sol. "O gelo da Lua pode ser uma cápsula do tempo da
mesma fonte que originalmente forneceu água para a Terra. Esse é um
registo que não temos aqui graças às diversas modificações da Terra.
Esse gelo tão antigo pode nos dar pistas e resposta a esse grande
mistério", disse especialista.
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