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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Astrofísica: Conheça o mapa mais completo da Via Láctea

Astrofísica: Conheça o mapa mais completo da Via Láctea
O mapa é o resultado das observações feitas entre julho de 2014 e setembro de 2015 por 450 astrônomos de 25 países. (ESA/Gaia/DPAC/Divulgação)

Astrônomos divulgaram nesta quarta-feira o novo catálogo com 1,142 bilhão de estrelas, feito pelo telescópio Gaia


A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) divulgou nesta quarta-feira o maior e mais preciso mapa astronômico já produzido, com 1,142 bilhão de estrelas da Via Láctea. Feito pela missão espacial Gaia, o projeto é resultado das observações de julho de 2014 a setembro de 2015. Publicidade “A publicação de hoje nos dá apenas uma primeira impressão da extraordinária quantidade de dados que nos esperam e que vão revolucionar nosso conhecimento acerca de como as estrelas estão distribuídas e se movem em nossa galáxia”, explicou o espanhol Álvaro Giménez, diretor-científico da ESA, em comunicado.

Lançada em 19 de dezembro de 2013, a missão Gaia orbita a Terra e registra as informações do cosmos com uma série de instrumentos de ponta. O aparelho é composto por dois telescópios idênticos, um espectômetro e fotômetros que, juntos, são capazes de detectar pontos luminosos a trilhões de quilômetros de distância. Durante os cinco anos da missão, Gaia pretende mapear a posição, distância e movimento de 1 bilhão de estrelas – cerca de 1% da Via Láctea – em 3D, com um detalhamento jamais visto. A enorme quantidade de dados reunidos durante os 14 primeiros meses da missão já permitiu elaborar o novo catálogo (confira as imagens em alta resolução no site da ESA) com 200 milhões de corpos celestes a mais do que havia sido previsto inicialmente. Esse trabalho complementa os dados reunidos há 23 anos pela Hipparcos, outra missão astronômica da ESA.
Concepção artística da missão Gaia observando a Via Láctea (ESA/Gaia/DPAC/Divulgação)

A origem e evolução da galáxia A partir de agora, os astrônomos poderão consultar os dados sobre os diferentes corpos celestes, incluindo anãs brancas, estrelas variáveis e 2.152 quasares, os objetos mais afastados do Universo. “Gaia não apenas nos fornece a posição das estrelas, mas também seu movimento, e isso também nos permite compreender melhor como nossa galáxia se formou”, explicou Antonella Vallenari, do Observatório de Pádua, na Itália.

The first catalogue of more than a billion stars from ESA’s Gaia satellite was published today – the largest all-sky survey of celestial objects to date.
On its way to assembling the most detailed 3D map ever made of our Milky Way galaxy, Gaia has pinned down the precise position on the sky and the brightness of 1142 million stars.
As a taster of the richer catalogue to come in the near future, today’s release also features the distances and the motions across the sky for more than two million stars.
“Gaia is at the forefront of astrometry, charting the sky at precisions that have never been achieved before,” says Alvaro Giménez, ESA’s Director of Science.
“Today’s release gives us a first impression of the extraordinary data that await us and that will revolutionise our understanding of how stars are distributed and move across our Galaxy.”
Launched 1000 days ago, Gaia started its scientific work in July 2014. This first release is based on data collected during its first 14 months of scanning the sky, up to September 2015.
“The beautiful map we are publishing today shows the density of stars measured by Gaia across the entire sky, and confirms that it collected superb data during its first year of operations,” says Timo Prusti, Gaia project scientist at ESA.

Mil dias após seu lançamento, em 19 de dezembro de 2013, o telescópio espacial europeu Gaia revelou nesta quarta-feira (14) o resultado de suas buscas no espaço, observando a passagem de 60 milhões de estrelas por dia em nossa galáxia, que tem 100 mil anos-luz de diâmetro.

O resultado é o mapa 3D mais detalhado já produzido da Via Láctea, um catálogo de 1 bilhão de estrelas.

Desse total, 2 milhões tiveram sua distância e seus movimentos laterais nos céus traçados precisamente.
Ao longo dos séculos foram sendo feitos mapas celestes, mas nunca desta envergadura nem com esta precisão
François Mignard, dirigente das investigações no Centro Nacional de Investigação Científica da França
A enorme quantidade de dados que reuniu já permitiu elaborar este catálogo com as posições de 1,142 bilhão de estrelas, ou seja, 200 milhões a mais do que havia sido previsto inicialmente. O objetivo final é completar o mapa celeste em 3D mais preciso até o momento.
A partir de agora, os astrônomos poderão consultar os dados sobre os diferentes corpos celestes, incluindo anãs brancas, estrelas variáveis e 2.152 quasares, os objetos mais afastados do Universo.
"Gaia não apenas nos fornece a posição das estrelas, mas também seu movimento, e isso também nos permite compreender melhor como nossa galáxia se formou", explicou Antonella Vallenari, do Observatório de Pádua (Itália).
Por exemplo, permitirá saber se nosso Sol foi criado a partir de um "cluster", um aglomerado de matéria. A posição e o movimento de 400 destes aglomerados já foram registrados por Gaia, disse Vallenari.

A origem da galáxia

Com os novos dados, divulgados pela ESA (Agência Espacial Europeia) e o Consórcio Europeu (DPAC - Data Processing and Analysis Consortium), é possível medir as distâncias e movimentos de estrelas em cerca de 400 conjuntos de até 4.800 anos-luz de distância --a medição de distâncias entre estrelas, tanto em nossa galáxia quanto além, tem papel fundamental na astronomia, que agora entra em uma nova fase.
"Este bonito mapa que estamos publicando hoje mostra a densidade de estrelas medidas por Gaia em todo o céu, e confirma que foram coletados dados excelentes durante os primeiros anos de operações", disse Timo Prusti, cientista do projeto Gaia na ESA.
No futuro, os cientistas serão capazes de determinar distâncias muito precisas para uma grande amostra de estrelas através do método de medição usado pelo Gaia. Com isso, eles conseguirão entender melhor a relação entre o período e o brilho dessas estrelas, e aplicá-lo para medir distâncias além da nossa galáxia.
Também se espera que a informação coletada permita saber mais acerca de um dos grandes enigmas do universo, a matéria escura.
Sentinela sempre alerta, Gaia também observa o movimento dos asteroides, caso sua trajetória constitua uma ameaça para a Terra.
Gregory Laughlin, da Universidade de Yale, afirma que Gaia revelará à comunidade de astrônomos "milhares de novos mundos", embora ainda precise completar seu trabalho de coleta. Sua missão de observação astronômica será concluída no fim de 2020.
"Este é apenas o começo [...] para testar a qualidade dos dados, e temos uma prévia das enormes melhorias que Gaia trará em breve para a nossa compreensão das distâncias cósmicas", disse Gisella Clementini, do Observatório Astronômico de Bolonha.
A nova missão tem dois telescópios, que examinam a Via Láctea a uma distância de 1,5 milhões de quilômetros da Terra. Os telescópios mapeiam a posição, os movimentos e as propriedades físicas das estrelas, além de sua temperatura e composição. Estes dados permitem determinar a idade das estrelas.
A previsão é que em cinco anos, as 100 mil estrelas perfiladas pelo telescópio Hipparcos, ativo entre as décadas de 80 e 90, vão se tornar 1 bilhão no catálogo Gaia.

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