Estudando um complexo geotérmico na Etiópia, os investigadores identificaram os fatores físico-químicos que impedem que a vida aí se desenvolva apesar da presença de água em estado líquido.
Segundo um novo estudo publicado esta semana na revista Nature, apesar de os microrganismos do nosso planeta se adaptarem mesmo a condições extremas, existem lugares na Terra onde a vida não pode se desenvolver. Assim, nenhum tipo de vida pode prosperar em um dos ambientes mais perigosos e inóspitos da Terra, no deserto de Danakil, na Etiópia, apesar da presença da água líquida.
De longe, o complexo geotérmico de Dallol, no deserto de Danakil, na Etiópia, parece ser um lugar muito vistoso e colorido, um lugar que se assemelha a algo de outro mundo. Na realidade, se trata de uma área extremamente perigosa, onde nuvens de gás tóxico emanam regularmente de um vulcão debaixo do solo.
Our Dallol hydrothermal system microbial diversity paper just out @NatureEcoEvo. Despite abundant liquid water, we found two new life limits: no life in hyperacidic+hypersaline pools and in the Mg-rich Yellow and Black lakes nature.com/articles/s4155 …
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Nosso artigo sobre diversidade microbiana do sistema hidrotermal acaba de sair. Apesar da abundância de água líquida, encontramos dois limites para a vida: esta não existe nos campos hiperácidos e hipersalinos e nos lagos Amarelo e Preto, ricos em magnésio.
Para a nova investigação, os especialistas analisaram uma grande quantidade de amostras de quatro zonas diferentes do complexo geotérmico, que foram recolhidas de 2016 a 2018. As primeiras análises mostraram sinais de bactérias e arqueias. No entanto, os cientistas consideram que se trata de pistas falsas: a maioria das amostras recolhidas teria "contaminantes de laboratório", e outras possivelmente eram bactérias introduzidas por humanos durante expedições e visitas turísticas ao sítio.
Barreiras mortais
Os resultados da pesquisa mostram que a existência de água líquida na superfície do planeta não é necessariamente sinônimo de existência de vida.
"Identificamos as barreiras físico-químicas principais que impedem que a vida se desenvolva na presença de água líquida na Terra e, potencialmente, em outros lugares", explicam os especialistas.
Estas barreiras são um alto nível de magnésio, capaz de destruir qualquer tipo de formação celular, um fenômeno conhecido como atividade caotrópica.
O segundo fator é uma combinação mortal de hiperacidez e hipersalinidade. Em tal ambiente, as adaptações moleculares simultâneas a um pH demasiado alto e baixo são impossíveis.
Até agora, os estudos no complexo de Dallol revelavam a presença de microfósseis mas não de formas de vida. O novo estudo não demonstrou o contrário e só vem confirmar que o ambiente falsamente colorido de Daloll continua sendo um lugar na Terra incapaz de albergar vida.
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