Em tempos pandêmicos e de confinamentos, impostos ou voluntários, ficar retido em casa pode ser agradável ou depressivo. O exemplo dos anacoretas medievais pode nos ser bem útil.
Anacoretas
eram eremitas, homens e mulheres, que viviam em retiro solitário,
dedicando-se à oração e leitura de textos litúrgicos, a fim de alcançar
um estado de graça e pureza da alma através da comunhão com Cristo.
Os anacoretas viviam em celas, autoisolados da sociedade. Muitos deles eram mulheres, e foi sobre as mulheres anacoretas e as ilações que poderemos retirar do seu isolamento hoje, em período de confinamento, que se pronunciou a pesquisadora Godelinde Gertrude Perk da Universidade de Oxford.
Em um artigo publicado no The Conversation em 27 de março, Godelinde Perk refere que as anacoretas, leigas, escolhiam ficar em celas apertadas para expressar seu amor por Cristo por isso oferecer mais liberdade para contemplação individual do que a vida de uma freira.
Hoje, enfermeiras e médicos estão pedindo um compromisso semelhante às pessoas, o de "ficar em casa por nós". O guia mostra-nos como uma experiência desagradável e estressante, o de ter de ficar confinado, pode ser útil para a sociedade.
As rotinas são fundamentais. Os anacoretas receitavam sequências de orações, salmos e outras leituras bíblicas em alturas fixas do dia. De acordo com a psicologia de sobrevivência moderna, dividir um problema ou extensão de tempo em passos manejáveis é crucial quando se é confrontado com uma crise. Igualmente importante é dar um passo de cada vez, nunca olhando mais adiante que o passo seguinte.
Passatempos como artesanato, jardinagem, costura ou leitura, são outras estratégias sugeridas à época para lidar com o autoisolamento. O manual Wisse assegura que as anacoretas, mantendo-se ocupadas, protegeriam suas mentes contra a tentação.
Em uma carta à anacoreta Eva de Wilton, o monge Goscelin de São Bertin, do século XI, exclama: "Minha cela é tão estreita, mas oh, quão largo é o céu!" Assim concluiu seu artigo, com esta citação, Godelinde Gertrude Perk.
Os anacoretas viviam em celas, autoisolados da sociedade. Muitos deles eram mulheres, e foi sobre as mulheres anacoretas e as ilações que poderemos retirar do seu isolamento hoje, em período de confinamento, que se pronunciou a pesquisadora Godelinde Gertrude Perk da Universidade de Oxford.
Em um artigo publicado no The Conversation em 27 de março, Godelinde Perk refere que as anacoretas, leigas, escolhiam ficar em celas apertadas para expressar seu amor por Cristo por isso oferecer mais liberdade para contemplação individual do que a vida de uma freira.
Não espere conforto
Um guia anônimo britânico do século XIII para anacoretas femininas, Ancrene Wisse, adverte que elas não deveriam procurar conforto. Em vez disso, a anacoreta deve lembrar-se que entrou em reclusão não só para seu próprio benefício, mas também para o bem dos outros.Hoje, enfermeiras e médicos estão pedindo um compromisso semelhante às pessoas, o de "ficar em casa por nós". O guia mostra-nos como uma experiência desagradável e estressante, o de ter de ficar confinado, pode ser útil para a sociedade.
Reconhecendo a vulnerabilidade
A conhecida escritora inglesa Julian de Norwich, dos séculos XIV-XV, ela própria uma anacoreta, encorajou os leitores a reconhecerem sua própria fraqueza e vulnerabilidade, mas sugeriu que a aceitassem como uma força. "Cristo não disse 'não serás perturbado, não serás incomodado, não ficarás angustiado', mas ele disse 'não serás vencido'", escreveu Julian.Julian afirmou ainda que os leitores experimentariam distúrbios emocionais durante qualquer crise, mas que acabariam os superando.Esta afirmação está conforme a psicologia de sobrevivência moderna. Adaptar-se durante uma crise, é agora essencial. Só reconhecendo nossa vulnerabilidade – tanto física como mental – e, consequentemente, tomando medidas para proteger e cuidar dos outros e de nós próprios é que conseguiremos sobreviver, adianta a pesquisadora de Oxford.
Resguardar os sentidos
De acordo com os manuais para anacoretas, é preciso resguardar suas janelas metafóricas (seus cinco sentidos) para evitar cair em tentação e distrair-se de suas orações e meditação.O manual de Wisse é bem claro: "A perturbação só entra no coração através de algo [...] visto ou ouvido, provado ou cheirado, ou sentido externamente."Isto leva-nos aos tempos de hoje, servindo de aviso contra notícias falsas ou o ansioso consumo excessivo de notícias. Vários guias para anacoretas recomendam que se tenha uma amiga que guarde escrupulosamente a janela da cela da anacoreta, impedindo o contato com visitantes que espalhem fofocas e mentiras. As redes sociais de hoje em dia seriam como os visitantes da época.
Mente ocupada, mente sã
Manter-se ocupado impede que se suba as paredes. Um monge cisterciense britânico, abade Aelred de Rievaulx (1110-1167), recomendou a sua irmã, uma anacoreta, que a inação gerava aversão pelo silêncio e repugnância pela cela.As rotinas são fundamentais. Os anacoretas receitavam sequências de orações, salmos e outras leituras bíblicas em alturas fixas do dia. De acordo com a psicologia de sobrevivência moderna, dividir um problema ou extensão de tempo em passos manejáveis é crucial quando se é confrontado com uma crise. Igualmente importante é dar um passo de cada vez, nunca olhando mais adiante que o passo seguinte.
Passatempos como artesanato, jardinagem, costura ou leitura, são outras estratégias sugeridas à época para lidar com o autoisolamento. O manual Wisse assegura que as anacoretas, mantendo-se ocupadas, protegeriam suas mentes contra a tentação.
Estas sugestões são facilmente transportáveis para os dias de hoje. Afinal, de acordo com a psicologia da sobrevivência, realizar ações com um propósito específico é crucial em momentos de crise.Por outro lado, o autoisolamento pode ser depressivo. Julian de Norwich também sentiu isso: "Este lugar é uma prisão", disse ela, referindo-se ou à vida terrena ou à sua cela. Mas o espaço apertado da cela também facultou paradoxalmente às mulheres medievais uma liberdade espiritual.
Em uma carta à anacoreta Eva de Wilton, o monge Goscelin de São Bertin, do século XI, exclama: "Minha cela é tão estreita, mas oh, quão largo é o céu!" Assim concluiu seu artigo, com esta citação, Godelinde Gertrude Perk.
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