Em milhares de anos de evolução humana têm aparecido de tempos a tempos, para o bem da humanidade, impulsionadores religiosos, sociais e políticos que permitem grandes avanços na expansão de Consciência dos povos, não só onde eles exercem a sua influência, como também alastrando-se as outras regiões do planeta, criando e legando grandes tesouros de sabedoria.
No campo da Ciência, nomeadamente na Astronomia, os últimos tempos têm sido pródigos em avanços e aprofundamentos do conhecimento do Cosmos, mas sem dúvida que nos primórdios das civilizações humanas havia os que além da observação e saber, num conhecimento exterior do Universo, tentavam compreender também o universo interior do homem, e as relações recíprocas num todo do microcosmos e do macrocosmos. Por exemplo, os astrólogos estudavam de que forma os astros influenciavam a humanidade.
Foram os sábios da antiguidade que contribuíram para que a Astronomia chegasse ao que é hoje (e até a ciência em geral). Na realidade, o que a ciência da Astronomia tem hoje adquirido como saber deve-se à Astrologia antiga, onde estas duas ciências eram uma só. Actualmente, tenta-se separá-las, contudo estamos convictos que se conseguirá devolver à Astrologia o seu devido valor e posição, inserido num contexto mais científico, reformulando-a num conjunto de saberes, explicando detalhadamente que o homem não se limita a ser um simples observador do Cosmos, mas parte integrante dele, tanto influenciando como sendo influenciado.
A influência dos astros no comportamento da humanidade, devia ser tomada em consideração, para que o homem se aperceba (neste caso a Ciência), que é a evolução interior que permite a expansão de Consciência e de inteligência, derivando ela também das circunstâncias espaciais, temporais, climáticas, sociais e, principalmente, espirituais ou religiosas.
O estudo dos corpos celestes, os seus movimentos e fenómenos é certamente um estudo muito antigo. Digamos que nasceu com o homem e está tão intimamente ligado a ele quanto o pensamento. Conhecer a natureza, as estações do ano para organizar as suas sementeiras e colheitas e planificar o futuro, passava pelo contacto íntimo com todas as forças da Natureza e, principalmente, com a Lua, que nos seus movimentos servia como guia.
Também a adivinhação que se insere no Tarôt, no I Ching, na Numerologia e inúmeros “jogos”, fizeram parte de um conjunto de conhecimentos, hoje integrados no esoterismo e ocultismo. Porém, implicando o controlo das forças da natureza, infelizmente, na maior parte das vezes, os seres que se aventuram por este caminho acabam sendo controlados. E embora o Caminho Espiritual consiste em viver segundo a Natureza, ele requer tanto o conhecimento da natureza exterior como interior e é fundamentalmente um trabalho de auto-transformação, respeito por si próprio, pelos outros e pelo Universo.
Vem isto a propósito da necessidade de esclarecer os que querem empreender o Caminho com séria profundidade, a acautelarem-se com fantasias e ambições espirituais que proliferam por todo o lado, porque, o que de facto, leva a uma evolução espiritual concreta, continua a ser o auto-conhecimento pela via da introspecção, da disciplina, do estudo, do esforço consciente e sobretudo, o uso de uma prática de meditação, que ajude a mente a concentrar-se em si mesma: tudo o mais, são retrocessos ou mesmos desvios ao próprio caminho espiritual.
Convém saber, que pelo simples facto de se tirar um curso pseudo-espiritual de iniciações, ou outras modernas modalidades, habilita a poderes ou confere autoridade, capaz de induzir os outros a curvarem-se perante tanto grau de iniciação. Outros manobram energias que na maior parte das vezes são contraproducentes com o verdadeiro caminho espiritual.
Eis a razão, porque nem toda a gente consegue entrar numa prática de Meditação, nem faz o seu caminho espiritual de forma consciente, por outras palavras, a Meditação não serve para todos na medida em que é necessário olhar para dentro, admitir e identificar erros, vícios e negligências. Justifica-se a fuga ao mais difícil (auto-conhecimento), ao enveredar-se por actividades que apresentam de imediato fenómenos e estados, que induzem a pensar que são verdadeiros e benéficos. A mudança deve vir do interior com a aspiração de aperfeiçoamento do carácter, numa evolução consciente e então sim, depois integrar a atitude espiritual na vida diária, já com outra dimensão de consciência.
Também em relação à Astrologia, ela é um campo de probabilidades, e pode considerar-se válida quando usada para benefício próprio como meio de auto-conhecimento e de aperfeiçoamento, mas não um caminho espiritual por si só. A ciência da Astrologia, que antigamente estava nas mãos filósofos, matemáticos e astrónomos ou de seres com capacidades muito especiais, espirituais e mentais, encontra-se hoje acessível ao mais ignorante, devido à facilidade da Informática, que é usada apenas com fins lucrativos, sem as bases da realização e do conhecimento, que era antigamente o fruto de longa caminhada espiritual. Assim, hoje em dia, temos uma má utilização, principalmente também quando usada com o objectivo de adivinhação do futuro. Tornou-se um vício adivinhar o futuro, relegando para segundo plano o saber viver o presente, com consciência e atenção, pois viver conscientemente o presente é construir sabiamente o futuro.
Infelizmente, a astrologia está assim descredibilizada devido ao uso indevido nas mãos de muitos semi-ignorantes, que fazem desta ciência um negócio de adivinhação, e desactualizada ao nível científico, sem rigor ou precisão, como por exemplo, quanto às Constelações que não têm a mesma posição de há dois mil anos atrás. Constelações, que na Astrologia conhecemos pelos doze signos ou símbolos do Zodíaco. Na realidade, não tem havido nesta matéria grandes avanços, porque ainda não houve um estudo profundo e credível sobre o Céu e ao mesmo tempo a psicologia humana, ainda que parcelarmente têm havido contributos válidos.
Por exemplo, vamos encontrar estes conhecimentos também noutros espaços e tempos históricos, tal na civilização Maia, na antiguidade da Índia, nos povos Árabes ou na China. Os Sumérios contam-se entre os primeiros a fazer história na Astronomia, como o testemunham as suas tábuas de argila, mas na Índia - na civilização do Vale do Indo – encontram-se em selos de argila, designações astronómicas e astrológicas seguramente mais antigas. Mas serão os Caldeus, que ao Ocidente legam o conhecimento conjunto de Astronomia e Astrologia, como uma única ciência. Há vestígios arqueológicos muito antigos de observação do Céu, como por exemplo em Stonehendge, um monumento neolítico célebre, erguido na base de conhecimentos astronómicos precisos.
Donde vem o anseio do homem pela iluminação e perfeição? De uma forte intuição interna que impulsiona a uma busca constante da Fonte da Luz.
Naturalmente que a compreensão sobre o Cosmos, só pode vir pela tomada de consciência espiritual dessa Fonte Divina que integra o Todo e, só o avanço simultâneo destas duas componentes, a exterior e interior, a material e a espiritual, fundidas numa só, dará respostas satisfatórias e credíveis à humanidade.
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