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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Mãe Iemanjá: Presença, sim! Presente, não!

Maria Stella de Azevedo Santos | Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá opoafonja@gmail.com

Mãe Stella escreve semanalmente no jornal A TARDE



Estou preparada para dormir, não tão cedo como dormem os idosos. Tenho 90 anos e 7 meses, mas minha filha joga fora os 90. Ela é de Iyemanjá. Como sua essência é de mãe, ela me cobre. Agora sou um bebê de 7 meses. Para que o pacote fique completo, minha filha/mãe começa a contar uma "estorinha":
"Era uma vez uma senhora encantada e encantadora que se tornou conhecida como 'A Grande Mãe'. Em seu colo, as crianças se aconchegavam e os adultos buscavam conforto para as dores do dia a dia. De sua boca saíam conselhos que ajudavam a secar as lágrimas de homens e mulheres aflitos. Se seus conselhos não bastavam, ela dançava e com suas mãos indicava os caminhos a serem seguidos.
"As desesperadas pessoas que buscavam 'A Grande Mãe' saíam de seu lar com a esperança renovada. Sua casa era uma extensão dela própria. E, por isso, todos queriam agradá-la e a presenteavam com flores para que sua casa ficasse ainda mais aconchegante. Isso agradava a generosa senhora, mas não era capaz de impedir que quando estivesse sozinha chorasse as dores do mundo.
"De seus olhos saíam tantas lágrimas, tanta água salgada, que sua adorável casa se transformou no mar. Iyemanjá era seu nome, que significa 'mãe que é respeitada e agradada com entusiasmo'. Todos são filhos de Iyemanjá, e todos ansiavam por agradá-la com flores, perfumes, maquiagem, joias. Iyemanjá adorava receber presentes, mas sorria da ingenuidade de seus protegidos:
"- Como ela poderia ter tempo de ser vaidosa, quando precisava dedicar-se a esfriar as várias cabeças quentes que deitavam em seu colo?...
"As pessoas não sabiam, mas quem gostava daqueles lindos e ricos presentes era a jovem e vaidosa filha de Iyemanjá: Oxum. Quanto mais Iyemanjá ajudava as pessoas, mais presentes eram depositados em sua casa. Seu lar foi ficando sujo. Iyemanjá pediu, então, que as pessoas não lhe dessem presentes de plásticos nem de metal, pois estes, com o tempo, transformavam-se em lixos difíceis de serem degradados. Os mais obedientes passaram a oferendar apenas o líquido dos perfumes e flores, mas os produtos químicos dos quais eram feitos os perfumes poluíam as águas e as pétalas das flores adoeciam os peixes.
"A população tinha crescido muito e no mar não cabiam mais tantos presentes. Iyemanjá retirou-se para meditar e encontrar a forma ideal de permitir que as pessoas continuassem a praticar seus ritos de agradecimento, sem que ela, sua casa (o mar) e seus filhotes peixes sofressem.
"Muito tempo já tinha se passado até que uma bela e harmoniosa melodia pôde ser ouvida pelo povo da Bahia. Iyemanjá cantava: 'Reúnam-se, cantem e me encantem; este é o presente que quero e posso receber a partir de agora. Não quero mais presentes, quero presença'."
Acordei na manhã seguinte. Já não sabia se tinha ouvido a estória ou sonhado com ela. Era uma vez; há sempre uma vez; há sempre a primeira vez; há de ter sempre pessoas que encarem a primeira vez. "O candomblé é uma religião ecológica" - dizem. Então vivamos o que pregamos!
Encaro o desafio e digo que a partir de 2016 o "Presente de Iyemanjá" do Ilê Axé Opô Afonjá não mais poluirá o mar com presentes. Meus filhos serão orientados a oferendar Iyemanjá com harmoniosos cânticos.
Quem for consciente e corajoso entenderá que os ritos podem e devem ser adaptados às transformações do planeta e da sociedade. Os ritos se fundamentam nos mitos e nestes estão guardados ensinamentos valorosos. O rito pode ser modificado, a essência dos mitos, jamais!
Sei que Iyemanjá ficará feliz, afinal qual é a mulher, principalmente sendo mãe, que não gosta de ouvir belas melodias que confortam e dão alento a um coração permanentemente preocupado com os filhos?
 
 
 

Fé - em defesa do meio ambiente: Mãe Stella passará a presentear Iemanjá com cânticos em 2016

Meire Oliveira

Mãe Stella afirma que a essência do rito não mudará

No artigo Presença, sim! Presente, não!, publicado na edição desta segunda-feira, 21, em A TARDE, a ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, Mãe Stella de Oxóssi, revelou que, a partir de 2016, o terreiro não irá colocar presentes no mar em homenagem a Iemanjá.
"Meus filhos serão orientados a oferendar Iemanjá com harmoniosos cânticos. Quem for consciente e corajoso entenderá que os ritos podem e devem ser adaptados às transformações do planeta e da sociedade", diz o texto escrito pela líder espiritual do terreiro fundado por Mãe Aninha em 1910.
"A recomendação feita aos iniciados do Afonjá tem lógica, embora seja diferente da estrutura histórica construída ao longo dos anos.  Cântico também é uma forma de ofertório. Chama a atenção para a possibilidade de cultuar de outra forma baseada na liberdade litúrgica que toda casa tem de dizer como proceder naquele espaço", disse o historiador e religioso do candomblé, Jaime Sodré.
Discussão
O religioso destaca ainda a relevância da discussão. "É importante o candomblé discutir assuntos contemporâneos. Mãe Stella está fazendo a comunidade refletir, apesar de já existir uma preocupação ambiental dos pescadores e frequentadores da festa que deve ser intensificada. Mas, uma tradição que se instalou por um longo período precisa do mesmo prazo para ser revertida", acredita Sodré.
A amplitude da festa em homenagem à Rainha do Mar, realizada no dia 2 de fevereiro, no bairro do Rio Vermelho, foi a principal motivação da recomendação de Mãe Stella.
"A festa adquiriu uma amplitude que ultrapassa a religião. No início era um grupo restrito, mas uma multidão, inclusive de seguidores de outras denominações religiosas, coloca presentes no mar e nem tudo faz bem ao meio ambiente", explica Mãe Stella.
Limite
Portanto, a ialorixá afirma ainda que as obrigações religiosas não deixarão de ser feitas. "Os ritos se fundamentam nos mitos e nestes estão guardados ensinamentos valorosos. O rito pode ser modificado, a essência dos mitos, jamais!".
A sacerdotisa aposta que a mudança deve agradar a divindade. "Creio que irá emanar uma energia maravilhosa, pois vai inspirar a criação de canções lindas para Iemanjá, que ficará muito feliz", disse Mãe Stella. O presente do Ilê Axé Opô Afonjá ocorre no final do ciclo de festas da Casa, no mês de novembro.
O líder espiritual do terreiro Mokambo, tata de inquice Anselmo dos Santos, acredita que - preservando o cuidado com o meio ambiente - a tradição deve ser mantida.
"Por conta da consciência ambiental, que tem crescido ao longo do tempo, não acho necessária a retirada dos presentes. No entanto, concordo  e opto pela escolha de materiais que não agridam a natureza e que ela tenha facilidade e capacidade de absorver", afirma.
A questão ecológica durante a Festa de Iemanjá, em fevereiro, tem sido colocada em debate há alguns anos. No próximo ano, a campanha 'Iemanjá protege quem protege o mar'- promovida pelo grupo Nzinga de capoeira angola - completa uma década.
"Fazemos um alerta para que os presentes sejam biodegradáveis, com materiais orgânicos", disse Paula Barreto uma das coordenadoras do grupo.
Os pescadores da Colônia de Pesca Z1 já fazem uma seleção de resíduos dos presentes que são levados ao mar junto com o presente principal feito de material biodegradável.
Procurado para falar sobre assunto, o presidente da Colônia Z1, Marcos Souza, não respondeu até o fechamento desta edição.
Desafio
Não é a primeira vez que a ialorixá que assumiu o Ilê Axé Opô Afonjá desde 1976 propõe discussões dentro da religião.
Na década de 80, Mãe Stella foi a autora de um manifesto que orientava o afastamento do sincretismo - associação entre santos católicos e orixás, inquices e voduns -, prática comum, na época, que estabelecia algum tipo de correspondência dos ritos realizados no candomblé com o catolicismo.
Na ocasião, o documento também foi assinado por sacerdotisas como Mãe Menininha, Olga do Alaketu e Doné Ruinhó.
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