Mãe Stella escreve semanalmente no jornal A TARDE
Estou preparada para dormir, não tão cedo como dormem os
idosos. Tenho 90 anos e 7 meses, mas minha filha joga fora os 90. Ela é
de Iyemanjá. Como sua essência é de mãe, ela me cobre. Agora sou um bebê
de 7 meses. Para que o pacote fique completo, minha filha/mãe começa a
contar uma "estorinha":
"Era uma vez uma senhora encantada e encantadora que se
tornou conhecida como 'A Grande Mãe'. Em seu colo, as crianças se
aconchegavam e os adultos buscavam conforto para as dores do dia a dia.
De sua boca saíam conselhos que ajudavam a secar as lágrimas de homens e
mulheres aflitos. Se seus conselhos não bastavam, ela dançava e com
suas mãos indicava os caminhos a serem seguidos.
"As desesperadas pessoas que buscavam 'A Grande Mãe' saíam
de seu lar com a esperança renovada. Sua casa era uma extensão dela
própria. E, por isso, todos queriam agradá-la e a presenteavam com
flores para que sua casa ficasse ainda mais aconchegante. Isso agradava a
generosa senhora, mas não era capaz de impedir que quando estivesse
sozinha chorasse as dores do mundo.
"De seus olhos saíam tantas lágrimas, tanta água salgada,
que sua adorável casa se transformou no mar. Iyemanjá era seu nome, que
significa 'mãe que é respeitada e agradada com entusiasmo'. Todos são
filhos de Iyemanjá, e todos ansiavam por agradá-la com flores, perfumes,
maquiagem, joias. Iyemanjá adorava receber presentes, mas sorria da
ingenuidade de seus protegidos:
"- Como ela poderia ter tempo de ser vaidosa, quando
precisava dedicar-se a esfriar as várias cabeças quentes que deitavam em
seu colo?...
"As pessoas não sabiam, mas quem gostava daqueles lindos e
ricos presentes era a jovem e vaidosa filha de Iyemanjá: Oxum. Quanto
mais Iyemanjá ajudava as pessoas, mais presentes eram depositados em sua
casa. Seu lar foi ficando sujo. Iyemanjá pediu, então, que as pessoas
não lhe dessem presentes de plásticos nem de metal, pois estes, com o
tempo, transformavam-se em lixos difíceis de serem degradados. Os mais
obedientes passaram a oferendar apenas o líquido dos perfumes e flores,
mas os produtos químicos dos quais eram feitos os perfumes poluíam as
águas e as pétalas das flores adoeciam os peixes.
"A população tinha crescido muito e no mar não cabiam mais
tantos presentes. Iyemanjá retirou-se para meditar e encontrar a forma
ideal de permitir que as pessoas continuassem a praticar seus ritos de
agradecimento, sem que ela, sua casa (o mar) e seus filhotes peixes
sofressem.
"Muito tempo já tinha se passado até que uma bela e
harmoniosa melodia pôde ser ouvida pelo povo da Bahia. Iyemanjá cantava:
'Reúnam-se, cantem e me encantem; este é o presente que quero e posso
receber a partir de agora. Não quero mais presentes, quero presença'."
Acordei na manhã seguinte. Já não sabia se tinha ouvido a
estória ou sonhado com ela. Era uma vez; há sempre uma vez; há sempre a
primeira vez; há de ter sempre pessoas que encarem a primeira vez. "O
candomblé é uma religião ecológica" - dizem. Então vivamos o que
pregamos!
Encaro o desafio e digo que a partir de 2016 o "Presente de
Iyemanjá" do Ilê Axé Opô Afonjá não mais poluirá o mar com presentes.
Meus filhos serão orientados a oferendar Iyemanjá com harmoniosos
cânticos.
Quem for consciente e corajoso entenderá que os ritos podem e
devem ser adaptados às transformações do planeta e da sociedade. Os
ritos se fundamentam nos mitos e nestes estão guardados ensinamentos
valorosos. O rito pode ser modificado, a essência dos mitos, jamais!
Sei que Iyemanjá ficará feliz, afinal qual é a mulher,
principalmente sendo mãe, que não gosta de ouvir belas melodias que
confortam e dão alento a um coração permanentemente preocupado com os
filhos?
- ..
-
No mundo dos grandes mágicos ,ele é conhecido como : "O mago do cajado da cobra". Serve-se a ele nos concei...
-
Uriel Uriel ( אוּרִיאֵל “Chama de Deus”, Hebreu padrão Uriʾel , Hebreu tiberiano ʾÛrîʾēl ) é um dos arcanjos da tradição rabínica ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário