O historiador e astrólogo Rui Sá da Silva Barros afirma que a
correspondência entre o tarot e a Cabala foi feita por europeus
cristãos, e que não há registros históricos de escritos judaicos sobre o
tarot, pois os judeus tem sua própria tradição, antiga e complexa: uma
Astrologia bem diferente da que conhecemos, além da Guematria, que deu
origem à nossa Numerologia. A Cabala contém as leis que governam o Universo, as quais são descritas
pelo seu principal diagrama de estudo, a chamada Árvore da Vida. A
Cabala já foi um dos fundamentos da religião judaica e posteriormente
foi incorporada na Renascença pelos estudiosos europeus,
surgindo assim a Cabala Esotérica, a qual passou a ser de domínio
universal.
Alguns símbolos e nomes dos Sephiroth tem estreita correspondência com
os arcanos do tarot. As 22 letras do alfabeto hebraico vinculadas aos 22
caminhos da Árvore da Vida são associados aos 22 arcanos maiores, sendo
essa a causa da presença das letras hebraicas nas lâminas de alguns
baralhos de tarot. Da mesma forma, os 10 Sephiroth foram relacionados
com as 10 cartas numeradas dos arcanos menores. Na Árvore da Vida estão
reproduzidos os 4 níveis do Universo ou 4 Mundos, que são comparados aos
4 naipes e às 4 figuras dos arcanos menores. Os estudiosos afirmam que a Cabala é a fonte de inspiração de todos os
desígnios mágicos dos povos da Antiguidade. A Cabala é um tratado
filosófico de cunho religioso do povo hebreu, cujo conteúdo visa
decifrar um sentido secreto da bíblia através da uma teoria própria e de
um simbolismo de letras e números.
Levi passou a defender a origem hebraica do tarot, considerando-o uma
espécie de alfabeto oculto. Encontrou no tarot uma síntese da Ciência e a
chave da Cabala. "É um livro miraculoso, fonte de inspiração para todos
os livros sagrados dos povos da antiguidade. O mais perfeito
instrumento de adivinhação que pode ser usado com total confiança por
causa da precisão analógica das suas figuras e números", escreveu Levi
em seu livro " Dogma e Ritual de Alta Magia". Apesar da grandiosidade de
seus estudos, muitas revelações prometidas por Levi não foram
compreendidas ou não chegaram a ser publicadas, devido aos compromissos assumidos
com ordens secretas dos iniciados da Cabala e outros sistemas mágicos
da Antiguidade.
Cada Sephiroth tem um
símbolo, uma cor e um nome divino. Esses nomes reunidos, significam para
os místicos judeus o santo nome de Deus. Os nomes são: "A Coroa", "A
Sabedoria", "A Inteligência", "A Bondade", "O Amor", "A Justiça", "O Triunfo", "O Esplendor", "A Fundação" e "O reino". A palavra hebraica "KABBALAH" quer dizer "receber"; é uma tradição, um
conhecimento que é recebido e que não pode ser descoberto apenas através
da ciência ou do estudo intelectual. A Cabala é um ensinamento interno
do judaísmo,uma tradição oral que foi transmitida aos patriarcas judeus
e que tem sido passado pelos sábios desde o início dos tempos, com o
objetivo de despertar a consciência sobre a essência de tudo o que
existe. É um esquema simbólico onde estão preservados as relações entre
Deus e os homens, que ensina as mais profundas percepções sobre a
essência de Deus, sua interação com a humanidade e o propósito da
criação, oferecendo assim, uma compreensão detalhada sobre a vida. Foi no século XIX, graças ao trabalho do padre, filósofo e simbologista
Alphonse Louis Constant (1810-1875), conhecido como Eliphas Levi que
foram abertos os caminhos para a analogia entre o tarot e a Cabala. Foi o
primeiro a estudar e sistematizar o tarot. Em seu livro "Dogma e Ritual
de Alta Magia" esboçou estudos sobre a simbologia dos 22 arcanos
maiores e sua relação com as 22 letras hebraicas e com os caminhos da
Árvore da Vida.
O mesmo princípio foi trabalhado por um grande ocultista do século XIX,
Gerard Eucause (1865-1916), mais conhecido como Papus, que foi o
fundador da Ordem Espiritual e Maçônica dos Martinistas e pertenceu à
Ordem Cabalística Rosacruz. Papus aprofundou os estudos de Levi sobre as
relações do tarot com a Cabala, contribuindo significativamente para os
mistérios esotéricos do jogo em suas obras "Chave Absoluta para a
Ciência Oculta" e "Tarot dos Boêmios". A disposição dos Sephiroth é o modelo para tudo o que existe: eles estão
distribuídos pela Árvore da Vida e existem 22 caminhos possíveis , que
são as trilhas que levam de um Sephiroth a outro.
Atualmente, em virtude dos trabalhos dos grandes místicos dos séculos
XVI à XIX, podemos de forma clara entender a íntima relação entre o
tarot, a Cabala, a Astrologia e a Numerologia. O caráter místico, oculto e sábio do tarot que esconde por trás de seus
símbolos os segredos da existência universal pode ser compreendido
através da similaridade dos 22 arcanos maiores com os 22 caminhos da
Árvore da Vida, que é o sistema cabalístico de concepção do mundo para
os hebreus. A Árvore da Vida é composta de 10 esferas ou
círculos chamadas "SEPHIROTH", que em hebraico quer dizer "números" , as
quais representam os 10 atributos da manifestação de Deus na
existência. São as emanações de Deus nesse mundo, o meio pelo qual Deus
governa o universo, o espírito e a matéria.
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