Espiritualidade tem conexão com maior espessura do córtex cerebral, característica notada em pessoas com menor risco de depressão
Cientistas
já sabem que alguns aspectos da anatomia cerebral podem indicar o risco
de uma pessoa ter depressão. Um deles é a espessura do córtex, membrana
que reveste o órgão - ele é mais fino em indivíduos com mais chances de
ter a doença. Agora, um novo estudo dá pistas sobre o que pode
influenciar nessa característica do córtex: a religiosidade. De acordo
com a pesquisa, pessoas que nutrem esse sentimento tendem a ter um
córtex cerebral mais espesso e, consequentemente, um risco menor de
depressão do que as outras.
O trabalho ainda não conseguiu comprovar, contudo, se a importância
dada à espiritualidade aumenta a espessura do córtex cerebral, ou se é o
contrário - ou seja, se a maior espessura da membrana predispõe uma
pessoa a dar maior importância à religião.
A Study in Adults at High and Low Familial Risk for Depression
Onde foi divulgada: periódico JAMA Psychiatry
Quem fez: Lisa Miller, Ravi Bansal, Priya Wickramaratne, Xuejun Hao, Craig E. Tenke, Myrna M. Weissman e Bradley S. Peterson
Instituição: Universidade Columbia, EUA
Dados de amostragem: 103 pessoas com idades entre 18 e 54 anos
Resultado: Os pesquisadores descobriram que diferenças na anatomia cerebral de pessoas religiosas podem reduzir chances de desenvolver o transtorno
Estudos anteriores já haviam mostrado que, entre pessoas com
predisposição genética à depressão - ou seja, com histórico da doença na
família -, aquelas que são religiosas podem ter um risco até 90% menor
de desenvolver o transtorno do que as que não são religiosas.
Diante dessas evidências, os autores da nova pesquisa buscaram
entender de que forma a religiosidade pode se relacionar à depressão.
Para isso, eles selecionaram 103 pessoas de 18 a 54 anos, sendo que
somente parte delas tinha predisposição genética para a depressão. Por
cinco anos, os cientistas analisaram a importância da religião e a
frequência com que elas visitavam templos e igrejas, além de submeter os
voluntários a exames de ressonância magnética com o objetivo de
verificar a anatomia cerebral.
No final do estudo, os pesquisadores observaram que os participantes
que davam mais importância a questões espirituais, não importando com
que frequência iam a igrejas ou templos, possuíam um córtex mais espesso
em algumas áreas do cérebro. Essa associação entre religiosidade e a
espessura do córtex aconteceu em todos os participantes, mas foi mais
forte entre aqueles que tinham histórico de depressão na família.
A pesquisa foi feita na Universidade Columbia, Estados Unidos, e publicada nesta quarta-feira no periódico JAMA Psychiatry.
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