Lembra da sonda Juno? Pois é, ela já está em Júpiter!
Desde sexta feira, dia 24, ela adentrou a bolha do campo magnético produzido por Júpiter e com isso está já em “território” Joviano. Funciona assim, o Sol produz um vento composto por partículas carregadas, como prótons e elétrons, que viajam pelo espaço a uma velocidade de milhares de km por hora. Isso forma uma nuvem de plasma que envolve todo o Sistema Solar. Júpiter e a Terra, por exemplo, possuem um campo magnético que os envolve, formando uma blindagem magnética que impede, ou pelo menos minimiza, a passagem dessas partículas pelos planetas. Isso significa que dentro dessa blindagem, as partículas, o plasma e o campo magnético são verdadeiramente do planeta e não do Sol. Quando as partículas emitidas pelo Sol se chocam com a magnetosfera, elas dão origem às auroras, seja na Terra, seja em Júpiter, como nessa imagem obtida pelo Hubble.
Apesar de haver uma certa controvérsia do momento exato que a sonda penetrou na magnetosfera de Júpiter, sabemos que ela o fez por volta da última sexta. Este link mostra bem essa transição, com a conversão das leituras do campo elétrico espacial pelos detectores da sonda. O ponto marcado como ‘bow shock’ é justamente a fronteira entre o espaço interplanetário e a zona protegida pelo campo magnético de Júpiter. Aliás, de tão grande que ele é, se pudéssemos vê-lo envolvendo Júpiter no céu, ele teria mais ou menos o tamanho de uma Lua Cheia!
No final da tarde desta quinta-feira (30), o comando da missão em Pasadena, Califórnia, enviou o comando ‘ji4040’, que fez com que a sonda passasse para o modo automático. A partir dele, todas as manobras para inserir a nave em sua órbita ao redor do planeta gigante será feita de maneira automática. No centro de controle, os técnicos da missão estarão acompanhado tudo com os nervos à flor da pele, mas sem fazer nenhuma intervenção. Mesmo porque qualquer ordem vinda da Terra leva por volta de 50 minutos para chegar até a sonda.
Foto: Concepção artística da sonda Juno passando por Júpiter (NASA/JPL-Caltech) |
As manobras devem começar assim que a nave entrar em piloto automático, mas a inserção na órbita ao redor do gigante gasoso vai ser apenas no dia 4 de julho e deve finalizar somente na madrugada do dia seguinte. Durante a inserção e na sua primeira órbita, todos os instrumentos científicos estarão desligados para que toda energia disponível e toda a capacidade de processamento de dados do computador de bordo estejam integralmente dedicadas às manobras.
Dos objetivos científicos da missão, talvez o mais importante seja medir a quantidade de vapor d’água na atmosfera de Júpiter. Essa medida será usada para determinar como se deu a formação de Júpiter e, por tabela, a formação do próprio Sistema Solar. A quantidade de água vai ajudar a determinar não só a composição da nuvem protoplanetária, mas também a distância de formação de Júpiter em relação ao Sol. Se Júpiter tiver uma quantidade de água maior que o previsto nas teorias, ele deve ter se formado mais longe do Sol e migrou para a sua posição atual. Se for menos que o previsto, aconteceu o contrário, ele se formou mais perto e foi parar na sua posição atual. A migração de gigantes gasosos é uma hipótese que surgiu das observações de sistemas de exoplanetas.
Nenhum dos objetivos da missão usa câmeras de luz visível, apenas detectores de radiação eletromagnética, como ondas de rádio e microondas. Por isso, quase que a sonda partiu sem uma câmera digital. Meio que por pressão do público, uma câmera quase igual a que está no jipe marciano Curiosity foi embarcada, mas que só vai produzir imagens para divulgação. Como ela não é prioridade, apenas no final de agosto vamos ver imagens espetaculares, tomadas na região de máxima aproximação de Júpiter. Para novembro está prometido o upload automático das imagens diretamente no site da NASA.
Vamos aguardar e torcer para que tudo dê certo. Certamente os cálculos das manobras foram refeitos várias vezes e só foram enviados ao computador da Juno após centenas de revisões. Mas o momento da inserção orbital é um dos momentos mais críticos da missão e pela coletiva de imprensa de ontem deu para notar a grande tensão entre os pesquisadores.
Fonte: g1.globo.com/ciencia-e-saude/blog/observatorio/
Fonte: g1.globo.com/ciencia-e-saude/blog/observatorio/
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