A
magia está no alguidar, no caldeirão, nas garras de porção, no cálice
ou na bacia da fada. Enfim, tá representando na taça do Tarô, no
tabuleiro do Ifá ou na própria mandala do zodíaco. A representação no
ser humano é a vagina da mulher, que conectada ao Bastão (pênis do
homem), torna-se no portal da vida. O próprio Cristo, simbolicamente
elevou o cálice santo na presença de seus discípulos e Melquisedeque
consagrou também o cálice da bênção de Abraão. Entre os orixás o Cálice
tanto está em Oxum, como símbolo de fertilidade, quanto na força criadora de Iemanjá, como símbolo de maternidade ou se
enegrecido (ou mais oculto) está em Nanã... As forças estão em atuação constante, nas
mãos das bruxas, das cozinheiras, das químicas, alquimistas e das
sacerdotisas. E a ciência do esoterismo e da espiritualidade tenta
apenas compreender e repassar os mistérios...
O Cálice é o Instrumento do Elemento Água e representa a Deusa e a fertilidade. Ele deve ser feito de qualquer material e é usado nos rituais com o propósito de guardar a agua ou outra bebida durante os rituais. O cálice é o instrumento em magia que simboliza o Poder da Grande Mãe e sua infinita fertilidade.
De princípio feminino, o cálice pode ser usado no lugar do caldeirão.
Muitos(as) bruxos(as) preferem o cálice de prata, por estar associado à lua, outras de cristal, então a opção torna-se pessoal.
É utilizado para beber vinhos sagrados, poções mágicas, ou somente para portar água durante os rituais, que deve estar sempre presente no altar simbolizando o elemento água.
Serve também como armazenamento de água no processo de auxílio da vidência, e para líquidos de origens exigidos em determinados rituais.
Descoberto no início do século XX, este cálice faz parte de um conjunto de objectos litúrgicos do século VI que foram encontrados em 1908 na cidade de Kaper Koraon, a sudoeste de Antióquia, uma cidade tão importante para os cristãos como Roma ou Alexandria. Sendo na altura identificado como o Santo Graal, o cálice usado por Cristo na Última Ceia, terá sido concebido como homenagem após a sua morte. A rica ornamentação é constituida por arabescos de motivos vegetais, pássaros, um cordeiro, um coelho e doze figuras humanas sentadas segurando pergaminhos, sendo duas delas possivelmente imagens de Cristo e as restantes imagens de dez dos doze apóstolos, ou filósofos do período clássico, entre os quais o cronista Malalas de Antióquia, que tentou estabelecer a ligação entre o cristianismo e a filosofia clássica.
Que nos dizeis quanto às palavras de Jesus, que Lucas e Mateus lhe atribuem na cena da recusa do cálice de amargura, no Horto das Oliveiras, assim expressas: "Pai, afastai de mim este cálice". Em verdade, a recusa do cálice de amargura, que a tradição religiosa atribui a Jesus, trata-se apenas de um rito iniciático dos velhos ocultistas, com referência à vacilação ou ao temor de toda alma consciente, quando, no espaço, se prepara para envergar o fardo doloroso da vida carnal. O "cálice de amargura" representa o corpo com o sangue da vida humana; é a cruz de carne, que liberta o espírito de suas mazelas cármicas no calvário das existências planetárias, sob os cravos da maldade, do sarcasmo e do sofrimento.
Já o caldeirão - Instrumento característico da magia, o caldeirão possui uma simbologia que vai muito além de sua função propriamente, na medida em nele se processam as grandes transformações. Por essas e outras razões, ele está intimamente ligado ao mais nobre atributo feminino, a gestação, simbolizando assim, o útero da Grande Deusa. A figura do caldeirão da bruxa é uma das mais presentes no imaginário popular, tendo sido associado pelos destratores medievais da bruxaria como algo mau, que serviria até para cozinhar pessoas, o que de modo algum é verdadeiro, pelo contrário, quem cozinhava as pessoas eram os inquisidores, que queimaram nas fogueiras milhares de mulheres que detinham o conhecimento e sabedoria ancestral.
O caldeirão tem uma simbologia especial, o seu formato e função o ligam à representação mais significativa da Deusa Mãe, ou seja, o seu útero, o local da grande transformação e criação da vida, portanto o simbolo maior do sagrado feminino. O caldeirão é o instrumento da bruxa por excelência. Recipiente original de uso culinário, ele guarda mistérios e tal qual o seu uso na cozinha, onde processa a transformação de alimentos em sopas e cozidos, ele também serve para transformar, no plano da magia, os anseios e desejos, ao servir para confeccionar poções e outros produtos mágicos.
O caldeirão pode ser usado também como instrumento de adivinhação. Muitas bruxas costumam encher seus caldeirões com água na noite de Samhain, utilizando-os como espelhos mágicos para olhar o futuro ou passado, além de abrir uma porta de comunicação com os antepassados. É no caldeirão que a bruxa prepara seus feitiços e poções, além de servir para acender o fogo em alguns rituais quando não é possível acender uma fogueira ao ar livre. Suas funções, desse modo, são amplas e por sua representação simbólica, ele pode ser considerado o mais significativo instrumento da prática mágica. Em geral, o caldeirão é um pequeno pote escuro de ferro fundido, utilizado pelas bruxas para vários propósitos, como ferver poções, queimar incenso e guardar carvão, flores, ervas ou outros elementos mágicos.
Fazer uso do caldeirão é uma dádiva. A mente deve estar limpa e purificada, na medida em que o caldeirão é o elo instrumental simbólico mais representativo de nossa ligação com a Grande Deusa: a Mãe Terra. É no caldeirão que se realiza a grande alquimia universal, pois nele as coisas se transformam tal qual ocorre no útero feminino: o grão se torna alimento, a raiz se torna remédio e elementos mágicos se tornam meios para a obtenção de dádivas e realizações.
Osa Meji é um ‘Odu’, um símbolo geomântico, ou seja, oracular, do culto nigeriano de Ifá. Este ‘Odu’ é relacionado especificamente à Sabedoria do Divino Feminino. ‘Odu’ é uma força primordial feminina desdobrada 16 diferentes facetas. Ela própria é o veículo poético máximo de profecia do sacerdote de Ifá, que interpreta não só cada uma destas facetas como suas 256 combinações. Estas combinações abraçam temas como destino, percepção da experiência e proveniência da experiência. A força de uma de suas múltiplas facetas se deixa entrever nas linhas dos versos ancestrais como os que seguem neste texto. Os parênteses visam simplificar a compreensão do leigo no curso da interpretação de Maulana Karenga, em Odù Ifá.
Este ‘Odu’ não só faz referência a Odu, Obatalá e Ogun como, de forma velada, a outra força feminina, a de Iyami Osoronga (A Senhora dos Pássaros da Noite, a Bruxa Primordial), e assim, de duas forças cósmicas femininas que antecederam a própria raça humana. Todo o verso fala sobre este momento mítico - o da criação do mundo em que vivemos, na forma de cooperação mútua entre os princípios masculino e feminino e seus diferentesases (axés, poderes divinos). Também são dois os papéis principais são dados às mulheres, o de Mãe do Mundo e o de Sustentadora do Mundo.
Iami Oxorongá é o nome genérico que recebem as feiticeiras (ajés) na tradição iorubá. São reverenciadas no candomblé, mas pouco se sabe sobre a história e extensão de seu culto no Brasil, parecendo não ter se difundido a não ser como referência em outros ritos, como no padê ou ipadê (rito para Exu e para os ancestrais masculinos e femininos). Nas últimas décadas, devido à crescente divulgação de mitologias oraculares de origem iorubá, a menção a estas entidades tem sido mais frequente. São tidas como feiticeiras que assumem forma de pássaro, por isso, chamadas de “as senhoras do pássaro da noite” (Moura, 1994), sendo a coruja (òwiwi, em iorubá) o símbolo de seu temível poder. Na prancha, dessas entidades pintada por Caribé, este mistério é representado por uma figura central de mulher com cabeça de pássaro (os chifres representado os bicos das aves) que segura duas cabaças contendo pássaros, metáfora do mistério e poder. Uma figura menor, no alto à esquerda, representa uma Iami (mulher-pássaro) ou os pássaros que estas enviam para enfeitiçar as pessoas. No candomblé, teme-se que a sombra (ojiji) projetada pelas asas destes pássaros possa causar malefícios a quem não se proteger.
No esboço da prancha de Ogum, há uma anotação sobre o caldeirão de ferro: “Encomendar ao ferreiro da Ladeira da Conceição, ferros de Ogum de diversos tamanhos, cravos e escápulas para fixar os ferros. Agogôs pequenos e badalos, adjás”. Em A Água predomina a cor azul e as curvas das ondas formam as curvas de um corpo feminino que por sua vez delineiam um peixe. Nesse caso, alude-se a relação do mar com Iemanjá e com seu animal votivo, o peixe. Essa afinidade Carybé também explorou na prancha dedicada a Iemanjá no Mural dos Orixás. Na aquarela A Terra predomina a cor ocre e vemos duas versões de uma mulher deitada numa espécie de gruta. Os órgãos de seu corpo foram pintados como se fossem formações rochosas: os dedos de uma das mãos são estalagmites, porém os da outra mão perfuram a superfície e oferecem um fruto. Os olhos fechados e a cabeça pendente destas mulheres parecem indicar, entretanto, que dormem ou que estão mortas (“enterradas”). Tal como os brotos de plantas ou as sementes são enterradas para germinar, os primeiros sepultamentos humanos - que ocorreram no mesmo período da domesticação das plantas e dos animais-, provavelmente sinalizavam a possibilidade de os enterrados renascerem em outros planos da vida, seja fisicamente ou em forma de alma ou espírito dos antepassados. Para muitos analistas as flores com que os mortos são enterrados simbolizam este renascimento. Aqui a terra é vista como a “mãe”, um símbolo da fertilidade reforçado pela posição destas mulheres com suas pernas entreabertas ou das mãos sobre o ventre. Mas também espaço da morte ou da transformação. A tela parece reafirmar o imaginário da vida e da morte, da saúde e da doença, da riqueza da fertilidade, assim como os orixás associados à terra tem esses atributos como Obaluaiê, Oxóssi e Ossaim.
Na cultura africana e afro-brasileira o sagrado vem da terra e do baixo corpo, por isso tudo o que diz respeito a estes é sagrado. Os sentidos do corpo são todos acionados na religião (a visão das cores vivas e formas naturais, a audição das músicas e rezas, o gosto e o olfato das comidas votivas bem temperadas, o êxtase da possessão). Esse princípio, que une o sagrado ao profano, o extraordinário ao cotidiano, o católico ao africano, enfim o corpo como mediação entre a natureza e a cultura parece ter cativado os olhos de Carybé e o fez escolher viver junto ao povo da Bahia.
Descoberto no início do século XX, este cálice faz parte de um conjunto de objectos litúrgicos do século VI que foram encontrados em 1908 na cidade de Kaper Koraon, a sudoeste de Antióquia, uma cidade tão importante para os cristãos como Roma ou Alexandria. Sendo na altura identificado como o Santo Graal, o cálice usado por Cristo na Última Ceia, terá sido concebido como homenagem após a sua morte. A rica ornamentação é constituida por arabescos de motivos vegetais, pássaros, um cordeiro, um coelho e doze figuras humanas sentadas segurando pergaminhos, sendo duas delas possivelmente imagens de Cristo e as restantes imagens de dez dos doze apóstolos, ou filósofos do período clássico, entre os quais o cronista Malalas de Antióquia, que tentou estabelecer a ligação entre o cristianismo e a filosofia clássica.
Que nos dizeis quanto às palavras de Jesus, que Lucas e Mateus lhe atribuem na cena da recusa do cálice de amargura, no Horto das Oliveiras, assim expressas: "Pai, afastai de mim este cálice". Em verdade, a recusa do cálice de amargura, que a tradição religiosa atribui a Jesus, trata-se apenas de um rito iniciático dos velhos ocultistas, com referência à vacilação ou ao temor de toda alma consciente, quando, no espaço, se prepara para envergar o fardo doloroso da vida carnal. O "cálice de amargura" representa o corpo com o sangue da vida humana; é a cruz de carne, que liberta o espírito de suas mazelas cármicas no calvário das existências planetárias, sob os cravos da maldade, do sarcasmo e do sofrimento.
Já o caldeirão - Instrumento característico da magia, o caldeirão possui uma simbologia que vai muito além de sua função propriamente, na medida em nele se processam as grandes transformações. Por essas e outras razões, ele está intimamente ligado ao mais nobre atributo feminino, a gestação, simbolizando assim, o útero da Grande Deusa. A figura do caldeirão da bruxa é uma das mais presentes no imaginário popular, tendo sido associado pelos destratores medievais da bruxaria como algo mau, que serviria até para cozinhar pessoas, o que de modo algum é verdadeiro, pelo contrário, quem cozinhava as pessoas eram os inquisidores, que queimaram nas fogueiras milhares de mulheres que detinham o conhecimento e sabedoria ancestral.
O caldeirão tem uma simbologia especial, o seu formato e função o ligam à representação mais significativa da Deusa Mãe, ou seja, o seu útero, o local da grande transformação e criação da vida, portanto o simbolo maior do sagrado feminino. O caldeirão é o instrumento da bruxa por excelência. Recipiente original de uso culinário, ele guarda mistérios e tal qual o seu uso na cozinha, onde processa a transformação de alimentos em sopas e cozidos, ele também serve para transformar, no plano da magia, os anseios e desejos, ao servir para confeccionar poções e outros produtos mágicos.
O caldeirão pode ser usado também como instrumento de adivinhação. Muitas bruxas costumam encher seus caldeirões com água na noite de Samhain, utilizando-os como espelhos mágicos para olhar o futuro ou passado, além de abrir uma porta de comunicação com os antepassados. É no caldeirão que a bruxa prepara seus feitiços e poções, além de servir para acender o fogo em alguns rituais quando não é possível acender uma fogueira ao ar livre. Suas funções, desse modo, são amplas e por sua representação simbólica, ele pode ser considerado o mais significativo instrumento da prática mágica. Em geral, o caldeirão é um pequeno pote escuro de ferro fundido, utilizado pelas bruxas para vários propósitos, como ferver poções, queimar incenso e guardar carvão, flores, ervas ou outros elementos mágicos.
Fazer uso do caldeirão é uma dádiva. A mente deve estar limpa e purificada, na medida em que o caldeirão é o elo instrumental simbólico mais representativo de nossa ligação com a Grande Deusa: a Mãe Terra. É no caldeirão que se realiza a grande alquimia universal, pois nele as coisas se transformam tal qual ocorre no útero feminino: o grão se torna alimento, a raiz se torna remédio e elementos mágicos se tornam meios para a obtenção de dádivas e realizações.
Osa Meji é um ‘Odu’, um símbolo geomântico, ou seja, oracular, do culto nigeriano de Ifá. Este ‘Odu’ é relacionado especificamente à Sabedoria do Divino Feminino. ‘Odu’ é uma força primordial feminina desdobrada 16 diferentes facetas. Ela própria é o veículo poético máximo de profecia do sacerdote de Ifá, que interpreta não só cada uma destas facetas como suas 256 combinações. Estas combinações abraçam temas como destino, percepção da experiência e proveniência da experiência. A força de uma de suas múltiplas facetas se deixa entrever nas linhas dos versos ancestrais como os que seguem neste texto. Os parênteses visam simplificar a compreensão do leigo no curso da interpretação de Maulana Karenga, em Odù Ifá.
Este ‘Odu’ não só faz referência a Odu, Obatalá e Ogun como, de forma velada, a outra força feminina, a de Iyami Osoronga (A Senhora dos Pássaros da Noite, a Bruxa Primordial), e assim, de duas forças cósmicas femininas que antecederam a própria raça humana. Todo o verso fala sobre este momento mítico - o da criação do mundo em que vivemos, na forma de cooperação mútua entre os princípios masculino e feminino e seus diferentesases (axés, poderes divinos). Também são dois os papéis principais são dados às mulheres, o de Mãe do Mundo e o de Sustentadora do Mundo.
Iami Oxorongá é o nome genérico que recebem as feiticeiras (ajés) na tradição iorubá. São reverenciadas no candomblé, mas pouco se sabe sobre a história e extensão de seu culto no Brasil, parecendo não ter se difundido a não ser como referência em outros ritos, como no padê ou ipadê (rito para Exu e para os ancestrais masculinos e femininos). Nas últimas décadas, devido à crescente divulgação de mitologias oraculares de origem iorubá, a menção a estas entidades tem sido mais frequente. São tidas como feiticeiras que assumem forma de pássaro, por isso, chamadas de “as senhoras do pássaro da noite” (Moura, 1994), sendo a coruja (òwiwi, em iorubá) o símbolo de seu temível poder. Na prancha, dessas entidades pintada por Caribé, este mistério é representado por uma figura central de mulher com cabeça de pássaro (os chifres representado os bicos das aves) que segura duas cabaças contendo pássaros, metáfora do mistério e poder. Uma figura menor, no alto à esquerda, representa uma Iami (mulher-pássaro) ou os pássaros que estas enviam para enfeitiçar as pessoas. No candomblé, teme-se que a sombra (ojiji) projetada pelas asas destes pássaros possa causar malefícios a quem não se proteger.
No esboço da prancha de Ogum, há uma anotação sobre o caldeirão de ferro: “Encomendar ao ferreiro da Ladeira da Conceição, ferros de Ogum de diversos tamanhos, cravos e escápulas para fixar os ferros. Agogôs pequenos e badalos, adjás”. Em A Água predomina a cor azul e as curvas das ondas formam as curvas de um corpo feminino que por sua vez delineiam um peixe. Nesse caso, alude-se a relação do mar com Iemanjá e com seu animal votivo, o peixe. Essa afinidade Carybé também explorou na prancha dedicada a Iemanjá no Mural dos Orixás. Na aquarela A Terra predomina a cor ocre e vemos duas versões de uma mulher deitada numa espécie de gruta. Os órgãos de seu corpo foram pintados como se fossem formações rochosas: os dedos de uma das mãos são estalagmites, porém os da outra mão perfuram a superfície e oferecem um fruto. Os olhos fechados e a cabeça pendente destas mulheres parecem indicar, entretanto, que dormem ou que estão mortas (“enterradas”). Tal como os brotos de plantas ou as sementes são enterradas para germinar, os primeiros sepultamentos humanos - que ocorreram no mesmo período da domesticação das plantas e dos animais-, provavelmente sinalizavam a possibilidade de os enterrados renascerem em outros planos da vida, seja fisicamente ou em forma de alma ou espírito dos antepassados. Para muitos analistas as flores com que os mortos são enterrados simbolizam este renascimento. Aqui a terra é vista como a “mãe”, um símbolo da fertilidade reforçado pela posição destas mulheres com suas pernas entreabertas ou das mãos sobre o ventre. Mas também espaço da morte ou da transformação. A tela parece reafirmar o imaginário da vida e da morte, da saúde e da doença, da riqueza da fertilidade, assim como os orixás associados à terra tem esses atributos como Obaluaiê, Oxóssi e Ossaim.
Na cultura africana e afro-brasileira o sagrado vem da terra e do baixo corpo, por isso tudo o que diz respeito a estes é sagrado. Os sentidos do corpo são todos acionados na religião (a visão das cores vivas e formas naturais, a audição das músicas e rezas, o gosto e o olfato das comidas votivas bem temperadas, o êxtase da possessão). Esse princípio, que une o sagrado ao profano, o extraordinário ao cotidiano, o católico ao africano, enfim o corpo como mediação entre a natureza e a cultura parece ter cativado os olhos de Carybé e o fez escolher viver junto ao povo da Bahia.
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