Coleção é inspirada no orixá Osànyìn (Foto: Betto Jr./CORREIO) |
O Alaafia lançou coleção Folhas Sagradas em evento no Terreiro do Gantois
Mulheres negras, do axé, unidas pela ancestralidade, em busca do sustento da família por meio da reverencia aos orixás. Nasceu daí, há um ano, o Coletivo Alaafia. Composto por mulheres pretas que empreendem da moda à gastronomia, o grupo lançou, nesta quinta-feira (18), a coleção Folhas Sagradas: Os Segredos de Osànyìn, no Terreiro do Gantois, na Federação.
Orixá da 'invisibilidade', Osànyìn é representado pelas folhas e inspira o conceito da coleção da Alaafia, composto por 12 looks, todos em [em tons claros e escutos], marrom e branco, lançados sob os olhares de outras filhas e mães de santo do Gantois, incluindo a ialorixá da casa, Mãe Carmen. Sem Osànyìn, não existe folha e, sem folha, não existe o candomblé, explica uma das percursoras do coletivo, Luciana Baraúna.
“O conceito da coleção é o orixá que representa a invisibilidade. A partir disso, nós pensamos em fazer a homenagem e foi assim que nasceu a primeira coleção da Alaafia”, explica a dona da marca BaraunArtes, que é filha do Gantois.
As peças, composições leves e despojadas, das marcas Afrolook, Cazulo e Óticas Glamour, embelezaram modelos negras, e suas curvas variadas, ligadas ao próprio coletivo, além da Deusa do Ébano 2019, Daniele Nobre. A noite tambem contou com a performance artística do rupo de teatro da coreógrafa Nildinha Fonseca, uma das primeiras dançarinas do Balé Folclórico da Bahia.
Irmãs, como se referem umas às outras, as mulheres que integram a Alaafia, garantem que o coletivo nasce da intenção de materializar a ação das “pretas de terreiro, que fazem e vendem os seus produtos para o mundo”. São doces, roupas, bijuterias e outras peças, todas feitas à mão, garantem.
“Nossa busca é a de que as pessoas entendam que mulheres não existem para competir. Nós buscamos nos unir na busca pelo sustento de nossas famílias, fazendo o que nós sabemos fazer de melhor, construindo oportunidades”, acrescenta Marina Bonfim, que aplica os dotes culinários na Oyá Doces Delícias.
Diferente de Luciana, que tem uma loja física da BaraunArtes no Shopping Center Lapa, no Centro, há quatro anos Marina utiliza as redes sociais, além de feiras livres, para divulgar e comercializar seus quitutes. Assim como Eliene Valle e Ângela Duarte, outras duas pioneiras da Alaafia, que já reúne pelo menos 25 negras empreendedoras. De acordo com Eliene, o grupo vai vender alguns de seus produtos na Flipelô, que acontece de 7 a 11 de agosto, na Praça das Artes, no Pelourinho.
'União do sagrado'
Na leitura da líder do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, ialorixá Jaciara Ribeiro, "quando mulheres negras se reúnem por um bem, é uma união do sagrado". Nas palavras da mãe de santo, presente no desfile, as empreendedoras protagonizam um momento histórico.
"Num momento em que nós presenciamos tanto racismo, intolerância religiosa, ver mulheres pretas cultivando e enaltecendo as nossas raízes, a nossa ancestralidade, isso representa muito e é bastante especial", afirmou a mãe de santo.
Jaciara comentou, que, historicamente, as mulheres negras se "constroem com o trabalho do que está ao alcance das mãos", ao citar como exemplo as lavadeiras de ganho, que também buscavam renda engomando e fazendo quitutes. "É a nossa construção, nossa cultura, e a própria religião nos ensina isso".
Não à toa, o Gantois, um dos mais tradicionais terreiros da capital, abriu suas portas para o desfile. À reportagem, Mãe Ângela Ferreira comentou que o coletivo representa resistência. "É um momento muito importante para todos nós, pois é a valorização de nossa cultura, de nossa ancestralidade, especialmente por ver que é algo que está crescendo, que é um negócio bem sucedido. Elas são vencedoras", destacou ela. Em nome de Mãe Carmen, Ângela acrescentou que a casa está aberta para o Alaafia e qualquer outro coletivo, de homens ou mulheres, que reverenciem o axé, a cultura e o potencial do povo preto.
fonte: Correio
Criado há um ano, Alaafia foi pensado por cinco mulheres negras (Foto: Betto Jr./CORREIO) |
Irmãs, como se referem umas às outras, as mulheres que integram a Alaafia, garantem que o coletivo nasce da intenção de materializar a ação das “pretas de terreiro, que fazem e vendem os seus produtos para o mundo”. São doces, roupas, bijuterias e outras peças, todas feitas à mão, garantem.
“Nossa busca é a de que as pessoas entendam que mulheres não existem para competir. Nós buscamos nos unir na busca pelo sustento de nossas famílias, fazendo o que nós sabemos fazer de melhor, construindo oportunidades”, acrescenta Marina Bonfim, que aplica os dotes culinários na Oyá Doces Delícias.
Diferente de Luciana, que tem uma loja física da BaraunArtes no Shopping Center Lapa, no Centro, há quatro anos Marina utiliza as redes sociais, além de feiras livres, para divulgar e comercializar seus quitutes. Assim como Eliene Valle e Ângela Duarte, outras duas pioneiras da Alaafia, que já reúne pelo menos 25 negras empreendedoras. De acordo com Eliene, o grupo vai vender alguns de seus produtos na Flipelô, que acontece de 7 a 11 de agosto, na Praça das Artes, no Pelourinho.
Coleção apresentou 12 looks (Foto: Betto Jr./CORREIO) |
'União do sagrado'
Na leitura da líder do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, ialorixá Jaciara Ribeiro, "quando mulheres negras se reúnem por um bem, é uma união do sagrado". Nas palavras da mãe de santo, presente no desfile, as empreendedoras protagonizam um momento histórico.
"Num momento em que nós presenciamos tanto racismo, intolerância religiosa, ver mulheres pretas cultivando e enaltecendo as nossas raízes, a nossa ancestralidade, isso representa muito e é bastante especial", afirmou a mãe de santo.
Jaciara comentou, que, historicamente, as mulheres negras se "constroem com o trabalho do que está ao alcance das mãos", ao citar como exemplo as lavadeiras de ganho, que também buscavam renda engomando e fazendo quitutes. "É a nossa construção, nossa cultura, e a própria religião nos ensina isso".
Não à toa, o Gantois, um dos mais tradicionais terreiros da capital, abriu suas portas para o desfile. À reportagem, Mãe Ângela Ferreira comentou que o coletivo representa resistência. "É um momento muito importante para todos nós, pois é a valorização de nossa cultura, de nossa ancestralidade, especialmente por ver que é algo que está crescendo, que é um negócio bem sucedido. Elas são vencedoras", destacou ela. Em nome de Mãe Carmen, Ângela acrescentou que a casa está aberta para o Alaafia e qualquer outro coletivo, de homens ou mulheres, que reverenciem o axé, a cultura e o potencial do povo preto.
Desfile aconteceu no terreiro (Foto: Betto Jr./CORREIO) |
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