Ao analisarem o resultado da colisão com um cometa em 1994, os cientistas descobriram, pela primeira vez, ventos muito fortes na atmosfera intermédia de Júpiter.
Os astrônomos conseguiram, com a ajuda do telescópio ALMA, operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) e localizado no deserto do Atacama, no Chile, medir pela primeira vez ventos na atmosfera de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. Os resultados foram publicados na revista científica Astronomy & Astrophysics na quinta-feira (18)
"Ao analisar as consequências de uma colisão com cometa ocorrida na década de 1990, os pesquisadores descobriram ventos incrivelmente poderosos perto dos polos de Júpiter, com velocidades de até 1.450 quilômetros por hora", lê-se no comunicado divulgado pela ALMA na quinta-feira (18).
A equipe de astrônomos rastreou uma molécula originada na colisão do cometa Shoemaker-Levy 9 com o planeta gasoso em 1994. Essa foi a primeira observação direta de uma colisão extraterrestre entre dois corpos do Sistema Solar e esse impacto produziu novas moléculas na estratosfera de Júpiter, onde elas têm se movido com os ventos desde então. A partir dos resultados, os cientistas descreveram como os ventos como uma "besta meteorológica única em nosso Sistema Solar".
"O resultado mais espetacular é a presença de jatos fortes [faixas estreitas de vento na atmosfera], com velocidades de até 400 metros por segundo, que ficam sob a aurora, perto dos polos", explica Thibault Cavalié, princial autor do estudo.
Essas velocidades do vento, equivalentes a cerca de 1.450 km/h, são mais de duas vezes as velocidades máximas de tempestade alcançadas na Grande Mancha Vermelha de Júpiter e mais de três vezes a velocidade do vento medida nos tornados mais fortes da Terra.
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Cavalié destaca que encontrar os ventos foi uma surpresa, pois estudos anteriores indicaram que os ventos fortes diminuíram antes de atingir a estratosfera.
Além dos ventos polares, a equipe usou o ALMA para confirmar, também pela primeira vez, a existência de fortes ventos estratosféricos ao redor do equador do planeta medindo diretamente sua velocidade, de cerca de 600 km/h.
"Esses resultados do ALMA abrem uma nova janela para o estudo das regiões de Júpiter com auroras, algo realmente inesperado há poucos meses", conclui Cavalié.
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