Tycho
Brahe, filho de um lorde e de uma condessa dinamarqueses, começou a
atuar. Brahe conseguiu observar uma "estrela nova" (que hoje sabemos ser
o resultado da explosão que marca a morte de uma estrela distante,
aumentando muito seu brilho) e mostrar que ela estava acontecendo a uma
imensa distância da Terra. Isso sugeria que a chamada região das
estrelas fixas, supostamente imutável segundo a doutrina
de Ptolomeu, não era tão imutável assim. Brahe foi além: tentou
conciliar o sistema de Copérnico e o ptolomaico ao criar um modelo em
que o Sol e a Lua giravam ao redor da Terra, enquanto os demais planetas
circundavam o Sol.
Com o apoio do rei da Dinamarca, Frederico 2º, Brahe construiu um observatório na ilha de Hven, tão gigantesco que passou a ser conhecido como Uraniborg, "fortaleza do céu". Lá, Brahe e seus discípulos usaram os melhores instrumentos da época (antes da invenção do telescópio, é bom lembrar) para realizar observações extremamente precisas e abrangentes. Ao mesmo tempo, Brahe professava sua crença na tradição astrológica e fez um mapa astral detalhado do príncipe-herdeiro dinamarquês, Cristiano 4º. Ele só parece não ter previsto que Cristiano retiraria o apoio real a suas pesquisas quando chegasse ao poder. Por sorte, a fama de Brahe lhe granjeou o posto de matemático do imperador germânico Rodolfo 2º. Por conta do novo posto, ele se mudou para perto de Praga, onde morreu depois da bebedeira que mencionamos no começo desta reportagem.
O alemão Kepler herdou o posto do mestre, e não ficou devendo em nada a ele. Usou os dados obtidos em Uraniborg para confirmar que o modelo de Copérnico (e não o meio-termo de seu mestre) era o correto, e também para mostrar que as órbitas dos planetas do sistema solar não eram círculos, formas consideradas "perfeitas" no sistema ptolomaico, mas elipses - círculos "espichados" ou ovalados, digamos. Kepler também jurava de pés juntos que a astrologia era uma forma "divina" de conhecimento, e diz-se que ele teria previsto a própria morte, em 1630.
Em certo sentido, a carreira de Kepler marcou tanto a ascensão quanto o começo da queda do prestígio científico da astrologia. A vitória do modelo de Copérnico teve muito a ver com isso: ao tirar a Terra do centro das coisas, ele ajudou a tornar menos plausível a idéia de que a vida humana do dia-a-dia é influenciada pelos acontecimentos celestes. Conforme o conhecimento astronômico avançava, ficava cada vez mais claro que o Cosmos era imensamente vasto, e que o Sol e seus planetas não passavam de um cantinho insignificante de uma galáxia como qualquer outra Universo afora. Ou que, embora pareçam alinhadas se vistas da Terra, as constelações não são formações naturais. No espaço, as estrelas que formam Libra ou Aquário ocupam posições sem qualquer relação. Até onde sabemos, fora as influências óbvias do Sol e da Lua, astros têm pouco ou nada a ver com o dia-a-dia da Terra. Mas, sem a idéia de que isso poderia acontecer, talvez nunca tivéssemos chegado a um conhecimento mais claro da imensidão lá fora.
Com o apoio do rei da Dinamarca, Frederico 2º, Brahe construiu um observatório na ilha de Hven, tão gigantesco que passou a ser conhecido como Uraniborg, "fortaleza do céu". Lá, Brahe e seus discípulos usaram os melhores instrumentos da época (antes da invenção do telescópio, é bom lembrar) para realizar observações extremamente precisas e abrangentes. Ao mesmo tempo, Brahe professava sua crença na tradição astrológica e fez um mapa astral detalhado do príncipe-herdeiro dinamarquês, Cristiano 4º. Ele só parece não ter previsto que Cristiano retiraria o apoio real a suas pesquisas quando chegasse ao poder. Por sorte, a fama de Brahe lhe granjeou o posto de matemático do imperador germânico Rodolfo 2º. Por conta do novo posto, ele se mudou para perto de Praga, onde morreu depois da bebedeira que mencionamos no começo desta reportagem.
O alemão Kepler herdou o posto do mestre, e não ficou devendo em nada a ele. Usou os dados obtidos em Uraniborg para confirmar que o modelo de Copérnico (e não o meio-termo de seu mestre) era o correto, e também para mostrar que as órbitas dos planetas do sistema solar não eram círculos, formas consideradas "perfeitas" no sistema ptolomaico, mas elipses - círculos "espichados" ou ovalados, digamos. Kepler também jurava de pés juntos que a astrologia era uma forma "divina" de conhecimento, e diz-se que ele teria previsto a própria morte, em 1630.
Em certo sentido, a carreira de Kepler marcou tanto a ascensão quanto o começo da queda do prestígio científico da astrologia. A vitória do modelo de Copérnico teve muito a ver com isso: ao tirar a Terra do centro das coisas, ele ajudou a tornar menos plausível a idéia de que a vida humana do dia-a-dia é influenciada pelos acontecimentos celestes. Conforme o conhecimento astronômico avançava, ficava cada vez mais claro que o Cosmos era imensamente vasto, e que o Sol e seus planetas não passavam de um cantinho insignificante de uma galáxia como qualquer outra Universo afora. Ou que, embora pareçam alinhadas se vistas da Terra, as constelações não são formações naturais. No espaço, as estrelas que formam Libra ou Aquário ocupam posições sem qualquer relação. Até onde sabemos, fora as influências óbvias do Sol e da Lua, astros têm pouco ou nada a ver com o dia-a-dia da Terra. Mas, sem a idéia de que isso poderia acontecer, talvez nunca tivéssemos chegado a um conhecimento mais claro da imensidão lá fora.
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