A
Itró, é propícia para pensarmos sobre o conceito de posse. O que
significa "ter" alguma coisa? Todo tipo de "ter" é igual? Vamos supor
que perguntemos à uma pessoa o que ela tem, ela poderia dizer coisas
como: tenho um cônjuge, tenho filhos, tenho uma casa, tenho emprego,
tenho conhecimento em tal e tal área, tenho um carro, tenho roupas,
tenho amigos, tenho minha reputação...
Todas as coisas realmente são objeto do verbo "ter", mas elas são muito diferentes entre si. Ter um cônjuge, por exemplo, não é o mesmo que ter um carro. Algumas coisas que temos na vida foram compradas. São coisas pelas quais pagamos e que obtivemos por meio do trabalho e esforço. Esse talvez seja o nível mais básico do ter e o que mais faz as pessoas sentirem que realmente "têm" alguma coisa, pois aqui existe o senso de realização: a pessoa investiu algo e obteve.
Algumas coisas que temos nos são dadas. Alguns recebem um carro novo dos pais quando passam na faculdade. Mesmo que isso não tenha ocorrido conosco, um outro exemplo é quando alguém ama você. Você tem o amor da pessoa e um cônjuge ao seu lado, e isso lhe foi dado. Nesta classe do ter estão as coisas que temos mas que não dependem totalmente de nós. São coisas que só temos porque de algum modo alguém achou que nós éramos dignos de ter aquilo.
Por fim, algumas coisas nós temos porque são inerentemente nossas. Nós não as compramos e ninguém precisa querer dá-las para nós, elas são nossas mesmo que não queiramos! Exemplo disso é a nossa pátria, ou a nossa tradição familiar. Basta você nascer em determinado local ou em determinada família para "ter" certos valores e certa mentalidade. Você pode até não querer ter aquela pátria ou aquela tradição. Pode até vir a renegá-los, mas a verdade é que isso não é uma escolha sua. Eles são seus e ponto final. Outros exemplos desse nível de ter são: nossa alma, nossa mente, nossos talentos.
Quase que paradoxalmente, são as coisas do terceiro tipo que talvez nos dêem menos senso de realização e as que menos despertam nosso desejo de ter, mas são justamente essas as coisas que você mais tem de verdade. Para constatar isso, basta reparar que o seu poder de ter do primeiro nível pode variar conforme você passa pelos altos e baixos da vida. Os presentes, ganhos, o ter do segundo nível, também podem variar e sofrer oscilações, e vão sempre depender de forças externas a nós, vão depender dos outros. No entanto, no terceiro caso, as coisas que temos são inerentemente nossas, e assim o serão em todas as circunstâncias e sob todas as condições.
A Cabalá nos ensina que grande parte do sofrimento humano vem do desequilíbrio no foco que damos aos três níveis de ter. Muitas vezes passamos a vida focando no ter do primeiro nível, para depois descobrir que um vendaval passa e leva tudo o que "tínhamos". Em outros casos, focamos demais no segundo nível de ter, vivemos tentando fazer com que as pessoas nos dêem as coisas, para depois começar a ver que assim estamos à mercê do humor e boa-vontade dos outros. Em geral o que mais renegamos é o terceiro nível de ter, aquilo que é realmente nosso, que realmente nos define e que realmente se constitui em nosso legado. Muitas vezes vivemos sem nos lembrar dessa nossa posse, desse nosso tesouro, escondido bem debaixo dos nossos pés. Y. A. Cabalista
Todas as coisas realmente são objeto do verbo "ter", mas elas são muito diferentes entre si. Ter um cônjuge, por exemplo, não é o mesmo que ter um carro. Algumas coisas que temos na vida foram compradas. São coisas pelas quais pagamos e que obtivemos por meio do trabalho e esforço. Esse talvez seja o nível mais básico do ter e o que mais faz as pessoas sentirem que realmente "têm" alguma coisa, pois aqui existe o senso de realização: a pessoa investiu algo e obteve.
Algumas coisas que temos nos são dadas. Alguns recebem um carro novo dos pais quando passam na faculdade. Mesmo que isso não tenha ocorrido conosco, um outro exemplo é quando alguém ama você. Você tem o amor da pessoa e um cônjuge ao seu lado, e isso lhe foi dado. Nesta classe do ter estão as coisas que temos mas que não dependem totalmente de nós. São coisas que só temos porque de algum modo alguém achou que nós éramos dignos de ter aquilo.
Por fim, algumas coisas nós temos porque são inerentemente nossas. Nós não as compramos e ninguém precisa querer dá-las para nós, elas são nossas mesmo que não queiramos! Exemplo disso é a nossa pátria, ou a nossa tradição familiar. Basta você nascer em determinado local ou em determinada família para "ter" certos valores e certa mentalidade. Você pode até não querer ter aquela pátria ou aquela tradição. Pode até vir a renegá-los, mas a verdade é que isso não é uma escolha sua. Eles são seus e ponto final. Outros exemplos desse nível de ter são: nossa alma, nossa mente, nossos talentos.
Quase que paradoxalmente, são as coisas do terceiro tipo que talvez nos dêem menos senso de realização e as que menos despertam nosso desejo de ter, mas são justamente essas as coisas que você mais tem de verdade. Para constatar isso, basta reparar que o seu poder de ter do primeiro nível pode variar conforme você passa pelos altos e baixos da vida. Os presentes, ganhos, o ter do segundo nível, também podem variar e sofrer oscilações, e vão sempre depender de forças externas a nós, vão depender dos outros. No entanto, no terceiro caso, as coisas que temos são inerentemente nossas, e assim o serão em todas as circunstâncias e sob todas as condições.
A Cabalá nos ensina que grande parte do sofrimento humano vem do desequilíbrio no foco que damos aos três níveis de ter. Muitas vezes passamos a vida focando no ter do primeiro nível, para depois descobrir que um vendaval passa e leva tudo o que "tínhamos". Em outros casos, focamos demais no segundo nível de ter, vivemos tentando fazer com que as pessoas nos dêem as coisas, para depois começar a ver que assim estamos à mercê do humor e boa-vontade dos outros. Em geral o que mais renegamos é o terceiro nível de ter, aquilo que é realmente nosso, que realmente nos define e que realmente se constitui em nosso legado. Muitas vezes vivemos sem nos lembrar dessa nossa posse, desse nosso tesouro, escondido bem debaixo dos nossos pés. Y. A. Cabalista
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