NÚMEROS: HISTÓRIA E SIMBOLOGIA
Os números simbolicamente significativos que vêm depois do dez são o onze, investido algumas vezes de conotação nefasta, mas sobretudo o doze, ao qual se atribui uma grande importância (número dos signos do zodíaco, base do sistema senário babilônico, número das tribos de Israel e dos apóstolos, etc). Doze
deuses constituíam, desde o século 5º a.C., o panteão da Grécia: Zeus,
Hera, Deméter, Apolo, Artemis, Ares, Afrodite, Hermes, Atena, Hefestos,
Poseidon e Héstia, que era com freqüência substituída por Dionísio
(Baco).
O Plano Espiritual se divide em NOVE sub-planos conhecidos como NOVE “céus”. Estes “céus” são “habitados” por entidades “angélicas” citadas na Bíblia como os NOVE coros de anjos e que nada mais são que focos atômicos de energia diversificada da Energia UNA. Estes “céus” são simbolicamente representados pelos planetas do sistema solar, com exclusão da Terra e do planeta Plutão, só recentemente descoberto, e com a inclusão do Sol e da Lua. São assim distribuídos os “céus” cabalísticos e seus respectivos focos “angélicos” de energia:
PRIMEIRO “CÉU” - A Lua, o mais próximo do mundo físico. Nele se localiza o Elemental dos desejos, também conhecidos pelos teosofistas como Plano Astral. Nele encontram-se as aspirações que são o resultado dos pensamentos elevados. Os átomos energéticos deste plano denominam-se “Anjos”;
Quanto à sua composição, o doze pode ter sido formado tanto pela multiplicação do quatro por três (três vezes cada um dos quatro elementos – fogo, terra, ar e água – que constituem os signos astrológicos) quanto pela multiplicação do três pelo quatro (quatro vezes
cada uma das três modalidades dos signos – cardinal, fixo e mutável –
ou, em outros termos, pelas três forças: positivo, negativo e neutro).
Ele representa, de todo modo, a íntima aliança entre a dinâmica do três e
a completude do quatro. O homem, criatura de Deus, o Microcosmo, encerra em si mesmo todos os “céus” e, por isto, tem capacidade para erguer-se de seu Plano Material até ao Páramo Celeste, residência de Deus. Para isso ele conta com as emanações e vibrações dos átomos energéticos, oriundos dos “céus” por eles “habitados”. Estas vibrações conduzem-no à criatividade, à razão, ao amor, às manifestações de vida, à ação, à benevolência, à ventura, ao altruísmo, à crença. Todas estas virtudes lhe são inerentes e com o cultivo delas ele garante para si a constante Evolução que é o imperativo da vida e que o conduz às regiões mais altas do Infinito! A Mitologia grega tentou explicar esta ascensão espiritual do homem através da senda das Artes. Para os gregos, o artista era um ser privilegiado, evoluído e digno da maior consideração e do maior respeito. As Musas, representantes, ou mesmo a própria Inspiração Divina, eram as protetoras do artista e as incentivadoras das Artes. As diferentes manifestações do doze – tribos, apóstolos ou signos zodiacais – foram muitas vezes colocadas em relação recíproca por autores cristãos: “Os doze apóstolos têm na Igreja o lugar que os doze signos do zodíacos ocupam na Natureza, visto que, como os signos governam os seres sublunares e presidem sua geração, os doze apóstolos presidem a regeneração das almas” (São Clemente de Alexandria, citando Teodato, o Gnóstico).
Outro exemplo: “o
Cristo é o dia verdadeiramente eterno e sem fim que tem a seu serviço
as doze horas nos Apóstolos e os doze meses nos Profetas.” (Zenon de Verona, Tractatus).
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E Santo Agostinho, não teme escrever nas Enarrationes in Psalmos: “Existem
doze apóstolos porque o Evangelho devia ser pregado aos quatro cantos
do mundo em nome da Trindade: ora, quatro e três dão doze”.
O DEZ é o número sagrado do Universal Secreto e esotérico em relação à Unidade quanto ao Zero. Os números pitagóricos tinham no “1” e no “0” o primeiro e o último algarismo
Antes do “Princípio” já existia o Zero (0). No “Princípio”, surgiu o Um (l). A representação simbólica deste fato, nos é dada pela colocação do Um à direita do Zero (0), assim: “01”. É a manifestação do Absoluto, acionando a força latente no Círculo, através do raio (Um) que é a projeção do Ponto central de onde brota a Energia e este raio desce para criar todas as formas materiais e mentais simbolizadas nos diversos números, até o Nove, depois do qual, tendo o raio completado a sua trajetória descendente (Involução), retoma (Evolução) ao Circulo e, agora, se coloca à sua direita “10” (“à direita do Pai” segundo a expressão bíblica) simbolizando que a obra foi acabada.
As proposições científicas são, em sua maioria, efêmeras. Assim, a Terra pôde ser considerada, por muito tempo, o centro do universo. O mesmo não podemos dizer sobre as descobertas no campo da Matemática, que têm, de modo geral, caráter permanente. Basta verificar que uma vez feita uma descoberta matemática, ela ganha vida, supera seu descobridor, tornando-se acessível para que os demais possam usá-la, servindo de base para novas possibilidades de conhecimento. Métodos de resolução de problemas matemáticos que foram descobertos pelos babilônios há milhares de anos ainda são ensinados nas escolas. A notação, obviamente, é distinta daquela utilizada em tempos tão remotos, mas o vínculo histórico é inegável (Guicciardini, 2018; Stewart & Ian, 2014)
Do Treze ao Quarenta
O número treze
é quase sempre considerado de mau augúrio. Hesíodo (século 8º a.C.)
prevenia os camponeses para não começarem a semeadura no dia 13 do mês.
No ano bissexto dos babilônios existia um 13º mês colocado sob o signo
do “corvo de mau augúrio”.
O Diabo teria sido o décimo terceiroJudas,
o décimo segundo apóstolo e portanto o décimo terceiro participante da
Ceia, na instituição da eucaristia pelo Cristo, trairia seu mestre por
trinta dinheiros e acabaria por se enforcar ao se consumar o sacrifício
de Jesus na cruz. Como é necessário, no entanto, que os apóstolos
permaneçam doze, ele será substituído por Saulo, que passará a ser
chamado de Paulo após sua iluminação.
Outras interpretações, que vão além da falta e da infelicidade,
aparecem igualmente para o treze. Enquanto número da morte, pode também
significar a morte simbólica que muda o Ser de nível, que leva portanto ao renascimento e leva o homem a alcançar os mistério do céu: parece ser este o sentido mais profundo da carta 13 do Tarô.
convidado ao sabá dos doze feiticeiros. |
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Assim como o 5 era a unidade central do 4, e o 9 a do 8, pode o 13 ser considerado para o 12 como o Cristo em relação aos apóstolos ou Iahweh
para seus profetas. O treze pode, enfim, completar o doze
introduzindo-o em uma outra dimensão: é assim que aos doze descendentes
de Jacó se junta uma décima-terceira criança, sua filha Diná, do mesmo
modo que, nos Evangelhos, vem juntar-se aos doze apóstolos a misteriosa
figura de Maria Madalena.
O princípio da influência dos astros, sobre a Terra e o homem, já foi explicado quando estudamos o número Sete. Apenas para recordar vamos dizer que as esferas celestes recebem quantidade de vibrações, luminosas e sonoras, partidas do Sol, na razão inversa das distâncias que dele guardam. Estas vibrações, partidas do Sol, compreendem uma gama extremamente grande de freqüências vibratórias e, cada esfera tem a propriedade de vibrar em uníssono com uma ou algumas destas freqüências. Como qualquer esfera recebe a gama vibratória integral, ela absorve as freqüências que lhe são harmônicas e reflete as demais que irão interferir nas outras esferas. Assim, a Terra recebe e absorve as vibrações que lhe são próprias, mas, além daquelas que lhe vêm diretamente do Sol e que com ela não se harmonizam ela recebe, das outras esferas o reflexo destas mesmas vibrações e isto influi no seu equilíbrio vibratório próprio, causando benefícios ou distúrbios que os astrólogos denominam de influências astrais.
Como sabemos que o Sol, em sua mancha aparente pela eclíptica, “visita”, durante os 365 dias do ano, por determinado tempo (30 dias), as DOZE constelações, ele envia para a constelação que está sendo “visitada” por ele uma quantidade maior de suas vibrações.
Como sabemos que o Sol, em sua mancha aparente pela eclíptica, “visita”, durante os 365 dias do ano, por determinado tempo (30 dias), as DOZE constelações, ele envia para a constelação que está sendo “visitada” por ele uma quantidade maior de suas vibrações.
Vinte e quatro é o número das horas de um dia e dos anciãos no Apocalipse
de São João (4,4). Ele está intimamente ligado ao doze por ser
evidentemente o seu dobro, mas também, segundo os cálculos da
aritmosofia, a metade: 24 --> 2 + 4 = 6, que é a metade de doze. O
vinte e quatro é assim um “enquadramento” do doze, e é sem dúvida por
isso que, no sistema de cálculo senário (de base 6) e em relação aos
doze signos do zodíaco que eles conheciam perfeitamente, os astrólogos
babilônios introduziram os 24 “Juízes do Universo”, ou seja, 24
estrelas, das quais 12 se encontram ao sul e doze ao norte”.
Gostaríamos de ter maiores conhecimentos, de praticar melhores incursões pelos campos da Cabala, da Teosofia, da Astrologia, da Astronomia, da Numerologia, da História antiga e outros que se fizeram necessários para o desenvolvimento do assunto! Em todos eles bordejamos, mas faltou-nos fôlego para um maior adentramento. Os compêndios foram a nossa grande ajuda. Neles, procuramos nos abeberar com alguns conhecimentos para poder aplicá-lo nas necessidades do nosso trabalho
O vinte e seis representa
na Cabala a soma das cifras do tetragrama sagrado (as quatro letras do
nome de Deus JHVH, ou seja: 10 + 5 + 6 + 5 = 26). Vinte e oito, que representa um mês lunar
e corresponde igualmente ao número de letras do alfabeto árabe, é
evidentemente 4 x 7 e 2 x 14, o que explica por quê Osíris, deus da Lua,
reinou por 28 anos antes de ser desmembrado por seu irmão Set em
quatorze pedaços. Mais tarde ressuscitado por Isis, ganhou o Amenti, que
é composto por quatorze regiões, para lá julgar as almas dos defuntos
cercado por 42 deuses.
Trinta e três recebeu um significado particular no cristianismo por ser a idade de Jesus no momento de sua morte. Indica o número de cantos na Divina Comédia de Dante, bem como os degraus da “escada mística” na teologia bizantina. Quarenta é o número da prova, do jejum e da solidão. Segundo os preceitos bíblicos, a mulher que acaba de dar à luz deve permanecer 40 dias no isolamento. Entre os gregos, o repasto fúnebre se desenrolava por quarenta dias e quarenta noite. Moisés esperou pelo mesmo lapso de tempo no Monte Sinai que Deus proclamasse seus mandamentos. A travessia dos filhos de Israel pelo deserto durou quarenta anos, bem como o jejum de Jesus após o batismo durou 40 dias, tal qual a quaresma do ano religioso. Sto. Agostinho considerava quarenta como o próprio número da peregrinação neste mundo inferior e da espera pelo Reino. A alquimia retomou esse significado ao indicar que tanto a obra em negro (nigredo:
prova e sofrimento) quanto o conjunto da obra (peregrinação da alma e a
espera do ouro filosofal) exigem a duração de quarenta dias. A partir do diálogo entre Jung (2011b; 2011c) e Pauli (1996), podemos dizer que quatro grandes fatores atuam na formulação do conhecimento: a empiria, o raciocínio lógico-matemático, as predisposições psicológicas do sujeito e as imagens arquetípicas. Desse modo, o conhecimento pode ser lido como uma conjunção entre natureza e psique (Jung, 2011b). Essas concepções foram utilizadas por Pauli (1996, pp. 279-280) na análise da gênese das ideias científicas de Kepler. O processo de compreensão da natureza, assim como o júbilo que o homem apresenta ao compreendê-la, isto é, a verificação consciente do novo conhecimento, parece estar baseada em uma correspondência, em uma germinação das imagens internas preexistentes na psique com os objetos externos e o seu comportamento. [...] Essas imagens primárias que a alma pode perceber com a ajuda de um "instinto" inato são as que Kepler denomina arquetípicas - archetypallis.3 (Tradução nossa) |
O par e o ímpar
Do ponto de vista da simbólica dos números, o par e o ímpar constituem um “casal” de opostos. O melhor exemplo talvez seja uma passagem da Metafísica de Aristóteles, em que ele se inspira em certas considerações de Pitágoras: “Os elementos dos números são o par e o ímpar. O par é inacabado, o ímpar é completo. O Um participa do dois, por ele ser ao mesmo tempo par e ímpar”.
Esta oposição não é a única, pois Aristóteles cita em relação ao ímpar
atributos ou idéias como o Um – o repouso ou o bem – enquanto que o par
tem a ver com o múltiplo (todo número par é um múltiplo de dois, e o
dois representa uma adição do um consigo mesmo), com o movimento e com o
mal.
É nesse linha de considerações que reencontramos a temática do Diabo, o “dia-bolos”, que quebrou a unidade e começa por isso mesmo o trabalho do múltiplo e de seus antagonismos. [Já num sentido oposto, "sim-bolo" traduz a idéia de reconhecimento, de nexo.] Mas como se pode explicar que o Um está ao lado do ímpar e que participa do par e do ímpar? A distinção que se pode introduzir aqui é, de um lado, a do Um que de acordo com a aritmética participa do par e do ímpar, visto que ambos procedem desse um, e de outro lado o Um metafísico, ou Mônada, que só pode estar ao lado do completo e do bem, ou seja, da perfeição, portanto do ímpar. |
Para representar o número cinco, por exemplo, pode-se dispor dois
pontos na vertical de um “ponto de origem”, o um, e dois outros pontos
na horizontal. Tem-se assim cinco pontos que se articulam em torno do um
original, num fenômeno de simetria. Por essa razão o um era considerado
como equilibrado e completo.
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Com relação ao primeiro “casal” de opostos podemos acrescentar um
segundo, que é o do Um (ímpar) com o quatro (par), na medida em que
Pitágoras sempre afirmou que a tétrade era a própria figura da perfeição.
Para compreender esta afirmação, é necessário saber que a tétrade é
essencialmente compreendida no plano metafísico no qual ela designa a
completude de todas as possibilidades de existência ou, dito de outro
modo, a estrutura da manifestação do Um no universo sensível.
Na medida em que as imagens são "expressão de um obscuro estado das coisas, suspeitado, mas ainda não desconhecido", podem ser denominadas simbólicas, segundo o conceito de simbólico proposto por C. G. Jung. Por conseguinte, enquanto operadores de ordenação e formadores de imagem nesse mundo simbólico, os arquétipos funcionam como o vínculo perdido entre as percepções sensórias e as ideias, sendo, em consequência, uma pressuposição que é inclusive necessária para o desenvolvimento de uma teoria científica da natureza.5 (Pauli, 1996, p. 280, tradução nossa)
Já a mentalidade moderna, ao contrário, tem a tendência de valorizar o par
que é simétrico por definição, divisível por dois (6 = 3 + 3), enquanto
que o ímpar é sempre desequilibrado (7 = 6 + 1 ou 5 + 2 ou 4 + 3).
Segundo os comentários de Teão de Esmirna, um é o ponto do partida do qual tudo é gerado, o dois corresponde à linha, o três à superfície e o quatro ao volume
No plano da psicologia das profundezas, C.G. Jung
retomou essas intuições pitagóricas em sua utilização do quaternário,
ao afirmar que traduz a manifestação da unidade primordial. Ele se
apóia, nessa firmação, sobre o axioma alquímico de Maria Profetisa: “O um torna-se dois, o dois torna-se três e do terceiro nasce o um como o quatro”.
Nos dois casos estamos diante de uma conjunção de opostos, ainda se
levarmos em conta que em todos os sistemas simbólicos conhecidos, da
China às Américas, o ímpar é tradicionalmente masculino e o par,
feminino.
que engloba definitivamente e recapitula as três outras figuras. Pelo
fato de gerar as categorias metafísicas das coisas, o um é assim
perfeito; e porque essas categorias estão todas compreendidas no quatro,
torna este número perfeito enquanto manifestação do Um.
O conteúdo apresentado a partir de diferentes verbetes extraídos de:
Encyclopédie des Symboles, sous la direction de Michel Cazenave, France, la Pachothèque, 1996,
ed. original Knaurs Lexikon der Symbole, de Hans Biedermann, München, Ed. Garzanti, 1989.
As fontes das ilustrações reproduzidas aparecem nas respectivas legendas.
ed. original Knaurs Lexikon der Symbole, de Hans Biedermann, München, Ed. Garzanti, 1989.
As fontes das ilustrações reproduzidas aparecem nas respectivas legendas.
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